XIV

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[dia 14]
• Marília Dias Mendonça •

— Vamos jogar um jogo? – Maiara pediu, chamando minha atenção toda pra ela.

Já eram quase duas da madrugada. Eu não estava com sono nenhum, muito pelo contrário, parecia ter tomado uma garrafa de energético direto na veia. Maiara estava escorada no sofá, com os olhos pequenininhos, ela sim estava sonolenta, não poderia julgar afinal eu quem tirei ela de seu sono profundo só para vir me ver.

— Vamos, mas com uma condição.

— Qual? – ela estreitou os olhos.

— Bebe mais uma garrafa comigo? – pedi fazendo beicinho.

— Amor, você já bebeu demais! – ela me repreendeu. – Eu preciso de você sóbria amanhã, sabia?

— Amanhã? Porque?

— A minha cirurgia é amanhã, você é minha acompanhante.

Pisquei meus olhos lentamente, surpresa com aquilo.

— E você achou uma boa idéia me dizer isso só agora?

— Você não me deu chance de dizer antes! Já está marcada há dois dias.

— É sério que você quer que eu vá? – perguntei, meio desconfiada mas sem querer citar o nome da amiga dela, a outra acompanhante.

— Sim, porque não? Você que é minha mulher. Ou não quer ir?

— Quero! – respondi rápido, ela me olhou com um sorrisinho. – Claro que quero. Obrigada por ter pensado em mim.

— Esse lugar é seu, só seu. – ela me deu um beijo na ponta do nariz.

— Você já contou sobre a cirurgia para a Maraisa?

Maiara abriu um sorriso amarelo, negando em seguida. Estreitei meus olhos em desaprovação.

— Ela nem sabe de nada ainda?

— Não, eu não quero que ela fique preocupada. – ela disse dando os ombros, sem dar muita importância.

— Você e essa sua mania de ficar escondendo as coisas! Ela é sua gêmea, precisa saber.

— Quando tudo ocorrer bem, no pós operatório eu conto.

— Ela vai surtar, Maiara. É uma péssima idéia.

— Relaxa, não se preocupa com isso agora. Talvez eu conte amanhã, mas não garanto nada. De qualquer forma, assim que eu sair da sala de cirurgia você tem permissão para contar.

— E você joga essa bomba pra mim? Eu que tenho que contar, pra ela vir brigar comigo?

— Esquece isso. – ela disse tentando encerrar o assunto. – O jogo, lembra? Ainda quer jogar?

Revirei os olhos mas concordei. Me levantei, e mesmo sem ela ter concordado, peguei uma garrafa de gin.

— Alcoólatra. – ela brincou me vendo voltar com o bebida e dois copos de shoots.

Me sentei, dessa vez de frente para ela, cruzando perninhas de índio e ela fez o mesmo.

— Se chama "quem e mais provável", eu vou ler algumas perguntas e vamos apontar quem tem mais chances de fazer o que.

Ela explicou, alçando seu celular encima da mesinha de centro.

— Se responder errado, vira uma dose. – acrescentei, ela concordou.

— Preparada? – perguntou, eu assenti, ela abriu o bloco de notas e começou a ler. – Quem é mais provável de ser preso?

— Eu. – respondi de imediato.

Não era pra ser assim - MAIARA E MARÍLIA Where stories live. Discover now