XII

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[dia 12]
• Marília Dias Mendonça •

Infelizmente, acordei. Minha cabeça doía, meu rosto estava inchado pelo choro da noite anterior, meu estômago gritava por socorro e só aí eu me lembrei que não havia comido absolutamente nada durante todo o dia! O maior defeito que eu tinha, era só ficar triste que eu simplesmente esquecia que precisava comer.

Desci as escadas e fui em direção a cozinha, preparei um misto quente e me sentei à mesa, começando a comer. Pela primeira vez naquele dia, eu me lembrei de Maiara. A essa altura ela já sabia do resultado, já sabia se tinha uma cura ou não, e mesmo que eu estivesse explodindo de curiosidade, não iria dar o braço a torcer, não iria deixa-la se aproximar.

Claro que havia pensado na possibilidade do resultado ser negativo, e eu estava ali perdendo o restinho de tempo que tínhamos, com raiva dela, mas não conseguia evitar. Não conseguia mandar uma mensagem perguntando como estava, qual havia sido a palavra final, não quando ela deixava claro que não era eu quem ela queria do lado dela. Não era eu quem ela deixava consola-la.

Peguei meu celular, ignorando todas as mensagens e ligações perdidas dela. Entrei no chat da Luísa e iniciei uma ligação de vídeo.

Mulher! Você sumiu! – ela disse assim que atendeu. Eu dei uma risadinha tentando disfarçar minha cara melancólica.

— Tava me iludindo mais uma vez com a Maiara. – dei os ombros.

— O que houve dessa vez?

— Nada de mais. – levantei minha mão jogando meus cabelos para trás e respirando fundo.

— Espera aí! – ela gritou. – Isso aí é uma aliança de noivado? – perguntou empolgada, eu abri um sorriso concordando.

— Sim, é. Maiara e eu estamos noivas, mas isso não é algo muito conveniente no momento.

— Noivas e brigadas?!

— Sim. Não estamos nos falando. Por isso... eu queria dar uma festinha essa noite, só para me distrair, sabe? – eu disse lentamente, sabia que de qualquer forma ela iria topar.

— Claro, claro! Eu chamo o pessoal. Onde vai ser?

— Te mando a localização. Estou na fazenda flor-de-lis, você sabe onde é, não sabe?

— Sei sim. Pode ser às oito?

— Pode. Olha bem quem você vai convidar viu?

— Tá bem. Só vou chamar nossos amigos.

— Tchau, Lu. Vou ver se consigo ir na cidade comprar algumas coisinhas de decoração. Nos vemos a noite.

— Certo. Beijo, Lila.

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A primeira a chegar foi Luísa. Bem antes das oito da noite, eu estava terminando de me arrumar, coloquei um vestido vermelho justo com uma fenda na lateral e um salto preto. Fiz uma maquiagem leve e carreguei no batom, colocando um da mesma cor do vestido.

— Uma pena que a Maiara não vai ver essa produção toda. – ela disse, deitada na cama me observando.

— Não quero nem ouvir o nome dela de tanta raiva. – respondi revirando os olhos.

Não era pra ser assim - MAIARA E MARÍLIA Where stories live. Discover now