{Pessoa errada pra você}

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• Marília Dias Mendonça •

Meu coração deu um salto tão grande que eu senti ele chegando lá na boca. Bati com a mão livre na cabeça, e fechei meus olhos com força. Parei de me debater e segui, dessa vez em silêncio, ela me levou até uma saída de emergência que deu exatamente no estacionamento. A luz era baixa e o barulho era muito alto, e pra piorar, era Maiara quem estava ali na minha frente, com uma jaqueta de couro e os cabelos jogados para um só lado, prontinha para me infartar.

Ela parou, me encostou na parede e sem dizer nada se aproximou o suficiente para que eu sentisse a respiração dela batendo na minha bochecha. Fechei meus olhos com força ainda sem acreditar que aquilo estava sendo real. A boca dela estava a um centímetro longe da minha, e a um milésimo de segundo para nos beijarmos. Mas eu pensei rápido, virando meu rosto e fazendo a boca dela encostar na minha bochecha.

- Me larga. Por favor. - pedi, dessa vez baixinho.

Ela fez o que eu pedi, mas não se afastou, continuou ali na minha frente, me incendiando com o cheiro do seu carolina herrera. Mesmo que a iluminação fosse ruim eu conseguia notar o quanto ela estava bonita com uma maquiagem simples, um sorriso nos lábios e um olhar marcante. Céus, como eu queria resistir a ela, mas era tão difícil ver tão de pertinho e manter a sã consciência.

- Você tá linda, como sempre. - sussurrou dando um beijo no meu pescoço. - O tempo te fez tão bem.

- Cê também tá. - respondi fechando meus olhos e respirando fundo, disfarçando só pra sentir mais do seu cheirinho.

- Sem comparações! Aiii, Marília. Você me encanta de uma forma que... - ela deu um sorriso perdido. - Não sei nem te explicar.

Respirei fundo tentando profundamente não cair nos encantos dela.

- Seu cabelo ficou incrível. Combinou com seus olhos. - ela continuou dizendo, me fazendo amolecer.

- Mai... - falei de olhos fechados tentando juntar forças para afasta-la. - Eu preciso voltar pra lá. - murmurei, ela me encarou e revirou os olhos.

- Pra onde? Para os braços do seu "amiguinho"? - perguntou sarcástica, se afastando minimamente.

- Eu não te devo satisfações, sabia? - ela deu os ombros sem dar importância.

- Não quero que você vá. Não quero que volte para ele. - aquilo não foi um pedido. A voz dela soou autoritária, e mesmo que eu amasse quando ela usava aquele tom de voz, ela só fez foi me irritar.

- Você não tem que querer nada. Não temos nada, Maiara, você não pode dar opinião.

- Você não vai! - ela disse me dando um aperto na cintura e colando o corpo no meu.

Não era justo comigo e muito menos com Henrique, que estava lá me esperando. Juntei minhas duas mãos nos ombros dela e a empurrei.

- Não me toca. Me deixa ir, por favor. - pedi.

- O que eu preciso fazer pra ter você de volta?

Pisquei algumas vezes atônita.

- O que?

- Você me escutou.

Não era pra ser assim - MAIARA E MARÍLIA Where stories live. Discover now