10. Nenhum lugar é seguro

39 7 29
                                    

Na Torre de Ravnos, o Rei Thalanil Ravenspar ouviu pela metade a voz ofegante e lisonjeira de Lorde Reluvethel Ervyre, seu conselheiro de longa data do norte, tagarelando sobre os rendimentos das colheitas.

A quantidade total de alimentos produzidos ainda era boa, mas o crescimento excessivo estava lentamente consumindo terras aráveis.

O olhar de Thalanil foi para as portas de vidro que levam para a varanda que contorna a borda externa da torre. A luz do sol irradiava através das cortinas transparentes. Ele podia sentir seu calor.

Acenou para ele.

Pois Liam estava lá fora.

Mas ele estava preso aqui.

— O uso da poeira vermelha manteve a floresta afastada, mas também eventualmente drena a vida dos campos, o que causa perda de safra e, — continuou Lorde Ervyre, — essa infertilidade se espalhou cada vez mais até que alguns campos não estão produzindo nada. É bastante--

— Qual é a solução, Lorde Ervyre? — Thalanil interrompeu. — Isso não é nada novo. Contar-me sobre algo que já sei não é útil. Eu preciso de soluções. Você é um dos meus conselheiros. O que você aconselha?

Seu conselheiro piscou os olhos vermelhos para ele em alguma confusão. Desviado de sua linha de pensamento, ele não poderia pular facilmente para o próximo assunto.

Ele remexeu seus papéis sem jeito enquanto procurava a parte 'solução' de seu relatório. Os outros lordes e damas na mesa redonda desviaram o olhar de lorde Ervyre, constrangidos.

Thalanil soltou um assobio. Ele deveria ter simplesmente deixado Lorde Ervyre falar monotonamente até chegar à solução.

Agora demoraria o mesmo para ele descobrir, mas ele também estava com vergonha. O desejo de Thalanil de encerrar o dia pode ter prolongado esse encontro tortuoso. 

Liam estava na cidade hoje com Lord Camrys. Thalanil ansiava por estar lá com seu filho. Ele queria mostrar a Liam cada centímetro de Aymar, assistir seu filho descobrir as belezas e maravilhas lá, vê-lo aprendendo a língua e amando as pessoas como as pessoas o amavam de volta. 

Ele não deveria estar surpreso com o quanto ele queria estar com Liam. Seu filho era... seu filho. Mas havia muitos pais que não se importavam em ficar com os filhos. Os seus nunca realmente tiveram tempo para ele, favorecendo Marikoth.

Thalanil não o culpou por isso. Ele tinha favorecido o próprio Marikoth naquela época. Além disso, ele tinha o amor de sua mãe. Ele tinha sido seu favorito e ela, ele sempre pensou, era um pouco mais interessante do que seu pai, então ele sentiu que tinha conseguido o melhor negócio.

Liam é tão parecido com a mãe. Gentil, corajoso e interessado em tudo, Thalanil pensou com um sorriso. Esse sorriso diminuiu um pouco. Mesmo sobre coisas - ou especialmente sobre coisas - que ele não deveria ser, como Magia da Morte.

— Se outra pessoa quiser dar seu relatório enquanto Lorde Ervyre procura essa informação, tenho certeza de que todos ficaríamos gratos, — disse Thalanil, mas manteve o tom gentil.

Lord Elidyr Paquen, um líder nos estados centrais que estava ansioso para sustentar sua própria posição em todos os momentos, congelou enquanto lia algo em uma página. — Eu tenho algo para relatar. Mas não é nas plantações. É sobre o seu filho.

Foi a vez de Thalanil ficar imóvel. O que o odioso Paquen queria dizer sobre Liam? Mas ele se controlou como sempre.

— Bem, posso dizer que todos estamos ansiosos para conhecê-lo, — disse Lord Paquen enquanto examinava a nota.

Cinders and Ashes  - ziamWhere stories live. Discover now