11. O olho do corvo

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Liam flutuou logo abaixo da superfície da consciência. Ele balançava como uma água-viva, subindo e descendo nas ondas de sua mente.

Ele pensou ter ouvido o bater de asas de vez em quando.

Ambos eram assombrosos e reconfortantes.

Você fez bem, disse a voz que era e não era a dele. Foi o corvo. — Eu admito... estou impressionado.
Impressionado?

Porque eu matei? Liam perguntou. — Tentei acalmá-los como fiz com o da aldeia, mas eles não quiseram me ouvir.

Eles precisavam de você para agir. Por muito tempo o mundo esteve desequilibrado, o corvo disse a ele. Agora, passos precisavam ser dados.

Para matar todos eles? — Liam chorou.

A morte faz parte da vida. Uma parte necessária, disse o corvo. Você é essa morte. A personificação da morte. A morte é escolhida.

Liam podia ouvir a letra maiúscula na palavra — Escolhido. O que? Não entendo!

Esses poderes que você carrega vêm dos deuses, Liam. Bem, um deus. De mim, disse o corvo.

— Você é um deus?

Houve um grasnido de aborrecimento. — Venha agora! Certamente você adivinhou quando Marikoth desmoronou.

Liam ouviu o sussurro de asas e pensou no corvo que Marikoth tanto temia.— Marikoth pensava que era seu Escolhido, não é?

Ele presumiu muito. Ele foi exilado, não escolhido. Um não significa o outro, disse o corvo. 

Ele mataria ansiosamente por você. Traria a morte para o mundo, disse Liam.

Sim, ele faria, mas nem toda morte é equilíbrio, é?

Não, é. Então, o que o faz? — Liam disse.

Mas o corvo não respondeu. Em vez disso, Liam se levantou com uma onda de consciência e ouviu outras vozes. De seu pai. De Ryleth. 

— ...não há nada que eu possa fazer. Meu entendimento da Magia da
Morte é rudimentar, porque sua família proibiu todas as pesquisas sobre ela! — Ryleth parecia tenso.

— Você me culpa pela condição do meu filho?! — Seu pai parecia ofendido e assustado.

— Não, não, só... eu não sei como ajudá-lo. Se alguém o fizer, estará na sua família, Rei Thalanil. Sua é a linha que os produziu, — Ryleth suavizou seu tom. — Certamente, há alguém em sua família que sabe sobre Magia da Morte.

Seu pai ficou em silêncio por longos momentos. Liam pensou que tinha afundado mais profundamente na inconsciência novamente e os perdeu. Mas não. Seu pai estava apenas pensando.

— Meu pai deve saber, — a voz de Thalanil soou grossa. — Ele amava Marikoth mais do que ninguém, perdendo apenas para nossa mãe. Ele teria pesquisado tudo.

— Ele não está... no exílio? — Perguntou Ryleth.

— Sim, ele nem aceita comunicações via Luminus. Devo ir lá pessoalmente, — disse o pai. — Mas eu não quero deixar Liam.

— Eu vou ficar com ele. Todo momento. Eu acho que ele está apenas dormindo como da última vez que usou muito de sua magia, — ela disse. — Ele provavelmente vai acordar normalmente. Mas isso não significa que não precisamos de respostas rapidamente. Seus poderes estão crescendo.

— Sim, mas agora todos sabem o que ele é, — entoou Thalanil. — E eles conhecem a profecia de que um Mago da Morte destruirá o Império.

— Você sabe que isso não é verdade, — disse Ryleth. — É preconceito e medo, puro e simples.

— Meu pai não achava isso.

— Ele não matou Marikoth. Ele o exilou. Então, talvez ele não tivesse tanta certeza, — Ryleth apontou.

Seu pai ficou em silêncio novamente, mas então ele disse: — Enquanto eu estiver fora, se você precisar de ajuda, procure Lady Beinelis. Ela é minha maior apoiadora. Ela o ajudará a manter Liam seguro.

— Eu protegerei seu filho com minha vida, — Ryleth prometeu.

— Eu vejo porque Liam gosta de você, confia em você, — seu pai murmurou.

—  Eu não estou com medo. E você também não deveria estar. — Ele a imaginou levantando uma sobrancelha para seu pai.

— Eu não tenho medo dele. Tenho medo por ele, — respondeu o pai. Ele sentiu os lábios de seu pai pressionados levemente contra sua testa. — Eu te amo, Liam. Voltarei com as respostas de que você precisa.

Com as últimas palavras de seu pai, Liam mergulhou de volta na inconsciência. Ele cavalgou as ondas escuras e descansou.

Mas então houve uma luz. Como no fim de um túnel. Liam nadou em sua direção. Ele percebeu que não era apenas luz. Foi uma imagem. Uma imagem em movimento como a que ele vira no Luminus, mas não era isso. 

O Olho do Corvo... isso é o que é! Alguém que amo está em perigo!

Ele estava tendo uma visão de olhos de águia do Castelo Reave. Ele mergulhou lentamente em direção à entrada de porta dupla. Ele voou para dentro do castelo e então desceu escada após escada até chegar à base do castelo na rocha.

Ele disparou pelo corredor até chegar ao último lance de escadas.
Havia um portão ali.

Um portão aberto. E os mortos-vivos estavam cambaleando para fora disso.

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Aee acabou o livro 3 agora vamos pro 4 falta mais 2 livros pra acabar :P

Cinders and Ashes  - ziamWhere stories live. Discover now