CAPÍTULO 7

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- Aonde eu devo ajudar?

Lee olhou para Bill e depois para mim com olhos regalados como se eu fosse um fantasma, e somente apontou:

- Ali!

Ninguém entendeu nada, mas ouvi Bill dizendo horas depois para Lee:

- Ele bate o martelo igual ele, olha só o afinco;

- Realmente parece Noé construindo a arca, dizia Lee rindo.

Bill levantou as sobrancelhas e murmurou:

- Se eu não tivesse visto o enterro, eu diria...

- Mas vimos Bill, infelizmente nós vimos aquele funeral.

- Eu sei... eu sei... eu sei... esfregava as mãos no cabelo, começando a cabeça de Bill ferver com as coincidências da vida.

Foi uma noite estranha, ver aquele policial ali trabalhando sem parar até de madrugada mexeu com o psicológico de Bill.

E assim aconteceu todas as noites, sempre ele era o último a chegar e só saia de madrugada junto com Bill e Lee, ele fazia de tudo, não abria boca para falar nada, enquanto todos descansavam ou lanchavam ele ficava lá sozinho trabalhando, mas nunca parava.

Quatro semanas se passaram, todos os dias sem parar todos empenharam na construção daquela casa. Ficou uma casa lindíssima de cinco quartos, e três banheiros dentro de casa com parte hidráulica e até um para ela no quarto com banheira, a cozinha era enorme onde Bill e Lee fizeram uma mesa igual a que ela queria, com quatorze cadeiras, pois ela dizia que toda a família e amigos ali seriam bem-vindos, desde que trouxessem a comida, porque ela era péssima na cozinha, o coitado de Jack comeu muita comida queimada ou crua e nunca reclamou, mas após a gravidez todos sabiam que ela fez um curso intensivo com Abgail e Rose e outras mulheres da cidade e acabou fazendo maravilhas na cozinha, segundo ela seu bebe não poderia morrer de fome.

Hoje era domingo, um belo domingo de sol, todos seguindo para a igreja com suas famílias, Philip sabia que hoje iria ver aquela jovem viúva de perto novamente. Nunca mais ouviu sua voz, ou a viu de perto após aquela primeira passagem pela cidade de Hope Valle meses atrás, quando ela caiu em seus braços. Só de pensar naquele dia, ele já sentia o cheiro de lavanda que vinha dela.

Mas agora a casa estava pronta e seria entregue a ela após a celebração da palavra de Deus. Ele sabia que Abgail, havia feito lanches para todos, Bill seria o responsável por distraí-la e levá-la de carroça até sua nova casa... Isso se ele conseguisse retê-la, pois todos sabiam que ela sempre após a celebração corria e subia em seu cavalo sargento e seguia para sua casa, ela ainda andava de cavalo mesmo aos cinco meses de gravidez e toda aquela barriga.

Por vezes, Philip ficou de longe vendo Elizabeth subir em seu cavalo sargento. Era um belo animal, todo preto, uma pelagem muito bem cuidada e sempre brilhosa, tinha uma grande crina, era o cavalo de seu falecido marido, ele só tinha visto de longe, sempre que ele ia ao estábulo o cavalo não estava lá, pois muita vezes ela usava e o deixava no estábulo de um vizinho próximo à casa germinada para facilitar para ela. Essa mulher era uma verdadeira amazona, mesmo grávida e sendo mulher, ele percebeu pelo jeito de montar que ela muito boa e tinha uma sincronização com o animal que poderia invejar muitos cavaleiros experientes.

Durante o tempo que passaram na obra da construção da casa de Elizabeth, ele ouviu vários contos e fatos da vida dela, naquela cidade realmente o povo amava Jack Thorton e principalmente amavam Elizabeth Thorton, ele descobriu que Jack que ensinou a Elizabeth a cavalgar, que ela nunca havia subido em um animal antes, mas ninguém nunca poderia dizer que ela não nasceu em cima de um cavalo, até desmontá-lo com ele ainda andando como os mountie ele lhe ensinou e o mais incrível que ela aprendeu perfeitamente. Ficou sabendo de como ela havia chegado na cidade, a quão teimosa ela era, o quão persistente e como lutou na mina para ajudar suas amigas. Também ficou a par da confusão entre Rosemary Leveaux, quando essa moça chegou na cidade de Hope Valle atrás de seu noivo Jack, atrapalhando assim o namoro dele e de Elizabeth, ela veio atrás do noivo após terminar com ele dois anos atrás, nesse dia Philip olhou para Lee e teve de pedir desculpa, pois ele começou a ri e não conseguia para a noite toda. Ficou sabendo de como o casal enfrentou tudo por amor, casaram e tudo acabar em um acidente louco, acabando com a vida de Jack e o sonho deles de uma família feliz. Foi nesse tempo que Philip aproveitou e mandou um telegrama a seu superior comandante Collins questionando algumas coisas sobre essa jovem senhora Thorton...

"Como Jack sendo um bom policial, cheio de medalhas de honra, morto em serviço, honrando a farda; como até hoje sua viúva não havia recebido a pensão? Por que um mountie não foi bem preparado para dar a notícia de morte aquela jovem viúva? Quantas outras viúvas ou mães de mountie passaram por esse mesmo problema? Por que um policial sem treinamento nenhum para dar notícias como essas? Como ele foi designado para essa missão? E o que o quartel-general iria fazer por aquela mulher, que além de tudo esperava um filho do mountie Jack Thorton?"

Estávamos todos ocupados essas semanas atrás, eram muitos roubos, e cada vez aumentava mais, agora era três a cinco casas ou fazendas todos os dias; Bill e Philip e os jovens mountie todos em trabalho em toda região e ainda assim não conseguiam pegar, esta forma de roubos eram muito pessoais, pois os roubos eram todos ao mesmo tempo, e sempre dois a quatro bandidos em cada, tinha de ter um líder treinado, e esse líder parecia que queria colocar medo na cidade. Estavam todos cansados, porque além dos bandidos, comandar jovens mountie dava trabalho e tanto ele quanto Philip estavam com uma papelada acumulada que levaria dias para ser preenchida e resolvida, mas só de saber que conseguiram realizar o sonho de Elizabeth e que esse seria um motivo para vê-la sorrir, já deixava o coração de Philip mais leve.

EU ESTAREI AQUI (quando chama o coração )Where stories live. Discover now