Capítulo 16

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Durante todo dia e noite várias pessoas visitaram Elizabeth, ela nunca ficou sozinha ou sem uma palavra amiga, todos na cidade tiraram um minuto para ela, todos queriam que ela soubesse que era amada como amiga, irmã ou filha, eles a encheram de mimos. Na madrugada, Carson estava em sua mesa, pois pediu a todos para deixá-la descansar um pouco, quando Philip entrou e disse:

- Vou ficar ali naquela cama ao lado dela, só não quero que ela se sinta sozinha ou que não tem ninguém por ela.

- Você acha que isso é correto, as fofoqueiras...

E antes que Carson acabasse a frase, ele disse secamente.

- Eu não me importo com isso, no momento só me importo com esses dois, eles já sofreram muito e o que eu puder fazer para amenizar sua dor eu irei fazer, até mesmo lutar contra as fofoqueiras da cidade, além disso, essa mulher nunca fez nada de errado ela tem uma reputação impecável, e eu mesmo defenderei ela se precisar e acho que você também.

Carson sorriu, seus olhos apertando ouvindo aquilo, e ao ver que ele não iria desistir o que ele estava amando, somente falou:

- Ok Philip! Então eu vou subir um pouco para meu quarto e descansar um pouco. Qualquer coisa estou aqui em cima basta você gritar.

Mas tarde Elizabeth acordou com o som de vozes e quando virou viu na outra cama de enfermagem o Philip dormindo em baixo de uma coberta e ele estava tendo um pesadelo com algo que não parecia bom. Murmúrios sem nexos, as palavras saiam de sua boca, mas ela não conseguia entender nada, Ele parecia sofrer, sua testa tinha rugas e o suor escorria em sua face.

Philip sabia que algo estava errado, era aquele lugar de novo...

Eles batiam, chutavam e falava palavras bem ofensivas, seu corpo doía e seu rosto estava cheio de sangue.

- O que você viu enquanto saia dessa jaula? Você percebeu algo?

- Sim, temos uns dez homens aqui para nos agredir a vontade e eles se revezam como segurança local, pelo que falaram o restante está em batalha no campo. Aqui é só um cativeiro, um lugar para trazer os prisioneiros de guerra. Eles têm armas e facas. Mas são a maioria de traficante ou de várias gangues que se uniram para tomar o poder do crime. Capitão, há uma saída atrás do corredor dessa cela com um ou dois sentinelas.

- Eu reparei sargento. Vamos tentar sair após eles abrirem a cela da próxima vez, pois como não estão conseguindo as informações que querem, eles vão começar a matar um por um até alguém falar ou até acabar com todos nós.

Assim eles decidiram ficar todos quietos, eu fui e os desamarrei a todos, pois somente eu estava com as mãos libertas ali visto que ao me deixarem eles acharam que eu estava desmaiado e era o mais fraco que nem me amarraram, resolvemos ficar deitados ou sentados como doentes ou demonstrando muita dor para não chamar atenção. No outro dia, quando vieram buscar o capitão para a sessão tortura, os quatro bandidos foram imobilizados, sem uso de armas ou de muito barulho. Agora os quatro estavam amarrados e amordaçados com suas próprias roupas. Pegaram as armas deles, sendo que cada um tinha duas armas de fogo e uma faca ao menos. Saíram dessa cela, eu, o capitão, e mais três outros homens. Fomos para o corredor e para o fundo da cela e olhamos pelo buraco na porta, tinha três homens conversando, se contássemos com os que estavam na cela ainda faltava mais três homens, ou seja, teriam de ter muito cuidado, pois não tinham visto esses outros três e provavelmente estariam bem armados. Após pegar esses homens que estavam conversando e deixarmos eles amarrados e amordaçados, também levamos suas armas. Para a fuga ser bem sucedida teríamos que correr naquele terreno aberto e pegar um dos carros lá estacionados, o capitão sabia, como dirigi-lo, quanto a nós quatro só sabíamos andar de cavalo, então mais motivo de ficar todos juntos, de forma nenhuma podíamos nos separar. Corremos todos juntos, sempre nos ajudando, pois, todos estávamos muito feridos, inclusive o mais jovem de nós, que eu tomei sob minha proteção esse tempo de cela. O capitão ligou o carro com uma faca e seguimos pela estrada o mais depressa possível, não sabíamos para que lado ir, pois nem noção de onde estávamos nós tínhamos.

Os outros três homens, já estavam atrás de nós, tiros eram dados e trocado por todos nós, não podíamos gastar munição. Tínhamos que manter a mira. Foi quando eu acertei o pneu do carro deles, que o carro deles foi parando. Eles iriam vir atrás de nós, sim, mas teriam atrasos de alguns minutos trocando o pneu. O capitão corria o máximo que o carro permitia, as ruas eram de terra e péssimo estado, a noite chegava, quando nosso carro chegou em uma bifurcação que tinha quatro saídas, nenhuma placa para onde ir.

Philip sentiu uma mão acariciando seu cabelo, aquele cacho rebelde. Era uma sensação tão boa, sentiu como se seus dedos estivessem presos para dizer a verdade, seus dedos formigavam, uma voz suave cantava baixinho. Era tão reconfortante aquela sensação, seu corpo foi relaxando aos poucos e seus olhos tremerão, abrindo lentamente e encontrando os olhos azuis de Elizabeth bem perto dele a cantar. Quando ele levantou a mão, percebeu que eles estavam de mãos dadas e que ela continua a cantar como se nada estivesse acontecido. Ela não falou nada, me deu o espaço e o tempo que eu precisava para me recompor, foi quando eu disse bem baixinho:

- Eu sempre tenho pesadelos, são estranhos, tem uma guerra, tem soldados feridos, prisioneiros, tortura e uma mulher, mas eu não consigo ver o rosto dela somente seus olhos, sabe parece tudo tão real, mas cada dia esses pesadelos ficam piores e me consomem a força.

- Você já conversou com alguém? Não podemos guardar tudo sozinho, como te falei um dia, eu escutei Jack após ele voltar do território do Norte, sei que ele não me contou tudo, e agradeço muito porque eu já fiquei apavorada só de sabe um pouco, mas ouvi-lo me fez ter mais orgulho dele mas também fez muito bem para ele falar e desabafar com alguém, se você quiser pode me contar, mesmo que eu não entenda nada, sei ser uma boa ouvinte.

- Sabe Elizabeth, eu vim te fazer companhia para você não se sentir sozinha, ainda mais após o problema com sua família. E quanto a mim eu não saberia aonde começar a falar, afinal eu perdi minhas memórias tempos atrás em serviço. Não lembro de nada do meu passado, só sei que a família veio e disse quem eu era e pronto.

- Eu estou aqui. E colocou a cabeça no ombro dele. Quando percebeu, ele já tinha puxado ela para a cama e os dois deitados dormiam juntinhos, onde Philip adormeceu com a mão na barriga de Elizabeth.

EU ESTAREI AQUI (quando chama o coração )Donde viven las historias. Descúbrelo ahora