Capítulo 14

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Durante aquele resto de semana, Elizabeth descansou em casa, Molly e Rose assumiram a escola. Todos os dias, a toda hora Elizabeth recebia visitas, ninguém da cidade a deixava só, Philip notou que Henry e Bill agiam como um pai protetor com ela. As crianças da escola, com Carson, Lee e Henry Gowen, reformaram um berço o qual Jack Thorton havia feito para a irmãzinha de Robert, um aluno de Elizabeth, esse mesmo aluno que deu a ideia desse presente, todos sabiam que ela iria amar ter o berço de Jack para seu bebe, seria algo feito pelo pai dele, seu único presente. Era um belo trabalho, esse mountie Jack Thorton, era bem dotado, ele realmente fez um trabalho limpo e bem trabalhado naquele berço, foi pintado na cor branca, pois todos sabiam que o quarto teria mobílias brancas. No fim da tarde, quando Philip voltava de sua ronda, viu a algazarra das crianças nos degraus de Elizabeth, todos tomando lanches entre risadas, pelo visto eles foram entregar o presente... aquele lindo berço.

Quase todos os dias, Philip passava na casa de Elizabeth, seus hematomas já estava bem claro, ela estava alegre, seus olhos tinha uma alegria, uma luz que o fazia bem em ver. Outra coisa estranha, sempre que ele saía, ela dizia para ele... FIQUE SEGURO E VOLTE PARA MIM.

Essa frase sempre me deixava tremulo.

Os pesadelos de Philip, continuavam em menor escala, eles vinham e iam do nada, não fazia muito sentindo, mas muitas das vezes ele sentia cheiro de lavanda.

Ele resolveu simular seu desmaio, para acabar com as agressões, sabia que eles durante um tempo testariam se realmente ele estava desmaiado ou não. Ao fazer isso ele caiu ao chão, um tombo oco, uma representação tão perfeita que um ator teria orgulho, vários chutes caíram sob mim, mas consegui ficar sem nenhuma reação. E puxaram pelos braços e me arrastaram para cela, no momento eu não sabia onde começa meu braço ou terminava minhas pernas, todo o meu corpo doía de uma forma que eu nunca imaginei. Fui jogado na cela, sem dó, e cai e me mantive imóvel. Eles riam tanto de mim que nem lembraram de amarrar minhas mãos ao sair da cela.

O capitão levantou seus olhos, uma sobrancelha levantada, algo estava acontecendo ali. Os homens saíram rindo e dizendo que aquele ali era o mais fraco de todos e ainda dizer que um dia ele colocou os integrantes d gangue dos Tolliver na prisão, era uma piada, ele era um fracote.

Eu me alternava em ficar acordado e fingindo estar desmaiado, era como se eu estivesse num mundo paralelo, eu ouvia as vozes ali, mas não podia demonstrar nenhuma emoção ou ação, e para isso minha mente viajava ao longe, num campo verde nos vales entre duas montanhas, um lugar com flores-do-campo parecia áster branco e lilás por todo o vale, exalava cheiro de flores, eu estava num belo cavalo negro, olhava para o vale onde uma jovem, a mulher mais linda que já vi, estava lá, ela colhia flores e cantava Dani Boy. Era uma voz de anjo, o sol refletia em seus cabelos, ela parecia uma miragem ou seria um anjo. As minhas forças estão acabando, agora, sim, não consigo mais me segurar e dormiu profundamente. Eu acordei mais de vinte e quatro horas após, minha cabeça parecia que iria explodir, estava no mesmo lugar, um dos jovens da cela, sem a perna direita, morreu devido à perda de sangue e as agressões. Eles já tinham dado outra sessão de espancamento no capitão. Eu ainda estava dolorido de mais, mas a jovem veio por várias vezes me cuidar durante a noite, seu carinho, suas mãos suaves me tocando, colocando panos frios em minha pele para diminuir minha febre, sempre sorrindo e cantando baixinho, aqueles olhos azuis que me levavam a flutuar e me perder na profundidade de seu amor, ela me medicou e me cuidou." MAS COMO ELA ENTROU ALI? UMA MULHER TÃO LINDA, COMO ELES DEIXARAM-NA ENTRAR ALI E SEM LHE FAZER NENHUM MAL?"

Mais tarde os bandidos vieram e retiraram o corpo do rapaz que faleceu e ouviram as ordens de um deles mandando jogar na vala e colocar fogo, era incrível como o ser humano poderia ser tão mal, e não se importar com a vida de alguém ou a falta que ele faria a seus familiares, em silêncios todos os cinco ocupantes da cela fizeram uma oração para esse jovem.

Eu notei que o capitão estava acordado, rastejei até ele e conversei baixinho, afrouxei a corda que amarrava suas mãos, para que tentássemos fugir dali. Pelo que o capitão falou, hoje não teria outra sessão de espancamento porque já tinha acontecido. Mostrou a ele a água e o pão jogado no chão, que seria o alimento do dia, mas avisou para beber pouca água. Perguntei para o capitão sobre a moça, a linda jovem que me cuidou, mas ele me disse que eu estava delirando, que nenhum momento teve alguma mulher ali ou alguém para cuidar deles, e até mesmo se aparecesse uma mulher ali ele teria medo pela vida dela, esses homens não tem nada a perder e todos têm ficha criminal enorme, estupro para eles é tão normal quanto beber água. Mas você falou com alguém a noite toda e parte do dia, você ardia em febre, mas vi você agradecendo alguém por várias vezes. Quem é a jovem? É sua namorada ou noiva?

- Não, senhor, não sei quem é ela, mas era de uma beleza sem igual. Seu sorriso era tão contagiante e seu olhar tinha um amor tão verdadeiro, um brilho de vida e ela parecia tão real ao cuidar de mim dentro dessa cela, numa gentileza e cuidado enorme.

- Filho você estava delirando, dor e febre, exaustão pura, isso acontece com muitas pessoas, mas nossas situações a gente confunde realidade e sonhos. A vida se mistura, temos de ser forte.

Philip acordou, suava muito, precisava de um banho frio, ele não sabia o que estava acontecendo, porque sonhava com uma mulher, e como ele estava numa guerra, ou melhor, numa cela como prisioneiro, mas como ela tinha aqueles olhos azuis, aqueles olhos que tanto o intrigava era de Elizabeth. Ele pensou que o motivo dela estar em seus sonhos misturando tudo, e ainda complicando mais ainda sua noite, era porque estava muito próximo dela nesses últimos dias, se viam todos os dias, sempre levava seu café da manhã, sempre queria saber como ela estava ou bater um papo, aquela mulher sabia segurar ele com seu sorriso, ou melhor, com seus olhos azuis penetrantes, ou melhor, ainda com sua voz que parecia uma música em seus ouvidos, para dizer a verdade ela só a sua existência já o deixava feliz, e indo para seu banho resolveu ficar mais tempo ainda na água fria, agora mais ainda precisava e talvez Elizabeth lhe sairia dos pensamentos.

EU ESTAREI AQUI (quando chama o coração )Where stories live. Discover now