Dois jovens irmãos descobrem inesperadamente que Deuses do início da Criação do Universo desejam destruir as várias formas de vida das galáxias. A cada Universo duas Galáxias são consumidas e, agora, chegou a vez da Via Láctea.
Will descobre ser o...
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Já era quase meia-noite quando o sono bateu. Tentei mais uma vez procurar qualquer notícia sobre o desaparecimento da Galáxia de Andrômeda nos noticiários e na internet até que meus olhos se encheram de lágrimas pelo cansaço de várias horas de leitura.
Desliguei a TV e o computador e cai na cama. Antes de fechar meus olhos, refleti sobre o ocorrido no colégio, a galáxia desaparecida e sobre a falta de informações do fato na mídia. Nada, absolutamente nada fazia sentido.
Adormeci e não demorei a entrar em outro sonho esquisito.
No sonho, comecei a caminhar no meio das nuvens no céu subindo suas deformidades aleatórias como escadas. A subida foi rápida e o azul no horizonte cedeu lugar à escuridão do espaço que só não era total em razão das luzes das estrelas que cintilavam. Agora subia a escadaria formada por nebulosas. Eu subia lentamente, mas alguns astros passavam por mim rápido demais, cada passo que dava devia significar uma viagem de milhares de anos-luz, as estrelas deixavam rastros de energias que formavam várias linhas.
Passei por um grande portal que lembrava ou até poderia ser a Nebulosa da Águia, que por ser uma área grande de formação de estrelas passou a ser chamada de "Pilares da Criação" pelas colunas lembrando estalagmites brotando do chão de uma caverna, localizada na constelação de serpente.
A beleza de tudo aumentava os meus sentidos e entorpecia minha mente criando várias contradições e quebras de conceitos.
Do outro lado do portal várias construções formavam um caminho até uma majestosa construção no topo. Seria isso uma representação do Monte Olimpo que os gregos criaram em suas histórias mitológicas retratando os Deuses?
Inicialmente as construções não pareciam em nada com qualquer material de obra utilizado na Terra e nem pelos gregos ao retratarem o Olimpo. As construções tinham pilares, mas reluziam como brilho de um diamante ao refletir a luz. Eram inúmeros pontos luminosos que formavam as estruturas, às vezes as luzes oscilavam entre azul, branco e amarelo. Pensando bem, até que de perto lembravam um pouco das construções gregas mesmo, só que feitas mescladas de ouro e diamante talvez.
Segui pelo caminho até chegar ao palácio no topo. Comparado com minha altura como referência, ele deveria ter uns cinquenta metros de altura. Dentro, um enorme salão com seu piso apresentando uma imagem em 3D de uma galáxia em espiral. No teto várias estrelas gigantes em tamanho e brilho cercadas por planetas. Cada estrela semelhante ao nosso sol e seus planetas eram divididos como se cada sistema fosse separado um do outro pela grande distância entre eles através de hexágonos em encaixes perfeitos formando a cúpula, uma grande colmeia de sistemas planetários. Pela Magnitude da Cúpula deveriam ter milhares de Hexágonos.
Em meio de vários, um planeta com brilho intenso dourado se destacava de todos os outros e me pareceu bem familiar, o sistema solar! Perfeitamente alinhado com o Sol os planetas Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
Alguns planetas como a Terra tinham um círculo dourado que os destacavam dos demais planetas. Cada Hexágono possuía de um a três planetas com o círculo, mas nenhum brilhava tanto quanto a Terra.
- Will Obéron Gala.
Uma voz feminina e afetuosa chamou meu nome. Olhei ao redor e não vi mais ninguém no salão, aliás, não consegui ver ninguém até chegar ali.
- Agora estamos unidos Will e você pode me ouvir.
- Quem é você? - minha pergunta saiu quase simultaneamente com a resposta que veio a minha mente. Tudo era tão familiar que eu me senti parte daquilo tudo, como se eu fosse criado a partir da voz que falava.
- Todos os planetas que você está vendo com círculo dourado se encontram nos seus respectivos sistemas solares da Via Láctea que está representada no piso. São planetas que apresentam as mais variadas formas de vida como a Terra.
- Por que estou aqui?
- Para conhecer o seu legado, a extensão de tudo que deve proteger. Todos estes planetas possuem vida e dependem de você.
- Como?
- A pergunta não está correta.
A voz transmitia uma paz interior incrível.
- Por quê?
- A Via Láctea é uma enorme fonte de energia e se for consumida fará com que tudo pereça. A energia deste complexo habita em você para formar a última defesa contra o mal que deseja destruí-lo.
- Que mal?
Ao fazer a pergunta uma forte luz surgiu e me cegou temporariamente. Quando voltei a enxergar não me encontrava mais no salão. Agora viajava num tubo de energia numa velocidade esmagadora. Às vezes via algumas imagens de estrelas e planetas retrocedendo até a origem de suas criações, um grande conjunto de poeira e explosões sem propagação de som em razão do vácuo do espaço. Eu estava voltando no tempo ou vendo um tipo de registro do início da criação da Via Láctea.
Cheguei num ponto que não dava para ver mais nada e a densidade do espaço parecia que iria me esmagar com a pressão que exercia no meu corpo. Fiquei imóvel. Os movimentos se congelaram. Por mais que tentasse não conseguia nem piscar.
- A vida nas galáxias é a perpetuação de um crime contra os Deuses - não dava para distinguir a voz, pois se alternava entre masculina e feminina na escuridão.
Tentei gritar, tentei me mover e nada.
- Insiste em iniciar um novo ciclo de criação? - a voz me atormentava de tal forma que passei a ficar desesperado.
A pressão do espaço negro aumentou ainda mais sobre mim, comprimindo como se quisesse me colocar dentro de uma forma de esfera minúscula.
- Isso não vai acabar assim - a ameaça que vinha da voz fez tremer meu corpo.
Uma forte energia se concentrou no meu abdômen e a vontade era de expulsar aquela pressão para bem longe. Quando finalmente consegui me libertar uma forte explosão de luz foi gerada e me repeliu, mas ainda consegui ouvir:
- Iremos atrás de você Guardião e acabaremos com sua vida e com todas as outras.
Acordei no meio da noite ofegante.
- Mais um sonho - falei sozinho ao me jogar na cama para tentar dormir de novo.
Finalmente apaguei e não sonhei com mais nada até acordar para ir ao colégio.
