Capítulo 25 - OS MORTOS QUEREM APRISIONAR O MEU IRMÃO.

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Acordei atordoada com um barulho que inicialmente achei ser de um despertador, mas logo identifiquei como um sino de igreja tocando.

Levantei com dificuldades e olhei para Aline que também levantava.

— Aline, você está bem? – perguntei enquanto servi de apoio para ela.

— Sim, eu acho.

Olhei para Alex, Ravi, Liu e Ryu que levantavam e vi mais adiante a... Keyla!

Corri para saber como ela e meu irmão estavam.

— Keyla, você está bem? – vi em seu olhar que não estava nada bem na mesma hora que perguntei.

— Onde está o Will? – Keyla olhava para todos os lados.

— Ele estava com você. O que aconteceu? Por que apagamos? Como veio parar aqui? – a bateria de perguntas deixou Keyla ainda mais ligada.

— O Deus Hipnos nos colocou para dormir – Keyla agora olhava para os outros animais sagrados.

— Onde está o meu irmão? – insisti.

— Voltamos da outra dimensão para que Will pudesse cumprir o pacto feito com Hades.

— Will fez pacto com o Hades? – fiquei perplexa.

— Will deveria enfrentar uma fera de Hades sozinho para que pudesse deixar o submundo com um dos animais de Hades. Ao voltarmos nos deparamos com vocês dormindo e quando me dei conta de que isso só poderia ter sido obra de Hipnos, não tive tempo de reagir e cai no sono que ele lançou.

— Onde o Will está? – uma sensação estranha apertou meu peito.

— Ele deve estar na entrada do submundo – Keyla respondeu pensativa.

— Keyla, então isso era parte do pacto que o Deus Hades impôs – Ravi deduziu.

— Sim, Will deveria enfrentar o desafio sozinho e Hades deve ter ordenado Hipnos a nos colocar em sono profundo para que não pudéssemos interferir – disse Keyla arregalando os olhos.

— Então ele venceu o desafio e nos despertou do sono de Hipnos – concluiu Ravi.

— Isso mesmo... e agora ele está totalmente vulnerável! – Keyla começou a me assustar.

— Como assim vulnerável? – Aline perguntou aflita.

— Will lutou com uma fera de Hades e como não está acostumado com viagens entre dimensões e os efeitos do submundo, deve ter ficado exausto e sem qualquer energia para sequer ficar de pé – Ravi também demonstrou preocupação.

— Temos que salvá-lo! – Keyla me agarrou e começou a me arrastar.

Os outros animais sagrados seguraram e arrastaram Aline e Alex.

— Dá para dizer o que está acontecendo? – gritei histérica.

— Seu irmão após vencer o desafio tocou o sino da entrada do submundo e isso nos despertou do sono imposto pelo Deus Hipnos. Isso significa que ele está vivo, mas sem nenhuma defesa. Assim, um único morto poderia levá-lo para o pior lugar do inferno – Keyla já corria.

— Existe um lugar que consegue ser pior do que o inferno? – questionei por não conseguir imaginar um lugar pior do que o inferno.

— Sim, um lugar que ninguém consegue escapar, a prisão onde muitos deuses estão presos. O Tártaro, uma prisão subterrânea tão abaixo de Hades como a Terra é para o céu. Caso seu irmão seja jogado lá será o fim de tudo.

Chocada, não consegui perguntar mais nada, apenas corria muito para salvar o meu irmão.

Atravessamos o muro das lamentações como uma flecha e no caminho nos deparamos com vários mortos com expressões alucinadas indo na direção da entrada do submundo. Achei muito estranho, pois quando chegamos os mortos não apresentavam nenhum tipo de expressão.

— O que é tudo isso? – perguntei para Keyla.

— Eles sabem que alguém importante está impotente e pretendem levá-lo para o Tártaro como forma de ganhar benefícios junto aos deuses menores.

A explicação de Keyla só me fez ficar ainda mais nervosa.

Ao chegarmos ao portão da entrada do submundo, avistamos o sino e um monte de destroços espalhados pelo chão. Achamos melhor nos separar para procurarmos o meu irmão e nada. Até que Ryu gritou.

— Aqui! Venham todos para cá.

Ryu tinha encontrado várias pegadas e um rastro contínuo como se uma pessoa fosse arrastada.

— Meu irmão! – sai correndo acompanhando o rastro sem pensar em mais nada.

Todos dispararam me seguindo.

Como mortos que andavam tão lentamente conseguiram arrastar o meu irmão tão rápido?

Seguindo o rastro nos deparamos com uma entrada para uma caverna e ouvimos os sons produzidos pelos mortos, lembravam os barulhos dos zumbis de filmes de terror.

Finalmente encontramos o meu irmão sendo arrastado por dois zumbis brutamontes e assustadores. Quando avançamos, vários outros mortos criaram uma barreira bloqueando nossa passagem. Os animais sagrados imediatamente tomaram posição de luta e afastaram os mortos do caminho, porém meu irmão havia desaparecido outra vez.

A caverna agora se dividia em várias ramificações e nós não tivemos alternativa a não ser nos separarmos. Da esquerda para direita a ordem foi a seguinte: Ravi e Aline, pois ela não tinha poderes; Keyla com Alex, porque também não tinha poderes; Liu; Ryu; e eu tive que entrar sozinha em uma divisão da caverna por ter poderes que nem sabia usar direito.

Eu corri desenfreada procurando o meu irmão e nem me dei conta que não havia mais luz na caverna e que tudo era puro breu. Fiquei com muito medo, mas a preocupação em proteger o meu irmão foi determinante para não me fazer desistir.

Cheguei a bater várias vezes nas paredes, até que senti uma energia diferente dentro de mim. Tentei me concentrar e fazer com que a energia que estava sentindo se dirigisse para minhas mãos e elas começaram a brilhar iluminando o caminho a minha frente.

Depois de um tempo vi meu irmão sendo arrastado pelos mortos e gritei para pararem. Eles me ignoraram. Queimando de raiva disparei duas bolas de energia que acertaram em cheio os dois mortos que caíram num abismo negro sem fim. Meu irmão ficou bem próximo do abismo estático no chão.

Cheguei a pensar que ele havia morrido porque não se mexia. Eu o abracei com toda minha força e disse:

— Mano não morra, eu te amo! Fique comigo mano!

A energia que saia pelas minhas mãos começou a percorrer e a entrar no corpo do meu irmão.

— Você é mesmo minha protetora – disse meu irmão sussurrando ao meu ouvido.

Fiquei ali com ele um pouco até que os outros nos acharam.

— Sofia, Will, vocês estão bem? – perguntou Keyla.

— Sim, estamos. Por favor! Ajudem a levantar o meu irmão – pedi porque me sentia um pouco fraca.

— Vocês quase caíram no buraco para a entrada do Tártaro – disse Lyu.

— Você foi muito corajosa – disse Ravi rosnando como sempre.

— Vamos sair logo daqui – Ryu segurava meu irmão de um lado enquanto eu não saia do outro. Aline também o ajudava.

Os animais sagradosiluminaram o caminho até sairmos da caverna sinistra. Com certeza não iriaquerer entrar numa caverna tão cedo depois desta experiência.    


O Guardião da Galáxia e a Lenda de Pan KuOnde histórias criam vida. Descubra agora