Capítulo 29 - A DISTORÇÃO DO TEMPO E ESPAÇO.

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Sofia e Aline ficaram tão fissuradas no pulguento que nem prestaram atenção no que Keyla passou a falar, ao menos não no início da explicação.

— Agora você vai me dizer que mesmo passando várias horas no submundo ainda temos tempo de ir para China? – minha pergunta soou como descrença.

— Sim, ainda temos muito tempo – Keyla fixou profundamente seu olhar no meu, talvez tentando um jeito mais simples de explicar o inexplicável outra vez.

Como sempre, o ciúme da Aline a trouxe de volta do transe que o pulguento havia infligido. Quis saber por que Keyla olhava fixamente para mim. Como ela poderia imaginar que teria algum clima neste tipo de circunstância? Coisa de garota mesmo.

— Will, os seres humanos não conhecem nem a décima parte das leis do universo. Ainda estão engatinhando quando o assunto é o universo ou universos múltiplos.

— Sim, esta parte vocês já mencionaram... – antes que pudesse continuar, fui interrompido por Keyla.

— Porém não mencionamos como funciona a variação do tempo e espaço quando mudamos de dimensões ou universos.

— Tempo é tempo em qualquer lugar do mundo... não é? – minha hesitação comprovava que nada que havia aprendido estava totalmente correto. Alias, muito do que passamos a conviver deixariam os físicos completamente perdidos.

— O tempo sofre distorções em virtude do espaço. Você já ouviu falar da velocidade da luz?

— Sim, já estudei isso nas minhas aulas de física. A velocidade da luz é de quase 300.000 quilômetros por segundo.

­— Isso mesmo! Agora me responda o seguinte: A Terra fica estática ou em movimento?

— Em movimento, a Terra está sempre em movimento. Temos a rotação em que a Terra gira em torno do seu próprio eixo e a translação quando gira ao redor do sol.

— Você sabe a velocidade que os humanos "viajam" na Terra?

— Nós ficamos parados, não é? – minha perplexidade ao perguntar era proporcional ao desconforto que as respostas dos animais sagrados causavam.

— Esta é a impressão em virtude da força da gravidade, mas na verdade, vocês viajam no universo a uma velocidade aproximada de 107.000 Km/h com relação à translação e 1.700 km/h com relação à rotação. A velocidade da translação é de quase 10% da velocidade da luz e vocês não sentem esta velocidade, a não ser que olhem para um referencial no céu. Isso mostra ser possível viajar além dos limites desta velocidade.

— Tudo bem... não estou entendendo nada para variar – tentei fazer com que Keyla fosse mais clara.

— Os humanos acreditam que é possível viajar na velocidade da luz? – pronto! Baixou o espírito de professora em Keyla.

— Sim. Porém, segundo algumas teorias, quem fosse viajar na velocidade da luz pelo espaço não iria voltar para a Terra na mesma época, pois o tempo contaria de forma diferente para quem viaja na velocidade da luz e quem fica na Terra.

— Na verdade o tempo no universo de vocês vai sofrer uma pequena distorção em função do espaço por estarem no mesmo plano dimensional, ou seja, o tempo do viajante que se desloca na velocidade da luz é o mesmo tempo de quem permanece na Terra. Em outras palavras, neste universo quando você se desloca na velocidade da luz, faz com que o tempo fique mais lento.

— Espera um pouco aí! Você pode ser um pouco mais clara? – meu cérebro deu um nó.

— Ao viajarmos no universo na velocidade da luz, isso não fará com que a velocidade de rotação e translação da Terra aumente, certo? Muito pelo contrário, com relação a quem se desloca na velocidade da luz o tempo na Terra vai parecer andar muito mais lento, pois a velocidade da luz do viajante não gera qualquer efeito ou impacto na velocidade constante da Terra.

— Continuo sem entender nada.

— Quando se diz que a viagem levaria oito anos luz se quer dizer que percorreríamos 1.080.000.000 Km/h. Assim, quando os cientistas do seu planeta levaram em consideração se viajar na velocidade da luz, fizeram os cálculos usando o tempo normal da Terra baseado em segundos, minutos e horas. Devem ter comparado a distância que alguém percorreria na velocidade da luz e o tempo terrestre com a velocidade normal que levaríamos para cobrir a mesma distância com o mesmo tempo normal terrestre.

— Ok Keyla! Isso quer dizer... – fiz gesto com a mão para que continuasse.

— Nesta linha de raciocínio, entendeu-se que viajar na velocidade da luz faria com que o tempo corresse diferente para o viajante e para quem permanecesse na Terra, pois se fosse utilizada uma velocidade baixa para percorrer a mesma distância do viajante se levaria vários anos, milhares de anos. Logo, se o viajante voltasse para a Terra, provavelmente chegaria num tempo muito mais avançado. Contudo, tal afirmação não levou em consideração que a contagem de tempo se baseou no mesmo sistema terrestre, ou seja, segundos, minutos e horas, esquecendo que tempo e espaço podem ser diferentes.

Aquela altura da explicação não era apenas o meu cérebro que havia dado um nó, pois olhando para minha irmã, Aline e Alex dava para saber que estavam tão confusos quanto eu. Mesmo assim, Keyla continuou:

— Nesta perspectiva, o tempo não se acelera, ele se congela. Seria como num buraco negro onde o tempo praticamente não existe, pois a velocidade do buraco negro é muito superior à velocidade da luz, fazendo com que nem mesmo ela venha a sair do seu interior. Suponhamos que um relógio entrasse no buraco negro e resistisse à força gravídica extrema, o tempo nele simplesmente iria parar.

— Resumindo para saber se entendi direito. Quanto maior for a velocidade, mais lento o tempo passa?

— Isso mesmo! Você entendeu bem. Lógico que isso funciona quando se está no mesmo plano dimensional. Quando mudamos de uma dimensão para outra, o tempo sofre influência da distorção do espaço, ou seja, o que pareceu ser um dia no submundo e no universo paralelo de Hades não passou de poucos minutos na Terra.

— Quer dizer que seria como se nem estivéssemos saídos do mesmo lugar?

— Sim. Com a dobra do espaço, podemos chegar quase ao mesmo tempo em que partimos.

— Então ainda temos tempo suficiente para viajarmos para China?

— Tempo de sobra eu diria.

— E para que mais saber disso é importante?

— Você e Sofia terão que aprender como fazer essas viagens sozinhos?

— O quê? Como? – não dava para imaginar como eu poderia fazer isso.

— Quando começarem a sentir as energias do universo, vocês sentirão que a energia do corpo vibra com um padrão. Ao terem o controle deste padrão, poderão alterá-lo para qualquer frequência e, assim, vibrar com a energia do local que pretendem ir.

— Como? – acho que essa era a única pergunta que conseguia fazer.

— Intuição. Digamos que vocês vão imaginar para onde querem ir sem mesmo conhecer o lugar e sentirão uma energia diferente. Depois disso, basta vibrar a energia de vocês com a do lugar que o portal se abrirá.

Keyla ao perceber que não chegamos a ter a mínima ideia de como fazer tal façanha disse:

— Não se preocupem... tudo ao seu tempo. O importante é que vocês não se deixem limitar pelas leis da física que conhecem, pois isso cria uma grande barreira mental e pode atrapalhar a infinidade de possibilidades que seus poderes podem alcançar.

Depois destaexplicação surreal, finalmente retornamos a nossa casa.

O Guardião da Galáxia e a Lenda de Pan KuWhere stories live. Discover now