Capítulo 40 NOSSOS PAIS FAZEM PARTE DE UMA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL.

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A

Achamos o comportamento dos nossos pais totalmente fora dos padrões normais do nosso cotidiano. Eles estavam, no mínimo, estranhos.

Eles nos aguardavam e não demonstraram estar surpresos nem com o bilhete que Sofia escreveu e nem com nossos amigos.

Sofia e eu ficamos com um grande ponto de interrogação no meio da testa.

Espantados, caminhamos para sentarmos ao lado dos nossos pais no sofá.

Ravi, Keyla, Liu e Ryu ficaram próximos da porta da entrada.

Aline e Alex pararam, meio que sem jeito, ao lado do sofá em que estavam os dois desconhecidos.

Sofia angustiada fitava o bilhete na mão do nosso pai.

— Quer saber se lemos o bilhete? – perguntou meu pai com ternura na voz.

Sofia só conseguiu desviar o olhar do bilhete e ficou boquiaberta encarando o pai.

— Fiquei muito orgulhoso, ou melhor, sua mãe e eu ficamos orgulhosos de vocês porque mesmo estando em perigo se preocuparam conosco.

— Vocês não imaginam como foi difícil ficar longe de vocês numa situação como esta – mamãe quase esmagou Sofia com um forte abraço.

— Vocês não estão furiosos com a gente? – perguntei estranhando muito tudo aquilo que falavam.

— Não! – meu pai censurou rapidamente dando a entender que nem pensaram em ficar furiosos.

— Espere um pouco, vocês já sabiam que isso iria acontecer? – o medo que sentia por esperar um castigo severo prejudicou minha capacidade de avaliar a situação, mas, uma vez que não seríamos castigados, passei a ficar intrigado com a situação.

— De certa forma sim – disse meu pai olhando para os dois estranhos no sofá.

Logicamente que isso desviou minha atenção para os dois.

— Quem são eles? – minha pergunta saiu automaticamente.

— São nossos amigos. Ela se chama Aytê e ele é o Morgari – meu pai os apresentou.

Ela possuía uma postura tranquila sentada de pernas cruzadas. Tinha cabelos loiros e compridos até o meio das costas e usava uma saia rosa claro com uma blusa branca. Seu rosto com traços fortes passava ser uma pessoa firme e segura de si.

Ele com blusa e blazer preto e calça jeans. Parecia ser alto, pois mesmo sentado seu tamanho impressionava. Um afrodescendente de cabeça raspada e cheia de tatuagens estranhas de símbolos ou letras que eu não consegui definir bem.

Os dois permaneceram calados, nem sequer uma única palavra como: é um prazer conhece-los ou coisa do gênero.

— O que estão fazendo aqui? – perguntei para meu pai, já que os dois não alteraram suas expressões faciais. Eles só sabiam nos encarar analiticamente.

— Eles vieram ajudar – disse meu pai.

— Ajudar em que...? – instiguei.

— Em mantê-los vivos até terem condições de enfrentarem os Deuses...

— O quê? – Sofia e eu, sem querer, demos um pulo do sofá como se fôssemos espetados por uma agulha.

— O que estão falando? Como sabem disso? – era fácil decifrar a expressão em nossos rostos... espanto!

— Bem, vamos por parte – papai se levantou e pôs as mãos em nossos ombros.

— Will e Sofia, após o nascimento de vocês, mais precisamente dois anos do nascimento de Sofia, recebemos a visita de um senhor chamado Kelera Tiga, um homem bem educado, muito sereno e de aparência indígena, só que de terno e gravata. Ele tocou a campainha e quando atendi senti que deveria escutar o que tinha para falar – papai pareceu estar voltando no tempo para não esquecer nenhum detalhe daquele encontro.

Ele continuou sua história dizendo que Kelera Tiga entrou e, mesmo antes das apresentações, chamou meu pai pelo nome e pediu para que chamasse sua esposa e também disse o nome da minha mãe.

Kelera explicou que era de um grupo internacional e que tinha ido visita-los por uma questão de vida ou morte.

— Os senhores tiveram filhos que terão uma missão muito importante. Pode parecer absurdo o que irei lhes dizer, mas passarei uma série de eventos que irão ocorrer com sua família até chegar o dia da grande batalha.

Assim, meu pai falou que Kelera contou sobre a origem de nossos nomes, o momento em que a Via Láctea depositou em mim e na Sofia sua energia para protegê-la, vários acontecimentos que nós passaríamos ao longo de anos para que pudessem acreditar em suas palavras.

Kelera afirmou para eles ser um paranormal e que fazia parte do NAPI – Núcleo de Apoio Paranormal Internacional.

Logicamente meus pais disseram que não acreditaram muito no que estavam ouvindo. Então Kelera disse que retornaria após alguns anos e teriam uma outra conversa. Isso seria necessário para que meus pais pudessem confirmar todos os eventos que havia descrito.

Ao longo de alguns anos Kelera retornou e meus pais, assustados, o aguardavam, pois tudo que mencionou de fato ocorreu com precisão absoluta.

Neste novo contato Kelera convenceu meus pais a entrarem para o NAPI e que Sofia e eu enfrentaríamos um grande desafio para salvar o universo. Disse que todos deveriam nos ajudar nesta batalha.

Kelera os instruiu para não interferir neste primeiro contato com seres interdimensionais, pois do contrário todos iriam morrer. Foi por isso que nos deixaram sozinhos em casa.

— Sabíamos que seriam auxiliados por seres de outra dimensão e que Aline e Alex também se envolveriam. Tanto que ligamos para os pais de cada um informando que passariam a noite aqui, tudo para não levantar suspeitas e não envolver mais ninguém – disse nossa mãe.

— Vocês pensam que estão lutando somente contra os Deuses e seus enviados, mas a verdade é que vão ter que lutar contra grupos aqui na Terra que venderam suas almas em troca da oferta de vida eterna. Estamos falando de pessoas de alto escalão em diversos países. Foi por isso que nenhuma outra matéria saiu nos jornais, internet ou TV sobre o desaparecimento da galáxia de Andrômeda. A única matéria que assistimos fugiu ao controle deles por ser uma transmissão ao vivo e repentina – disse nosso pai.

O que meu pai disse explicou muita coisa. Porém, muitas dúvidas me corroíam.

— Quer dizer que existem seres humanos que querem a destruição da Via Látea? – perguntei pasmo.

— Sim. Infelizmente sim, meu filho.

— O que vamos fazer? Vocês sabem de mais algum acontecimento daqui para frente? Esse Kelera disse mais alguma coisa sobre o nosso futuro?

— Não, suas visões se limitaram até hoje. A energia dos Deuses se aproximando da nossa galáxia limitou os poderes paranormais de Kelera.

— Onde ele está agora?

— Está viajando e no momento certo irá ter uma conversa com vocês – mamãe respondeu.

— O que precisam saber agora é que não haverá mais atividade inimiga até que os Deuses possam preparar um novo portal. Por hora vamos acomodar todos e amanhã explicaremos tudo – disse papai.

— Vocês sabem onde o novo portal se abrirá? – Ravi interrompeu.

— Ainda não temos certeza, mas é provável que ocorra no Cinturão de Órion, nas pirâmides do Egito – disse papai.

O Guardião da Galáxia e a Lenda de Pan KuWhere stories live. Discover now