Capítulo 31 - VIAJAMOS PARA CHINA.

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Ao nos posicionarmos na sala, tive a impressão de um "dèjá vu", a forma como ficamos parados olhando uns para os outros me trouxe na mesma hora uma cena como se aquilo já houvesse ocorrido antes, porém, nunca aconteceu e sequer conseguiria imaginar esta situação.

Sem querer, deixei escapar:

— Dèjá vu!

— O quê? – Keyla franziu o cenho olhando para mim.

— Dèjá vu. Parece que isso já aconteceu comigo. O jeito que estamos aqui.

— Isso é bom! A energia do seu corpo está começando a vibrar para sintonizar a energia do local para onde estamos indo – disse Keyla.

— É o primeiro passo para a abertura do portal guardião – disse Ryu.

— Vamos! – Ravi nos apressou.

Formamos um círculo no centro da sala, todos de mãos dadas. Para os animais sagrados era tudo muito normal, mas para Aline, Alex, Sofia e eu, estranho demais. Será que iríamos nos acostumar?

Ficamos esperando a "mágica" acontecer. Quando as tatuagens de Ravi, Keyla, Ryu e Liu começaram a brilhar, o pulguento saiu do conforto do sofá que havia se instalado e pulou para nos acompanhar no centro do círculo.

Tudo começou a tremer, ou melhor, nós começamos a tremer e mais uma vez luzes e sombras pulsavam impactando os nossos corpos. Em poucos segundos tudo se congelou, inclusive nossos movimentos. Uma espécie de túnel dividia a imagem de onde estávamos em camadas e de supetão elas foram se sobrepondo numa velocidade incrível. A sensação era de estar numa montanha russa em queda livre partindo do pico Evereste. A velocidade era tão grande que víamos nossas imagens ficando para trás.

Depois de aproximadamente dez segundos que pareciam uma eternidade, ocorreu um novo clarão e camadas de cores foram se sobrepondo criando outra imagem. Primeiro uns borrões e logo a imagem em alta definição, tão perfeita que parecíamos estar nela. Dava até para sentir a temperatura ambiente e bem a nossa frente um enorme muro, um muro que parecia não ter fim. Finalmente diante de nossos olhos a grande muralha da China.

No início demorou um pouco para associarmos que do Brasil a China levou pouco mais de dez segundos, principalmente porque ao sairmos de casa ainda era noite e ao chegarmos à China o sol brilhava intensamente no céu azul com algumas nuvens esparsas.

Em virtude de ser dia na China, Alex perguntou:

— Demoramos tanto assim? – Alex olhava maravilhado para a grande muralha da China.

A pergunta que Alex fez foi bem pertinente. Foi esquisito sair do Brasil à noite e chegar à China de dia sem gastar quase tempo nenhum.

— Não. Por que pergunta? – retrucou Liu.

— Já é dia!

— Entendi – disse Liu. — Você está confuso por causa do fuso horário. Existe no tempo de vocês humanos uma diferença de onze horas entre o Brasil e a China, mas não se preocupe, logo irá se acostumar.

— E agora? O que devemos fazer? – minha preocupação era latente.

— Agora é só aguardar anomalias no ambiente para encontrarmos a fissura dimensional que será usada pelos enviados – respondeu Ryu.

— Anomalias tipo... – todos perceberam que eu queria que Ryu fosse mais específico.

Antes que Ryu pudesse falar alguma coisa, a tal anomalia começou a aparecer.

O sol que brilhava tão intensamente no céu foi encoberto pela lua. O eclipse se deu de forma tão rápida e misteriosa que uma sensação de pavor me invadiu. Nunca havia tomado conhecimento de um eclipse solar que ocorresse em alta velocidade.

— Começou! – Ravi olhava cuidadosamente toda extensão da muralha da China.

— Fiquem atentos – disse Keyla em estado de alerta.

Como ainda era dia, as luzes que deveriam iluminar a muralha à noite não acenderam, com exceção de alguns postes com fotossensores que pouco afastava a aparência de penumbra.

A muralha da China com seu tamanho colossal nos permitiu ficar em um ponto onde não havia qualquer turista que pudesse presenciar o que viria a seguir, da mesma forma que nos torturava com um silêncio incomodador.

— Não há ninguém aqui! – Alex ficou surpreso, até porque a grande muralha é um ponto turístico muito procurado.

— Existe uma energia estranha e intimidadora para os humanos que os repulsa deste lugar neste momento. A energia do portal que irá se abrir é maligna e, por isso, as pessoas instintivamente se mantêm distantes até que tudo termine – disse Liu.

— Então é por isso que estou com uma vontade enorme de sair correndo? – Alex transpirava pavor.

— Sim – respondeu Liu.

— Vocês não disseram que nós teríamos tempo de sobra até que o portal se abrisse? – indaguei olhando para o Ryu.

— Sim, ainda temos meia hora do seu tempo terrestre para a abertura do portal – respondeu Ryu.

— Então o que está acontecendo? – emendei outra pergunta já ficando ofegante.

Antes de ter qualquer resposta, Keyla deduziu o pior.

— Ryu, quando os inimigos passaram da primeira vez pelo portal trouxeram apenas um ocultador de energia ou poderia ter outro? – Keyla perguntou.

— Eu não sei, foi muito estranho porque não consegui sentir a presença de mais ninguém e... e... não pode ser! – Ryu se espantou.

— Temos um problema – afirmou Keyla.

Engraçado ela ter dito que teríamos um problema, seria só mais um dentre vários problemas.

— Que problema? Fala logo! – disse agitado.

— Caímos numa armadilha! – Keyla olhava para Ryu.

— O quê? – Sofia, Aline, Alex e eu falamos juntos, um sincronismo ocorrido pelo susto de ter ouvido a palavra armadilha.

— Um ocultador de energia nível 5 – disse Ravi.

— Nível 5? – Alex questionou.

— Sim, um ocultador de energia nível máximo passou da primeira vez junto com os outros e conseguiu dar tempo suficiente para que os monstros que passaram pudessem recuperar a energia gasta com a travessia – completou Ravi.

— Tudo que aconteceu até agora foi uma forma de ganharem tempo – disse Liu ao se preparar para lutar.

— Quer dizer que fomos enganados? – perguntei temeroso.

A essa altura meu braço quase foi arrancado por Aline que o apertava aterrorizada.

­— Sim! Tomem cuidado! – Keyla chegou perto para nos proteger. — Os monstros, o ocultador de energia nível 4, a fera da Terra para nos obrigar a ir para o submundo, tudo não passou de uma forma de desviar nossa atenção.

Antes que o pior pudesse nos surpreender – a "proteção" dada por Hades –, o pulguento saiu de fininho e sumiu em meio aos arbustos próximos da muralha.

Grande proteção que Hades me deu! Também, o que poderia esperar de um micro cachorro?

— Estamos cercados – disse Ravi.

— Cercados por quem? – Alex olhava para todos os lados.

Fixamos nossa atenção para qualquer tipo de movimento que pudesse surgir e... surgiu!

O Guardião da Galáxia e a Lenda de Pan KuWo Geschichten leben. Entdecke jetzt