O Guardião da Galáxia e a Lenda de Pan Ku

Capítulo 33 - O PORTAL DOS DEUSES.

Tohil deu a ordem para que os enviados que aguardavam atacassem com tudo e, de imediato, aqueles contornos monstruosos começaram a correr para executar a ordem, ou melhor, para nos executar.

Ravi com o golpe que recebeu da calda do dragão caiu muito próximo dos enviados e seria o primeiro a ser atacado.

Liu partiu para ajudar Ravi enquanto Keyla e Ryu nos protegiam.

Ravi se levantou atordoado buscando encontrar em seu campo de visão Tohil para se vingar, mas teve sua atenção tomada pelos enviados que o cercaram.

A luta começou! Ravi enfurecido contra-atacou os enviados que – da distância em que estávamos – ainda eram apenas contornos. Os seus ataques pulverizavam os monstros fazendo-os transformar em poeira estelar com brilho intenso.

Liu rapidamente chegou perto de Ravi acabando com mais enviados.

Um grande grupo de enviados cercava Liu e Ravi, porém outro grupo avançou para nos atacar.

Agora os vultos ganhavam forma, formas assustadoras. Eram monstros diferentes em tamanho, agilidade e feiura. Alguns tinham pernas curtas e troncos grandes suportando vários braços, outros com enormes bocas com dentes afiados, enfim, tantos monstros nos atacando simultaneamente que sequer dava para prestar atenção nos detalhes.

Ryu se adiantou e começou a lutar aniquilando mais monstros, evitando que continuassem para nos alcançar.

Comecei a notar que Ravi, Liu e Ryu estavam tendo dificuldades para acabar com os enviados. A luta passou a exigir muito mais esforço dos animais sagrados, totalmente diferente da batalha no campo de futebol onde eles conseguiram acabar com vários inimigos rapidamente.

Então percebi que Tohil havia conseguido um de seus objetivos: dar tempo para os enviados recuperarem suas energias após a travessia para lutarem em condições de igualdade com os animais sagrados. Logicamente, fiquei preocupado, pois o outro objetivo que Tohil deixou bem claro era o de acabar comigo e este eu não gostaria que alcançasse de jeito nenhum.

Os poucos monstros que passavam por Ryu, encontravam a Keyla que, com muita destreza, acabava com eles.

Aline, Alex, Sofia e eu não tínhamos a menor ideia do que fazer e em nossas faces a expressão de medo e desespero.

A quantidade de enviados parecia não ter fim e tomava toda atenção dos animais sagrados. A concentração que mantinham na batalha permitiu que Tohil seguisse com seu plano diabólico.

Em um dos poucos momentos de alívio pelo fato de Keyla ter acabado com mais um enviado, olhei para o alto da muralha da China, buscando saber o que Tohil fazia. Infelizmente, para minha surpresa, Tohil, protegido pelo seu dragão, ergueu os braços e pequenas bolhas luminosas surgiam em suas mãos e explodiam criando centelhas.

— O que ele está fazendo? – perguntei gritando para chamar a atenção de Keyla.

Keyla lutava intensamente e, ao acabar com mais um monstro, olhou para mim e notou que eu havia fixado meu olhar para o alto da muralha e acompanhou a direção em que eu olhava.

— Ele vai abrir o portal! – Keyla gritou talvez na tentativa de fazer com que os animais sagrados pudessem evitar.

Tohil realmente conseguiu o que queria. Os animais sagrados sequer podiam chegar perto dele para evitar que abrisse o portal.

Aquela altura os animais sagrados não ameaçavam Tohil e depois de tudo que passaram para chegar até aqui, na China, era nítida a expressão de esgotamento físico que eles sentiam. Cheguei a me questionar se conseguiriam resistir por mais tempo.

Tohil continuou fazendo com que as bolhas luminosas saíssem de suas mãos e explodissem cada vez mais rápido até que raios fossem projetados para a muralha da China logo abaixo de onde ele se encontrava.

Quando os raios começaram a atingir a grande muralha, ziguezagueavam até um ponto criando uma grande concentração de energia. Perturbado, senti que o perigo ainda maior logo chegaria.

Ravi e Liu com muita dificuldade conseguiram chegar perto de Ryu e Keyla e, agora, a quantidade de enviados já havia diminuído consideravelmente, porém, o preço disso foi a quase exaustão dos animais sagrados.

— Temos que fazer alguma coisa – disse Keyla.

— Aceito sugestão – disse Ryu acabando com mais um inimigo.

Toda vez que tentavam voltar às atenções para Tohil, outro enviado atacava.

Tohil, com movimentos suáveis, desceu as mãos até a altura do seu abdômen e fez concentrar uma forte energia em forma de bola.

— Droga! Ele vai abrir o portal – Ravi se revoltou.

Tohil arremessou a bola de energia para frente. A bola se distanciou um pouco da muralha, parou a alguns metros de distância e depois foi sugada pela energia que havia se concentrado na muralha. Quando a bola atingiu a muralha, se juntou a concentração de raios e criou um enorme clarão.

— O portal! – disse Keyla.

Depois do clarão, um filete de luz cortou de cima para baixo a muralha da China criando uma abertura que foi ganhando largura até ficar com quase sete metros. Uma abertura inicialmente toda negra.

— É a fissura do tempo e espaço! – disse Ryu.

Tohil, após fazer a abertura do portal, cambaleou de cansaço e foi amparado pelo seu guarda-costas. O dragão o segurou com suas garras, abriu suas asas com uma enorme envergadura e voou para dentro do portal desaparecendo como passe de mágica.

— Tohil – gritou Ravi.

Certamente Ravi esperava poder lutar contra Tohil e teve sua expectativa frustrada com sua fuga estratégica.

O portal se abriu e não demorou muito para que pudéssemos ver o que se encontrava do outro lado. Era nada mais nada menos do que o espaço com suas estrelas e planetas aparentemente desconhecidos, bem, ao menos para mim.