Era mais uma noite fria, aquele quarto gelado e o som de tantos aparelhos me enlouqueciam. Estava andando de um lado para o outro no quarto, até que a porta se abre, era uma das enfermeiras, a Marcela.
PH: Mais uma noite heim, Marcela - sorri de lado -
Marcela: Nem fala, PH! Já era para ela ter acordado.
PH: Pensei que isso ia acontecer no tempo dela - bati de frente, odeio quando eles dão a entender que já era -
Marcela: Sim, mas em casos como esse, se estima a melhora em até 1 mês e meio. Já são dois
PH: Não me importo com o tempo, ela vai acordar, tu vai ver - me virei para ela não ver que eu estava com vontade de chorar -
Marcela: O médico já falou que em uma semana ele desliga os aparelhos
PH: SE ELE DESLIGAR, É UM CARA MORTO - me alterei -
Marcela: Ele não está mais ouvindo suas ameaças. Ele disse que chamará a polícia e te entregará caso você o impeça.
Soquei a parede com toda minha força
Marcela: Eu só estou te falando para você se preparar! Talvez ela não saia dessa - disse aplicando algo em Malu e saindo dali - Sinto muito
Me sentei no chão frio, chorei muito. Dessa vez eu não tava me importando em me sentir menos homem por isso, eu queria ela de volta. Eu precisava saber se ela ia ser minha novamente. Me levantei e sentei na cama ao lado dela.
PH: Malu, você pode me ouvir? Patricinha, volta pra mim. Eu odeio me sentir tão inútil, você me protegeu e agora não tô conseguindo proteger você daquele médico fdp. Acorda logo, a Laurinha sente sua falta, sabia? E eu também. - suspirei - Marrentinha, eu tô tentando ser forte, tô tentando acreditar que logo estaremos juntos novamente e que tudo isso vai passar. Mas droga, tá todo mundo mandando eu me preparar pro pior. - chorei baixinho - Eu prometo pra tu que se algo acontecer contigo, eu me mato! Eu não vou viver em um mundo em que você não esteja.
Ela permaneceu imóvel como sempre.
Semanas se passaram e hoje seria o dia de desligar os aparelhos, eu estava por conta do krl! Ninguém tem direito de tirar a vida de outra assim!
Merda, quem sou eu para falar algo? O médico mauricinho chegou na sala
Médico: Hoje é o dia de desligar, espero que eu não tenha que fazer o que eu não quero.
PH: Meta a polícia nisso que tu nunca mais vai ver a tua filha.
Médico: Não coloque ela nisso!
PH: Joana, 6 anos. Loirinha, olhos castanhos escuros. Estuda no colégio mais caro de Ipanema, é a número um da sala. Entra às 13h e sai as 17:30h. Tem uma babá chamada Rita.
Médico: Nem pense em ir atrás da minha Joana!
PH: Então nem pense em tirar a vida da minha Malu!
