Capítulo 142

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Após uma série de exames, veio o alívio: Minha Malu estava ótima! Depois de mais um dia em observação, ela poderia ir finalmente para casa. Confesso que quando li em vários exames que tudo estava ok, tive vontade de esfregá-los um a um na cara daquele médico metido a sabe tudo. Mas me controlei.
Depois de um dia lotado de visitas e flores para a loirinha, estávamos finalmente a sós naquele quarto.
PH: Quantas flores. - disse sem nada melhor para dizer -
Malu: Pois é! Assim até me sinto importante - ela sorri de lado -
PH: Mas você é.
Ficamos em silêncio. Não sabia o que dizer e pelo jeito ela também não.
Passamos a noite trocando poucas palavras, conversávamos sobre coisas aleatórias e no fundo bem sem sentido. Era um silêncio sem fim que me deixava super desconfortável. Recebi várias ligações de mulheres do morro me procurando. Mas não atendi.
Malu: Não vai atender? - falou irritada quando meu celular vibrou pela miléssima vez em cima da mesa -
PH: Não! Não é importante.
Malu: Desde quando essas.. garotas não são importantes pra você?
PH: Desde que escolhi você.
Ela deu um sorriso meio sem graça, acho que ela não tá acreditando muito nesse papo e eu não a culpo. Eu também não acreditaria em mim. Mas dessa vez eu estou diposto a fazer diferente.
No dia seguinte..
Malu havia recebido alta a pouco e eu a ajudava a arrumar suas coisas.
PH: Vai voltar pra favela comigo?
Malu: Não PH. Eu vou para a minha casa.
Fiquei com raiva, muita raiva! Que merda, pensei que tudo voltaria ao normal.
O médico entra, faz algumas recomendações a ela que eu nem presto atenção e sai dali.
Malu: Vou me arrumar, já volto.
Eu não respondi. Ela demorou um pouco no banheiro e nesse tempo, minha raiva foi passando. Percebi que estava agindo como uma criança. Ela já reconstruiu sua vida lá. Seu trabalho, sua carreira, sua mãe e amigos, todos estão em Copa e eu estava sendo injusto e egoísta.
Ela saiu do banheiro minutos depois, usava um vestido branco soltinho e uma rasteirinha, estava tão linda. Nem parecia aquela garota que a dias atrás estava cheia de aparelhos. Ela me olhou meio de lado, provavelmente porque percebeu minha expressão mudar quando ela entrou no banheiro.
A abracei e como ela é baixinha, sua cabeça ficou apoiada em meu peito.
PH: Me perdoe, não é tão fácil pra mim deixar meu jeito explosivo para trás
Malu: Eu sei que não é
Ela suspirou e eu a abracei mais forte. Era bom tê-la ali perto, era bom sentir seu cheiro novamente.

Uma Patricinha No MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora