Malu: Sabe de uma coisa? Eu prefiro me arrepender do que eu fiz do que do que eu não fiz! É um saco você ficar se perguntando o que aconteceria se você tivesse feito aquilo. Eu vou!
Vou até meu banheiro, abro a torneira da pia e lavo meu rosto. O seco, faço um make leve, solto o cabelo. Tudo para tentar tirar a evidência do medo estampado no meu rosto. Pego a mochila no closet, jogo uma regata, um short, um moletom e minhas havaianas. Desci as escadas correndo, tentando evitar o fato de que minhas pernas estavam trêmulas. Eu levo aquela parada de que "mãe fala acontece" muito a sério.
PH: Poxa, porque demorou tanto?
Malu: E-e-eu estava me arru-u-man-do.
Odeio como a minha voz me entrega quando minto. Se bem que não é exatamente uma mentiiiira, eu tava me arrumando também. Foi só uma mentirinha branca.
Aff, tá vendo? Outra mentira! Mentira é mentira e pronto. Aliás: mentira nem tem cor.
PH: Então, vamos?
Malu: Ah, ahaam. Claro. - falei rápido, o que transpareceu o nervoso, aff que ódio -
Me despedi da Laurinha e da minha mãe. Entrei no carro do PH em silêncio, eu sentia minhas mãos transpirando. ;s
PH: Tá quieta por quê?
Malu: Nada a declarar
Ele colocou uma música lá, que para a minha surpresa não era funk.
Mais de meia hora se passou e em volta eu só via mato e mais mato. Agradeci mentalmente por ainda estar de dia ou eu morreria de medo.
A hipotese dele ter me levado ali para coisas ruins se passavam em minha mente frequentemente e eu tentava os afastar o mais rápido possível.
Malu: Não vai me contar para onde estamos indo?
PH: Já disse que é surpresa - disse seco -
Não perguntei mais nada, fiquei na minha e ele não puxou papo.
Se passaram mais alguns minutos e ele para o carro no meio do nada. Ele desceu e me deixou ali, eu fiquei com medo de descer. Aliás, porque ele me levaria no meio do nada? Não tinha ninguém ali. Fiquei com medo daquela mata fechada, depois dos bichos que deviam morar por ali e fiquei com medo do PH quando sinto ele abrindo a porta do carro e amarrando uma venda nos meus olhos.
