Capítulo 3 - Eu sabia que ele não viria

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Capítulo dedicado à minha colega escandalosa, @KMoraes, por ter contribuido sem querer com uma ideia interessante para o capítulo (não falei que tinha gostado? rs).

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Quando a sexta-feira chegou, eu estava uma pilha de nervos. Enquanto me arrumava para a festa na casa de Luiza, meus pensamentos não paravam de me bombardear com coisas como "eu sabia que ele não viria", "Sebastian provavelmente só disse aquilo para me provocar", e "talvez seja para o melhor".

Eu bufo, irritada comigo mesma. Não conseguia acreditar que eu estava chateada porque Noah não voltara, como seu irmão havia me dito que aconteceria. E digo isso com propriedade, porque nos últimos dias, tenho ficado próxima à janela de meu quarto, apenas esperando pelo momento em que um táxi parasse em frente à sua casa.

Patético. Eu sei.

Não entendo muito bem porque fiz isso. A única explicação plausível é que devo gostar de sofrer, porque ninguém em sã consciência ficaria esperando o ex-namorado voltar, ansiosa para vê-lo, para ter qualquer notícia dele.

- Vovó, estou indo! – eu grito quando estou prestes a sair pela porta da frente. – Não me espere acordada.

- Claro que não vou esperar, são sete da noite e eu já estou morrendo de sono – ela responde, saindo da sala e vindo ao meu encontro.

Eu sorrio.

- Como eu estou? – pergunto, dando uma voltinha para exibir o vestido azul marinho que eu havia escolhido especialmente para a ocasião.

Está certo que quando o comprei, tinha em mente que Noah estaria nessa festa e por isso eu precisaria parecer bonita, mas agora fico feliz por ter tido esse cuidado, mesmo que ele não vá de fato estar presente. As festas na casa de Luiza, nossa colega desde o ensino médio, sempre eram conhecidas por serem bastante sofisticadas. Minha neura com Noah valeu a pena, afinal.

- Linda, minha filha – ela diz, sorrindo. – Você está muito parecida com sua mãe, quando tinha sua idade.

- Minha mãe que me abandonou – respondo, ríspida.

Dona Tereza suspira, magoada.

- Conversamos sobre isso outra hora, querida. Agora vá e aproveite sua festa.

- Eu vou.

- Prometa que não vai deixar nada do que acontecer lá impedir você de se divertir – me pede, segurando minhas mãos. – Curta a noite e os gatinhos.

- Vó, vou fingir que a senhora não acabou de dizer "gatinhos".

- Você ainda não me prometeu... – ela começa, achando graça.

- Certo – digo, dando uma rápida olhada para o relógio e vendo que deixei Olga me esperando lá fora vários minutos. – Prometo. Tchau.

Ao me ver, Olga solta uma buzinada alta, apressando-me para entrar no carro.

- Hoje nós vamos nos divertir, amiga! – ela declara, animada.

- Só se for você, que estará colada no Sebastian a noite inteira – digo enquanto coloco o cinto de segurança. – Eu vou ficar solitária.

- Noah não chegou ainda? – ela pergunta, virando-se para me olhar, embora esteja dirigindo.

- Não – respondo, colocando um dedo em sua bochecha e empurrando sua cabeça para que ela volte a olhar a pista em sua frente. – Mesmo que ele tivesse voltado, eu ainda assim ficaria solitária. Não temos nada para conversar.

Quando você foi emboraWhere stories live. Discover now