Capítulo 38 - Você gosta de bolo?

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Tenho uma proposta e não vou aceitar 'não' como resposta, é o que diz a mensagem de Mathias, que recebo às 9 horas da manhã de sexta-feira.

Coço meus olhos, ainda sonolenta, e me forço a levantar da cama para lavar o rosto. Na noite anterior comecei a sentir uma leve dor de cabeça e, hoje cedo, quando percebi ao acordar que a dor estava ainda mais forte, decidi que ficaria em casa para descansar. Talvez meu corpo esteja tentando me avisar de que tenho me preocupado demais com a vida.

O que é?, é o que respondo quando retorno ao meu quarto.

Mathias e eu passamos mais tempo juntos que o normal na última semana. Uma vez que Olga está em semana de provas e praticamente morando na biblioteca, ele decidiu que me faria companhia na hora do almoço, todos os dias. No começo, fiquei um pouco desconfortável com a ideia, não sei porquê. Depois, acabei me acostumando e até gostei de tê-lo por perto. E digo isso não apenas porque seus olhos azuis tão atentos me fazem sentir importante e especial, ou porque ele se esforça ao máximo para que eu esteja sempre sorrindo; Mathias é um cara legal, de fato.

E me sinto culpada por desejar que Noah estivesse comigo todos os dias, ao invés dele.

Eu e você. Cinema. Hoje à noite.

Sorrio para o celular - eu sabia que esse convite viria em breve. Dois dias atrás, ele não parava de falar sobre o quanto estava animado para ver o filme que lançaria hoje. Não me recordo o nome, mas é um terror cabeludo que provavelmente me faria pensar que aparecerá alguém atrás de mim no espelho toda vez que eu escovasse os dentes.

Enquanto ele me contava sobre o filme e de como seria incrível por conta de todos os detalhes sobre os quais eu não possuía interesse algum em saber, minha atenção se dissipou completamente ao avistar Noah sentado a alguns metros de distância da mesa onde estávamos.

Seus olhos estavam fixos em mim.

Ele estava almoçando com as mesmas garotas que eu havia visto da outra vez, e quase não posso controlar a raiva que sinto. Depois de analisa-las rapidamente, volto meus olhos para ele, que ainda olha em nossa direção com uma expressão séria que não consigo decifrar. Seu rosto tem olheiras que nunca estiveram ali e, acima de tudo, ele parece cansado.

A garota sentada em sua frente pousa a mão sobre seu braço esquerdo para chamar sua atenção, e ele responde com um sorriso. Diferente do que eu esperava ver, seu sorriso não demonstra nada além de tristeza. A moça, porém, parece contente por ter conseguido sua atenção, e continua a falar sobre alguma coisa de forma empolgada.

Meu coração se aperta com o fato de que ele está sofrendo. Daria tudo para saber o que se passa em sua cabeça agora; está triste por causa de sua mãe? Medo por ter uma filha para criar? Triste por que nós não estamos bem? De qualquer forma, só quero caminhar até ele e abraça-lo até que toda a sua dor vá embora. Mas não posso fazer isso, porque tenho meu próprio sofrimento para lidar.

Embora agora esteja mais fácil aceitar que jamais ficaremos juntos, sei que é impossível me aproximar sem envolver os sentimentos que tenho por ele. Tenho certeza de que um simples abraço me faria querer tudo o que não podemos ter.

Por isso apenas finjo que nem ao menos notei sua presença no restaurante.

Estou me sentindo um pouco mal hoje. Acho que não vai rolar, minha resposta é enviada sem nem pestanejar. Não importa o quanto Mathias seja maravilhoso, lembrar de Noah apenas me fez querer ficar sozinha em casa.

Que pena. Amanhã?

Eu suspiro. Sair num sábado à noite com ele poderia dar a impressão errada, não poderia? Quero dizer, ainda não tenho certeza se toda essa companhia de Mathias tem outra intenção além de amizade, mas não posso descartar a possibilidade. E se há a menor chance de que ele possa ter alguma esperança sobre nós dois, eu prefiro não alimentá-la.

Quando você foi emboraHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin