Capítulo 37 - Você acha que ele está assustado?

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Sim, mais um capítulo novo nessa semana. O que um pouquinho de férias não faz com uma pobre escritora, né não?

Boa leitura!

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Uma semana e alguns dias depois, o pai de Noah vai embora.

Imagino se Anna também foi.

Pressiono minhas mãos contra minha testa quente e me forço a não olhar na direção da casa de meus vizinhos. Se eu já me sinto mal, me pegar desejando que uma criança de quatro anos fique longe de seu pai, me faz sentir ainda pior. Minha própria história de vida me mostrou que o mundo pode ser bastante desafiador sem um pai e uma mãe, e a última coisa que eu deveria estar querendo é que essa garotinha fosse para longe daqui.

O sentimento de culpa inunda minha mente conforme lembro dos grandes e redondos olhos azuis que me observaram com curiosidade na vez em que nos vimos. O cabelo, longo e da mesma cor dos cabelos de Noah, caiam em ondas por sobre seus ombros. E seu sorriso... Anna sorri como se não houvesse problema algum no universo.

Como se não existissem pessoas capazes de dilacerar seu coração a ponto de causar falta de ar.

Hoje mais cedo, mandei uma mensagem a Mathias, avisando que não iria à monitoria novamente porque não estava me sentindo bem. Não recebi resposta, mas sabia que havia lido, porque me observou com preocupação durante toda a aula de anatomia. Forcei um sorriso a ele, como garantia de que ficaria bem, da mesma forma que faço nesse momento com Olga. Mas ela é um pouco difícil de enganar.

– Eu juro que se não tivesse tanto medo de ir presa, eu afundaria a cara de Noah usando meu cotovelo – ela diz, irritada. – Olhe só para você, minha amiga! Parece que vai ficar triste para sempre!

Não duvido. Já faz mais de dez dias desde que eu o vi pela última vez, e o único progresso que tive foi conseguir parar de chorar. Já havia decidido que não choraria mais por isso. Eu, com toda certeza, não gostaria que as coisas fossem desse jeito, mas se o universo quis assim, eu preciso aceitar. Mesmo que isso me deixe devastada.

– Eu já estou melhorando – minto. – Nem fico mais pensando nisso o tempo inteiro.

Ela me analisa, sem acreditar, e sua expressão séria se transforma em tristeza de repente.

– Por que você acha que ele nunca disse nada? – questiona, bufando. – E Sebastian, por que nunca nos contou nada? Será que ele sabia?

Eu paro para pensar por um momento e misturo a comida que está em meu prato. Eu não sentia fome há dias, mas vovó me fez prometer que comeria nos horários certos e tenho me esforçado para cumprir minha promessa.

– Se esse foi o motivo de Noah ter ido morar com seu pai, é provável que sabia.

– Mais um motivo para odiá-lo – resmunga, transtornada.

Abro um sorriso triste, e ponho minha mão sobre a sua.

– Olga – eu chamo sua atenção. – O que aconteceu entre Noah e eu, de jeito algum precisa afetar sua relação com Sebastian, está bem?

– Eu sei – suspira. – Mas não acho que vamos voltar a ficar juntos. Pelo menos não agora.

Balanço a cabeça, concordando.

– Tudo bem, só queria que você soubesse disso.

Ela acena também, e sorri, triste.

Quando você foi emboraOnde histórias criam vida. Descubra agora