Capítulo 24 - Encontro (parte 3)

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Obrigada por todos os votos e comentários! Já estamos com mais de 60 mil leituras! Em breve passaremos "Depois que você chegou", que já está perto dos 100 mil <3

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Eu me deixo ser levada por ele, seguindo seus movimentos rítmicos e suaves. Tento disfarçar o nervosismo e a ansiedade que me abordam de repente, mas não acho que qualquer pessoa conseguiria acalmar seus ânimos se tivesse esse par de olhos escuros fixos em seu rosto, analisando suas feições. A música lenta é envolvente, e na medida em que minhas pernas batem nas dele vez ou outra, um sorriso escapa de seus lábios.

Não sei o que acha engraçado na minha falta de habilidade, afinal seria ele quem teria o pé pisado muito em breve.

– Pare de pensar – ele sussurra, me olhando nos olhos. Seu hálito tem uma mistura de vinho e menta.

– Se eu não pensar, vou fazer o quê?

Um sorriso torto aparece em seu rosto.

– Eu poderia dar algumas sugestões.

– Não! – eu digo rapidamente, reconhecendo aquele tom de voz.

Sua resposta é uma risada e, quando vejo o grande sorriso repleto de dentes retos, as discretas covinhas que teimam em aparecer em sua bochecha, e os olhos castanhos brilhantes, eu me pergunto porque o universo havia sido injusto ao ponto de tirá-lo de mim por tanto tempo.

Passo a me tornar autoconsciente de todas as sensações em minha pele, e a intensidade de suas mãos na parte inferior de minhas costas começa a me deixar inquieta. Meu corpo inteiro pede para que eu me aproxime mais, mas eu não tenho coragem o suficiente – já é difícil o bastante sentir minhas mãos em sua nuca, lutando contra a vontade de puxá-lo para mais perto de mim, e de afundar meus dedos em seu cabelo macio.

Percebo que não sou a única a estar envolvida pela situação quando Noah passa um de seus braços por trás de mim e me puxa contra seu corpo lentamente. Meu coração bate tão rápido que tenho medo que ele esteja percebendo o quanto estou pirando. Me obrigo a controlar minha respiração e a manter minhas pernas firmes, porque eu tenho quase certeza de que a qualquer momento elas não vão suportar o peso de meu próprio corpo.

Agora, com minha barriga tocando a dele, não consigo mais olhar em seu rosto. Minha cabeça reclina contra seu ombro, e o cheiro suave de roupa limpa, sabonete e perfume masculino invade minhas narinas, trazendo à tona o que eu não tinha percebido até agora: sinto tanto a sua falta que chega a doer.

– Noah – eu sussurro.

– Sim? – ele pergunta, sem parar de se mover lentamente. Suas mãos continuam em minhas costas, me segurando como se tivesse medo de que eu pudesse desaparecer.

– Em algum momento dos últimos três anos você pensou em mim?

Essa pergunta era injusta. Eu já sabia que ele havia pensado em mim; as cartas que escreveu e que nunca me enviou eram uma prova disso, mas eu precisava ouvi-lo dizer. Ele expira o ar devagar, e o aperto de suas mãos se torna mais leve, embora ainda permaneçam firmes.

– Serena – sua voz sai em meio a uma risada baixa. – A pergunta certa seria se em algum momento eu não pensei em você.

Fecho meus olhos.

– Você sabe que isso é o que qualquer cara diria se estivesse tentando conquistar uma garota, não é?

Uma risada brota em seu peito, e eu relaxo um pouco.

– Quem disse que estou tentando conquistar você?

Eu ergo minha cabeça, de maneira que meu rosto fique a centímetros do seu, para que eu possa analisar sua expressão.

– Você não está?

Seus olhos se demoram sobre meus lábios antes de voltarem aos olhos.

– Prefiro não responder a essa pergunta.

Nós dois começamos a rir e, mais uma vez, me pego observando seu sorriso. Decido que é melhor voltar a deitar em seu ombro e observar os arredores ao invés de ter que lidar com as ideias que apareciam em minha cabeça toda vez que as covinhas apareciam em sua bochecha.

Acabamos caindo em um silêncio confortável. Eu não sinto necessidade de dizer qualquer coisa para passar o tempo, porque não há nada que eu pudesse estar fazendo nesse momento, que me fizesse sentir tão bem quanto estou. Acabo esquecendo completamente de que eu havia concordado em dançar apenas uma música – é provável que, a essa hora, mais de dez já tenham tocado e eu nem mesmo percebi.

– Com licença.

Eu me viro ao som da voz de Mathias, que está parado ao nosso lado com um sorriso forçado no rosto. Involuntariamente, olho para a mesa onde estávamos sentados e vejo Nádia com uma expressão de quem está tentando disfarçar a raiva.

– Será que posso dançar com você agora? – Mathias pergunta a mim, de um jeito educado, já pegando em minha mão.

Noah me puxa de leve para mais perto dele, quase como se não tivesse percebido o que estava fazendo. Embora a última coisa que eu queira agora é me afastar de meu ex-namorado, eu preciso conversar com Mathias, e dizer de uma vez por todas que talvez não deveríamos continuar com o que estamos fazendo. É óbvio que ele ainda sente alguma coisa por Naja.

– Tudo bem por você? – eu pergunto a Noah.

Quando se vira para mim já sabe que eu havia tomado a decisão de dançar com Mathias e isso reflete em seu rosto, um tanto magoado. Ele assente, e se afasta sem dizer qualquer coisa. Enquanto caminha até a mesa em que estávamos, fico preocupada que vá dançar com Nádia, mas tudo o que faz é deixar dinheiro sobre a mesa, em frente a garota, e sair do restaurante.

Quando você foi emboraWhere stories live. Discover now