Ⓔ04 Ⓒ01 ✖ CLARA

35 9 3
                                    

Clara adentrou a mansão num rompante, como se fosse a personificação de um furacão.

Sua expressão desestabilizada preocupou Kappel. O Investigador correu ao encontro dela, após a ver subir velozmente a escadaria curva, indo em direção ao seu quarto.

— Clara! — Frederik a chamou mais uma vez, espalmando a mão na porta amadeirada branca, antes que a mulher perturbada a pudesse fechar. — Fala comigo. O que aconteceu?

— Stoker. Ele veio atrás de mim... — Ela murmurou com a voz trêmula.

— Ele fez alguma coisa? — Ele interrogou preocupado, a segurando delicadamente pelos ombros enquanto a analisava com o olhar perscrutador.

— Não, não. Tentou me ludibriar com suas historinhas e eu não caí. Mas... — Clara estava visivelmente transtornada, seu olhar vagava sem ter um ponto fixo e suas mãos trêmulas seguravam sua cabeça, como se a mesma fosse despencar.

— Mas? — Ele insistiu que ela continuasse.

— Eu acho que ele desconfia que Bree é filha dele. Ele a viu, ele ouviu ela me chamar de mãe! — Sua voz vacilava com suas conjeturas e temores e lágrimas ameaçavam descer pelo seu rosto.

— Se acalme, você está muito nervosa. — Kappel envolveu seu braço em torno dos ombros de Clara, a conduzindo até a cama pra sentar. — Você sabia que mais cedo ou mais tarde iria encontrá-lo. — Ele se ajoelhou na frente dela, segurando as suas mãos e falando num tom de voz brando.

— Sim, mas não com minha filha! Eu não quero que ela o conheça. Eu não quero que eles se relacionem — Clara respondeu não contendo mais as emoções e deixando que um rio de lágrimas descessem pelo seu rosto e molhassem sua camisa branca.

— Mãe? — Leona surgiu na porta do quarto, olhando Clara chorar após ter escutado toda a conversa e achar por bem intervir naquele momento.

— Bree! — Clara se ergueu num rompante, encurtando o espaço existente entre elas e puxou a jovem para um abraço maternal. — Me perdoe, eu devo ter assustado você com o meu surto repentino. Me perdoe. — Ela implorou, beijando o topo da cabeça da garota, que tentava arrumar um jeito de se desenvencilhar do abraço apertado da mulher, sem parecer fria ou cruel, ainda que fosse exatamente isso que quisesse.

— Eu prometi a você que não iria tentar saber quem é meu pai biológico. — Ela começou, colocando suas mãos nos braços de Clara e a empurrando de leve para a olhar. — Infelizmente agora eu sei, mas se isso te faz tão mal, eu não vou permitir que ele se aproxime de mim ou que tente ter algum tipo de relação comigo. Eu prometo — Leona mentiu. Agora que sabia quem era o pai de Bree, ela tinha interesse em saber quem ele realmente era e porque Clara tinha tanto medo dele.

— Você não sabe o quão tranquila isso me deixa, Brigitte. Ele é um monstro, isso eu lhe garanto, mas ele sabe ludibriar muito bem as pessoas a crer que ele é outra pessoa. Ele fez isso comigo. Eu conheço aquele canalha! — Clara acusava ressentida e colérica.

— Brigitte, você se importaria de pedir para alguma empregada preparar um chá calmante para Clara? — Frederik pediu gentilmente e a jovem assentiu, ainda que internamente contrariada e com vontade de mandar ir ele buscar.

— Claro, mas... aquelas pessoas lá em baixo, o que faço com eles? — Ela questionou, depois de hesitar ir embora, ao lembrar das visitas.

— Quem está aí? — Clara questionou surpresa e preocupada que desconhecidos a tivessem visto chegar naquele estado.

— O rapaz de ontem à noite — Kappel indicou.

— Ele veio? — Clara questionou atônita.

Amsterdam [PT-BR] ▬ Versão WattpadOnde as histórias ganham vida. Descobre agora