Capítulo 3

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Emily narrando:

Estavam todos os familiares no hospital. Eu estava sentada na recepção esperando por alguma noticia de Eduardo, ainda aflita e em choque com tudo que presenciei. Minha mãe me fez várias perguntas da hora que saímos da casa de Eduardo até aqui. Mal conseguia responde-la, ainda mais com a presença de Miguel ao meu lado. Ele me dá medo, muito medo.

Se eu disser a verdade ele fará a mesma coisa comigo, ou pior.

Já era tarde, não sei exatamente que horas eram, mas era. Toda hora eu bocejava e limpava as lágrimas que caiam dos meus olhos.

Miguel se aproximou de mim e sentou ao meu lado, sua mão fria passou ao redor do meu ombro e me puxou para perto de si.

-Não chora irmãzinha... não foi sua culpa. –Ele diz com a voz calma e cínica.

Tento me afastar dele, mas sou impedida.

-Isso mesmo meus queridos, ninguém teve culpa. –Disse mamãe nos envolvendo em um abraço apertado.

Minha vontade era de gritar a verdade para que todos saibam que Miguel que havia feito isso, que Miguel era o verdadeiro monstro, mas me calei. Todos estavam sofrendo demais e eu não podia causar mais esse desgosto.

Eu me sentia um pouco culpada por tudo que aconteceu, se eu não tivesse ficado ao lado de Eduardo, isso provavelmente não aconteceria.

Eu poderia ter impedido isso tudo...

***

Havia dormido no colo do meu pai, só acordei por causa do choro e dos gritos abafados dos pais de Eduardo e até mesmo da mãe.

-Por favor, Doutor, não me diz isso... –Gritou a tia Maria.

-Eu sinto muito... –Disse o doutor com a voz baixa. –Ele está em observação, mas é provável que fique paraplégico. Fizemos os raios-X e ele teve um trauma na medula espinhal... Não há mais oque fazer, é só esperar ele acordar e examinar se não houve também nenhum traumatismo craniano. –Explicou.

Não entendi direito oque havia acontecido com Eduardo, ainda estava sonolenta e só conseguia notar o choro dos pais de Eduardo. Os dois juntamente muito nervosos e tristes com a noticia.

-Calma, calma Maria. Deus está no controle. –Disse mamãe tentando acalmar tia Maria.

-Eu quero ver meu filho, meu bebê. –Choramingou tia Maria.

Senti dó dela, logo ela que é tão alegre e feliz, vê-la assim é de partir o coração. Passo a mão no olho e volto a chorar novamente, dessa vez estava sem tranquilizada pelo meu pai. Grudei minha cabeça em seu peito e chorei baixinho pensando em Eduardo.

Notei que Miguel havia ficado sério, ele estava encostado na parede com um olhar cabisbaixo, talvez pensativo. Senti raiva dele, muita raiva. Como ele pôde ser tão mau a ponto disso?

Eu o odeio. Odeio mesmo.

***

Um ano se passou...

-Vou jogar a bola, pega ela dessa vez. –Grito para Eduardo.

-Joga. –Ele diz manobrando sua cadeira de rodas.

Jogo a bola para ele e o mesmo conseguiu pegar. Ele sorriu para mim todo feliz com a vitória.

-Você é o melhor jogador. –Digo e ele rir.

Obsessão PerigosaWhere stories live. Discover now