Capítulo 44

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Emily narrando

Era notável que eu não estava mais no chão, pelo contrário, estava deitada em um lugar macio. Com certeza na minha cama. Tinha medo de abrir os olhos e Miguel está com uma faca apontada na minha garganta, pronta para passar a lâmina pela região e me matar de uma vez. Fico mais um tempo com o olho fechado, sem me mover.

Escuto o barulho da porta se abrir fazendo um pequeno barulho, logo em seguida os passos, e mais passos. Alguns sussurros se ouviam.

Ignorei.

Forcei bem os olhos e voltei a fingir que estava dormindo.

—Ele bateu muito nela, ela chegou até a desmaiar. —Comentou uma voz feminina.

—Eu ouvi os gritos, mas a senhora Jade disse que é comum e que devemos se acostumar, pois será assim. —Disse a outra.

Elas pararam de falar.

—Mas, por que será que ele bate tanto nela? Desde quando ela chegou aqui...

—É estranho, não é? Parece que eles vivem em um triângulo amoroso.

—Isso está de longe um triângulo amoroso. —Comentou. —Está vendo os hematomas não? Ela está toda machucada. —Sussurrava.

Abri os olhos com muita dificuldade. O meu olho direito quase não abria e doía mais do que devia. Deve ser por causa do soco. Virei-me devagar para as empregadas que cochichava baixinho, enquanto fingia estar arrumando a bagunça que era o meu quarto.

—Senhora... —Uma delas me saldou. A mais novinha.

—Me ajude. —Peço e ela vem até a mim. Seu olhar de assustada entrega o quão feia estava a situação.

Seguro a sua mão com força e a encaro nos olhos.

—Onde estamos? —Pergunto.

—Não posso dizer senhora. Mas é muito longe. —Disse, confirmando o que eu já sabia.

—Liga para a policia. —Peço, ou melhor, imploro.

Elas se entreolham.

—Vamos. —A empregada mais velha a chama.

—Por favor. —Insisto.

Ela solta a minha mão e se levanta, se afastando de mim.

—O banheiro e o quarto já estão arrumados senhora. —Falou a mais velha.

Engulo em seco e aceno com a cabeça.

—Daqui a pouco trago o café da manhã.

Franzo o cenho e olho para a janela tampada pela cortina, no entanto, dava para nota-se uma claridade.

—Já é outro dia? —Pergunto confusa.

—Sim, senhora. O dia já amanheceu.

Logo em seguida elas saem do meu quarto, apressadas. Penso em levantar e ver o meu estado, mas desisto assim que me esforço para se sentar. Estava toda dolorida. Pior que ontem. Passei a mão ao redor do meu rosto e me assusto quando sinto o quanto está inchado. Provavelmente com um roxo enorme ao redor.

Ele mal abria.

Merda...

Volto a me deitar, fecho os olhos e tento manter meu pensamento longe. Minha cabeça estava latejando, doía muito. Eu me lembro vagamente da minha luta com Miguel, da forma que eu o atingi em cheio e do quanto ele ficou furioso em seguida. Ainda consigo me lembrar do chute forte que ele me deu na minha cabeça. Parecia que minha cabeça era uma bola de futebol, fácil de chutar.

Obsessão PerigosaOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz