Capítulo 12

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Emily narrando:

Três dias depois.

Consegui me recuperar bem rápido, mais rápido do que o esperado. A médica ficou surpresa com o meu resultado e me deu alta ontem, e desde quando voltei não falei absolutamente nada, nem mesmo com mamãe. Eu estou decepcionada com mamãe, a forma que ela agiu foi de longe a que eu esperava, mas infelizmente eu prometi a ela que nada sairia da minha boca. E talvez seja melhor assim. Pelo menos agora tenho certeza absoluta de que nunca mais Miguel irá me machucar. Mamãe prometeu segurança total e ao menos nisso eu sei que ela irá cumprir.

Cubro-me com a coberta até a cabeça e continuo deitada na cama, sem interesse nenhum para me levantar e prosseguir com a minha vida.

A médica conversou comigo em particular e disse que eu esperava um bebê e que o mesmo estava com dois meses. Infelizmente, o meu útero não era apropriado para gerar uma criança na minha idade e me explicou tudo sobre como ter um bebê e como me prevenir. Fiquei envergonhada por uma desconhecida está falando sobre isso comigo, ainda mais na minha idade. Eu deveria está brincando com as minhas bonecas, brincando sem nenhuma maldade com as outras crianças...

Eu deveria viver uma vida de criança e não essa que vivo ou vivi.

Ainda acordo todas as noites chorando, toda soada e apavorada. Lembro-me do sangue e do Miguel em cima de mim e depois do feto que estava no sanitário e tudo me faz chorar mais e mais. Não há um minuto sequer que eu não pare de pensar. É torturante.

Estremeço de frio, mesmo não sentindo frio em si.

Fungo o nariz e ponho o meu fone de ouvido, aumento no último volume a música que tocava só para me desviar dos meus pensamentos.

Verônica me fez várias perguntas ontem a noite, ela não engoliu a historia que mamãe havia inventado para cobrir o caso, mas mesmo assim continuei fingindo. Teve certos momentos que ela perguntou se a culpa fosse de Miguel e eu apenas me calei, e eu acho que ela entendeu tudo. Sinto-me sufocada por não poder contar isso a ninguém, queria pode desabafar e acreditar que nada disso é a minha culpa, mas não há ninguém que possa me tirar esse fardo. Papai não ousou contrariar mamãe, e eu o entendo, eu acho.

Ontem quando estava voltando da cozinha, passei perto do quarto da mamãe, eu ouvi os dois conversando baixinho, quase não entendia direito oque dizia, mas certas coisas dava para entender.

-Então ele é o culpado? -Indagou papai.

-Sim, é oque ela disse. -Respondeu mamãe.

Papai ficou em silêncio.

-Ninguém precisa saber de nada disso. Vamos seguir nossas vidas, cuidar da Emily. Dá o apoio necessário e...

-E oque? Vamos simplesmente apagar esse capítulo de nossas vidas? -A voz de papai saiu sobrecarregada. -Ele a estuprou. Fez um filho nela. Qual parte desse absurdo todo você não entendeu? Ele é o culpado meu amor. Apenas ele, e ele merece pagar pelo oque fez.

-Você está louco? Seria um vexame para a nossa família e para o nosso filho. Ele... Eu entendo oque ele fez e sei o qual grave é, mas já foi feito e acabou. Eu prometi a Emily que Miguel não a tocaria mais e ele não iria mais voltar pra casa...

-Você acha mesmo que irá impedi-lo de fazer isso mais vezes? Se não for com a Emily, pode ser com outras meninas e ai sim, será um caos. Tenta entender que o nosso filho... é uma pessoa desequilibrada e que pode por em risco a vida de qualquer um.

-Você fala como se o nosso filho fosse um monstro, Raul. -A voz de mamãe saia alterada.

-E qual outro adjetivo você o classifica? Oque ele fez é algo monstruoso, e isso faz dele um monstro ou pior. -Rebateu papai. -Eu não vou tolerar esses absurdos dentro da minha própria casa. Ele teve a chance de mudar, de ser outra pessoa...

Obsessão PerigosaWhere stories live. Discover now