Capítulo 29

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Emily narrando

Acordei meio grogue e levei um susto ao perceber que o caminhão de galinha estava parado, em frente há um posto de gasolina. Passei a mão no rosto, despertando de uma vez. Olhei para o caminhão e no banco do motorista não havia ninguém. Respirei mais aliviada.

Desci do caminhão rapidinho, fazendo o máximo para que ninguém me visse. Tirei uma pena de galinha do meu cabelo e da blusa que usava. Atravessei a estrada, e caminhei até o posto. Não tinha muitas pessoas por lá. Encontrei um bebedouro e fiquei um tempinho ali matando a sede, logo o meu estômago ronco de fome. Era o que faltava!

Pior que eu não tinha um centavo, não trouxe nada comigo. E nem tinha como, todas as minhas economias fica no banco.

Olhei para a lojinha do posto e a vontade de entrar aumentava ao olhar as coisas gostosas que tinha por lá.

Não faria mal se eu desse uma olhadinha, né? Quem sabe o dono da loja não me dê algo para comer, talvez até pense que sou uma garota de rua. Já vi muitos filmes em que a menina ou menino de rua consegue alimento fazendo carinha de triste. Isso pode funcionar comigo, e se precisar eu até choro, é só eu lembrar de todos os momentos ruins que eu passei nas mãos do cretino do Miguel.

Caminho em passos largos até a lojinha e a mesma não está tão movimentada. Tinha uma mulher no caixa e um outro rapaz colocando preço nos produtos. Também tinha dois clientes, uma mulher com um bebê e um rapaz alto, magrelo e com roupas escuras comprando batatas.

Suspirei fundo e segui até o balcão.

-Olá moça... -Cumprimento sorridente.

Ela me olhou de cima abaixo com desdém estampado nos olhos.

-O que quer? -Perguntou com grosseria.

Apertei minha mão na barra do balcão e controlei a minha respiração.

-Eu só...

-Aqui não dão comida para mendigos. Agora vai, antes que eu chame a polícia.

Arregalo os olhos, surpresa.

Mendiga? Eu?

Neguei com a cabeça e fechei o punho, batendo no batente do balcão. A balconista estreitou os olhos e pegou o telefone, pronta para discar para policia, provavelmente.

-Eu não sou mendiga. E não iria pedir comida, eu só queria saber...-Tentei falar, mas ela discou para um número lá. -Já estou indo, senhora. -Falo furiosa.

Olho para ao redor da loja e vejo os clientes me encarando, assustados. Engoli em seco e abri a porta e sai.

O caminhão de galinha já tinha ido embora, minha única carona foi embora sem me esperar. E agora, o que farei?

Olho para o movimento fraco do posto de gasolina e ando lentamente até o orelhão. Disco o número da Verônica a cobrar. Ela demora atender, mas depois de seis chamadas, ela atende.

-Vê? Sou eu. -Digo olhando para os lados, assustada.

-Menina, onde você está? -Perguntou com voz de choro.

-Estou... -Paro de falar e escuto umas vozes no fundo.

Miguel ainda poderia está na casa dela e arrancando informação dela.

-Estou bem. Cuida da minha mãe, quando der eu ligo. Beijos. -Desligo o telefone.

Limpo as lágrimas que escorria pelo meu rosto e começo a soluçar. Que droga de vida!

Obsessão PerigosaWhere stories live. Discover now