capítulo 62

12K 1.1K 236
                                    

Emily narrando

Sete meses depois:

Estávamos na casa de campo, longe da cidade e de qualquer forma de comunicação. Decidimos vir essa semana, após eu ser totalmente liberada de qualquer suspeita da morte do cretino. Não havia provas contra mim e o meu álibi facilmente me ajudou, fora a forma que eu agi diante de tudo. Consegui me superar, não deixei me abater por qualquer culpa ou algo do gênero.

Longe da mídia escandalosa, e ao lado dos meus familiares e amigos, finalmente consigo encontrar a paz que tanto havia pedido.

A risada do Teodoro me fez focar no que era realmente importante. Minha família. Minha pequena família.

— O quê foi pequeno? — Pergunto olhando para ele, forçando uma voz idiota.

Ele mexia os pés e as mãos, e logo enfiava a mão gordinha na boca, sugando.

— De novo? — Falo, indagando, assustada com esse guri. — Que fome é essa, pequeno?!

— Teve a quem puxar. — Brincou Arthur. Ele pegou Teodoro que estava deitado sobre uma toalha no chão. Decidimos fazer um passeio pelo campo perto de casa e paramos um pouco para apreciar a bela paisagem, mais a frente tinha um lago onde vários patinhos nadavam por ali.

Peguei a mamadeira do Teodoro dentro da bolsa térmica e entreguei Arthur, o mesmo já tinha experiência e prática em dar mamadeira para Teodoro. Os dois tem uma cumplicidade tão grande que as vezes esqueço quem de verdade é o pai do meu filho.

Arthur é um novo homem, bem melhor do que era antes, dez vezes melhor. É claro que nossas vidas não é um conto de fadas, mas sempre fazemos com que ela vire uma. Todo mal se torna felicidade aqui em casa, qualquer lembrança horrível é trocada por uma nova, agora dessa vez mais alegre e cheia de amor.

Decidimos não tocar mais no nome do Miguel. Mamãe Miranda concordou, apesar de ser doloroso pra ela, é a melhor opção para esquecermos o que nos aconteceu e livra-la da culpa da morte dele. Finalmente eu a entendo. Esse amor e devoção que ela tinha pelo seu filho, ela realmente o amava e sofre toda vez que olha um retrato dele ou se lembra da data da sua morte ou aniversário. Ela ainda está se adaptando, com calma e sem pressa.

Mesmo tentando esquecer tudo o que houve, eu ainda insisto em escrever o livro que estou fazendo. Sim, estou fazendo um livro. Li em muitos blogs de autoajuda que escrever alivia a raiva que ainda sentimos, e é verdade. Sou a prova disso. Não sei se um dia irei publicar esse livro, pois há tantas coisas pesadas para ser lidas, porém é uma forma de alertar que há perigo por todo lado, independente se é ou não um familiar seu. É claro que não expus o meu nome ou o nome de Miguel. Mamãe preferiu que pusesse outro nome e eu concordei assim não iriamos ficar tão exposto. Tudo está sendo contado em forma de um diário e, apesar da dor em lembrar-se de tudo, me sinto aliviada. É como se em cada página eu tirasse um peso das minhas costas.

Espero que esse livro ajude alguém da mesma forma que está me ajudando.

— Está gostando do mamar, filho?

Teodoro dá um gritinho após Arthur tirar o bico da mamadeira dá sua boca. Aproximo-me dos homens mais lindo da minha vida e apoio a cabeça no ombro de Arthur, que me lança um olhar apaixonante, daqueles que fazem até a manteiga derreter.

— Eu te amo. — Sussurro, enquanto os olhos azuis cristalinos de Teodoro focava nos meus. — Eu te amo também meu pequeno.

— Você está linda, sabia minha passa fome? — Sua voz serena me fazia rir. — Eu te amo estômago profundo.

Obsessão PerigosaWhere stories live. Discover now