Capítulo 40

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Emily narrando

Sexta- feira, 10 horas da manhã.

Bufei. Meus cabelos voavam enquanto as hélices do ventilador rodavam de um lado para o outro na minha frente. Mais uma vez estava sozinha nessa casa que não tinha muito que fazer. Já tinha arrumado ela e tudo estava perfeitamente organizado.

—Agh. —Resmungo, jogando a cabeça pra trás.

Fico desengonçada no sofá olhando para o teto e esperando ansiosa para Arthur ou Bruno chegar e me tirar desse tédio.

Com um deles aqui, até esqueço-me da minha vida e de que não posso andar na rua sem usar a peruca loira que me pinica mais do que deveria.

O silêncio daquela casa me fez reviver momentos de felicidade ao lado do meu pai e da minha mãe. E uma angustia se estala em meu peito. Será que mamãe está bem?

Gostaria tanto de falar com ela, mesmo que seja a ultima vez. Só consigo lembrar-se dela no chão, quase morta chorando e machucada por causa do monstro do Miguel.

Balanço a cabeça espantando as minhas lembranças ruins. Ela deve estar bem. Assim espero.

Olho para a porta com esperança de que Arthur entra por aquela porta trazendo o meu sonho que eu pedi para ele comprar na padaria. Ultimamente ando comendo igual uma Drácula. Arthur me chama de ''buraco sem fundo'' por que como quase tudo o que tem na geladeira, especialmente se for algo muito gostoso.

Ontem mesmo Bruno quase jogou um vaso na minha cara por ter comido o bolo de chocolate que ele fez quase tudo, só deixei um pedacinho da finura de um dedo para ele. Eu ainda tive consideração de deixar um pedaço e mesmo assim ele queria me matar. Não tenho culpa se o bolo estava bom e dando bobeira na geladeira.

Se estiver lá é pra comer.

Bufo novamente.

Levanto-me e vou à cozinha, bebo um pouco de leite e dou uma espiada melhor na geladeira. Tinha uma torta de frango, porém estava escrito ''PROPRIEDADE DO BRUNO'', com uma letra enorme, grande o suficiente para deixar claro que não posso tocar naquilo, apesar de aparentar estar uma delicia.

Te odeio, Bruno.

Franzo o cenho e encolho as sobrancelhas.

Fecho a geladeira e escuto o barulho da campainha tocar. Assusto-me.

Quem seria?

Vou até a porta e penso duas vezes antes de abrir, depois de alguns minutos, escuto a voz dela.

Aquela voz doce e calma que muitas vezes sempre me ajudou quando mais precisava.

Abro a porta imediatamente e quando a vejo com os olhos cheios de lágrimas e uma expressão triste, me assusto ainda mais. Só consigo ver o cano da pistola apontada para a cabeça dela e uma risada assustadora se intensificar.

Quando o vejo tão nítido na minha frente dou um passo para trás. Ele estava mais assustador, seus olhos azuis estava brilhando como nunca. Parecia que acabara de ver um baú cheio de tesouro.

Meu corpo tremia, o gosto salgado das lágrimas tocava em meus lábios fazendo trilhos pelo me rosto. Não sabia se olhava para a senhora Ferraz ou para o monstro do Miguel que sorria feito um louco com a arma apontada para a cabeça da Senhora Ferraz.

Ela erguia as mãos em forma de rendição. Estava apavorada, assim como eu, mas tentava se controlar.

—M-mi-gu... —Gaguejo.

Obsessão PerigosaWhere stories live. Discover now