Capítulo 37

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Luiza narrando


—Quer dizer que a viu? Então ela está bem? –Pergunto com o coração palpitando.

Enquanto o bebê chutava, andava de um lado para o outro, apreensiva e, furiosa porque Théo além de estar bêbado, não falava muito. Um mês que se passou e eu não tive sequer um sinal de faísca da minha filha. Ela sumiu. Desapareceu. E eu tenho certeza que é por causa daquele traste do Miguel.

Qualquer pessoa consegue enxergar suas verdadeiras intenções. Sabe Deus o que minha filha passou com esse homem e tudo por culpa do desgraçado do Aluísio. Ele tirou a minha única chance de ser feliz ao lado da minha filha, não bastasse a dor de perder o Oliver. Devia ter insistindo mais em nossa relação. Devia ter aceitado morar naquele chiqueiro que ele gostava de chamar de casa, ainda assim iria ser feliz.

—Pelo amor de cristo. Diz logo Théo.

Ele se ergue do sofá e alcança o copo de vidro cheio de uísque e entorna o liquido para dentro da sua boca.

—Ela está com um cara... Um monstro.

Arregalo os olhos com as suas palavras que me deixaram ainda mais atordoada.

—Um rapaz? Quem?

—Não sei. Não faço ideia, mas ela não quis vir comigo, porque ela não me ama mais e eu não sei como fazer isso parar. Meu coração está doendo por causa da sua filha. Ela me odeia. E eu a amo. Inferno. -Disse choramingando.

Théo falava coisa com coisa, era difícil entender o que as suas palavras de fato queria dizer. Ele estava muito bêbado, a catinga de álcool exalava dos seus poros, e com isso o pouco que falava não me ajudava muito.

—Théo? Querido, por favor, tente se lembrar de onde a viu. Ela perguntou por mim? -Pergunto esperançosa.

Ele negou com a cabeça.

—Por que ela não quis vir comigo? Eu juro que iria me separar da Mariana e...

Agora ele chorava feito uma criança após se impedida de comer doce.

Não podia lidar com os problemas de Théo, sem antes achar a minha filha e cuidar dela como devia ter feito quando era criança. Quando a mesma foi retirada dos meus braços brutalmente.

Naquela época achei que depois de uma ou duas semanas, Aluísio iria trazê-la de volta, mas nada. Ele me maltratava, ameaçava-me com palavras duras e horríveis de ser ouvir. Eu sempre tive medo dele, e depois que ele levou a minha menina as coisas só pioraram.

Eu fui covarde. Que mãe em sã consciência não corre atrás da sua filha? Não denuncia o parceiro? Ou algo do tipo?

Mas me calei. Por medo, o que não é justificável. No fundo, bem lá no fundo, a ida de Emily para longe de Aluísio foi melhor. É errado pensar assim, mas ele não gostava de jeito nenhum da minha bebê e talvez, ele poderia fazer algo pior com ela. Não gosto nem de imaginar o que seria pior do que tirar uma filha dos braços da mãe.

A única forma de remedir dos meus erros e das minhas fraquezas é ir atrás da Emily, principalmente agora que precisa da minha ajuda.

—Ela está em Blumenau. —Disse Théo, olhando em meus olhos.

—Em Blumenau? —Repito.

De carro leva em cerca de seis ou sete horas. Não tão longe. Poderia usar o helicóptero, mas Aluísio iria desconfiar, além de não me deixar ir por causa da gravidez.

Obsessão PerigosaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora