Capítulo 30

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Emily narrando

Acordo com o barulho vindo da cozinha, tentei não abri os olhos, ainda estava com sono e muito, mais muito cansada, só que cada vez mais o barulho ficava mais alto e insuportável de se ouvir. Esfrego os olhos e lentamente abro as pálpebras, e a sala estava com as luzes acesas sobre mim. Que maravilha acordar assim!

Sento com a coberta fina em cima de mim, estava sentido muito frio. Passo o olhar pela sala e não tem ninguém, apesar das luzes estarem acesas. Levanto-me e vejo a porta do Bruno fechada, provavelmente deve estar dormindo.

Caminho lentamente até a cozinha, fazendo o menor barulho possível. Meu estômago começou a roncar, passo a mão na barriga como se fosse tranquilizar a fera que vivi dentro do meu estômago.

Fico parada na entrada da cozinha e assusto ao ver o tal do Oliver, sentado em frente à mesa comendo pão e tomando café puro.

Não sabia o que falar. Ontem à noite ele mal me olhou e nem dirigiu a palavra a mim, ou seja, saia daí agora Emily.

Dei um passo atrás e ele levantou o olhar para cima, me pegando de surpresa.

-Oi. -Digo meio sem graça.

Com certeza devo estar vermelha igual pimentão.

Ele não respondeu, simplesmente continuou comendo com ferocidade o pão de sal e em seguida deu mais uma golada de café.

-O Bruno... -Balbucio, abraçando meus braços, envergonhada.

-Ainda está dormindo. -Falou com a voz meio rouca.

Assenti, sem olhar em seus olhos. Mantive o olhar para o chão que estava estirado de panelas de alumínio. A cozinha já estava bagunçada de novo, e eu havia arrumado ela ontem à noite.

-Você me acordou, sabia garota? -Disse com uma voz alterada.

Arregalei os olhos sem saber o que falar sobre isso. Como assim eu o acordei?

Foi ele que me acordou, com essa barulheira toda.

-Eu? Foi você que me acordou. -Respondo com mais coragem, levantando o olhar para encara-lo.

Ele continuou sério e esfregou as mãos, tirando os farelos de pão. 

-Foi você que começou a gritar enquanto dormia, garota. Além de fazer um showzinho, me acordou. E eu odeio que me acorde, sabia? -Disse entre dentes.

Semicerro os olhos e respiro fundo. Será que eu falei enquanto dormia? Eu nunca falei dormindo, mas por quê agora?

-O que eu disse? -Perguntei curiosa.

Encostei uma parte do meu corpo na parede e notei a expressão brava que ele mantinha no rosto. Ele era meio careca, tinha um cabelo baixo, bem ralo. Seus olhos eram acinzentados, seus lábios eram finos e bem desenhados.

Ele não era feio, porém estranho, parecia fazer o tipo bad boy, um tanto marrento e mau humorado.

-Não me toca, Miguel, não me toca. -Repetiu com uma voz fina. Um pouco sarcástico demais.

Não me lembro de ter dito isso, mas quase não dormi direito essa noite. Com certeza devo ter tido um pesadelo com o demônio do Miguel, até em meus sonhos ele me perseguem. Até quando isso?

Abaixei o olhar, lembrando-me de que não posso ficar debatendo com o dono da casa que me abrigou.

-Desculpa. -Digo, sem graça. -Eu tive um pesadelo.

Obsessão PerigosaWhere stories live. Discover now