O Justiceiro

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//ASSISTEM O TRAILER DA FIC!!! BJINXX


A disposição das cadeiras em círculo indicava que logo aquele lugar estaria repleto de pessoas na mesma situação que a sua: haviam sido obrigados a frequentar as reuniões da pena que o juiz da vara da infância e juventude impunha a todos os adolescentes arruaceiros da cidade.

Reuniões semanais junto com a liberdade condicional e prestação de serviços comunitários em um asilo ali perto faziam parte do pacote por terem quebrado regras severas impostas pela sociedade, mas que precisavam ser cumpridas.

Se encontrava ali por um simples deslize e sabia que seus pais estavam chateados pela sua situação, afinal, não é todo dia que se enfia a mão na cara do sócio do clube que frequenta todo final de semana com a sua família pelo fato de que o infeliz havia maltratado um menino negro da sua escola, confundindo ele com o manobrista do local, humilhando o coitado em seguida.

Achava a situação engraçada, pois havia sido o único a sofrer as consequências pelos seus atos. Em contra partida o sócio metido se livrou de ser condenado por racismo após pagar uma grana alta de fiança e, muito provavelmente, ter corrompido o juiz.

Esse já era o quarto mês que ele ia toda quarta-feira ao local ouvir, falar e fingir estar interessado nas confusões alheias. Não se misturava com a meia dúzia de gatos pingados que brotavam por ali de vez em nunca.

Exceto naquele dia.

Aquela noite estava diferente e Thomas sentiu uma frio na barriga ao observar três rostos relativamente conhecidos espalhados pelo salão das reuniões semanais.

Um pertencia a uma das garotas mais populares da sua escola, onde a fama de galinha dela já havia alcançado seus ouvidos há tempos, embora nunca entendesse como aquela menina seria promíscua namorando justamente o garoto negro, motivo de estar ali naquele lugar. Ela parecia tão frágil e delicada, que custava acreditar nos boatos maldosos a seu respeito.

O segundo rosto era do capitão do time de basquete. Sabia que os dois eram ali água e óleo; não se misturavam de maneira alguma, nem se alguém agitasse o frasco com muita força. Thomas fazia o tipo descolado e andava com a turma mais alternativa do colégio, onde curtiam filmes, bandas de rock e muita adrenalina na companhia do seu skate, bem diferente daquele playboyzinho metido, sentado com cara de nojo a sua frente.

Nutria uma paixão por fotografia e lembrou-se de já ter fotografado escondido o terceiro rosto que encontrou na sala, acuado num canto.

Reconheceria aqueles traços frágeis e considerados perfeitos a ele e sua lente, em qualquer lugar do planeta, embora não lembrasse do nome do garoto de fisionomia triste e desconfiada.

Como de costume o Sr. Jorge, professor de história no período da manhã em sua escola e conselheiros dos jovens toda quarta no centro de reabilitação, pediu que os condenados se sentassem para uma conversa.

Iniciou o mesmo blá, blá, blá pertinente sobre certo e errado que Thomas já decorara de traz pra frente e de frente pra traz. Tentava disfarçar o quanto estava curioso em saber o porque o garoto nerd da sua escola se encontrava ali pagando por algo que fez.

Cogitou se ele roubara revistas em quadrinhos da banca de jornal, pois sua camiseta geek denunciava o gosto por aquele tipo de literatura passatempo, ou se havia esquecido a educação em casa e ultrapassado sem dó nem piedade uma velhinha na faixa de pedestres. Sério, Thomas não conseguia imaginar o motivo para o menino estar ali e como já era velho conhecedor do ritual de iniciação dos novatos que chegavam a cada mês, ao sinal do Sr. Jorge para formarem duplas para conversarem sobre suas vidas numa excitante troca de experiências, Thomas voou em direção ao loirinho franzino antes que alguém o roubasse dele.

WallFlowers - Newtmas FicWhere stories live. Discover now