"...você tem que me ensinar..."

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Twitter: ISBB5H


Narração: Camila

South Beach – Miami – Posto da Guarda – 14:10

A brisa suave refrescava meu rosto aplacando o clima tórrido daquele início de tarde ensolarado. No céu, o azul pomposo, o brilho amarelado do Sol e poucas nuvens. No chão, o azul do mar, único e elegante. Comprimi meus olhos analisando a extensão do oceano à minha frente enquanto ouvia a melodia harmônica que saía dos lábios da pessoa ao meu lado.

Sorri discretamente ao reconhecer a canção, mas antes de fazer qualquer comentário virei meu rosto na direção contrária, para a areia, até encontrar uma toalha vermelha estendida na superfície irregular e duas mulheres deitadas sobre ela. As duas figuras bastante conhecidas tinham os olhos fechados, biquínis minúsculos e sorrisos confiantes nos rostos.

– Para de encarar! – A voz ao meu lado exigiu em um sussurro nervoso assim que parou de cantar e voltei minha atenção para ela sem tirar o sorriso brincalhão do meu rosto.

– Gata, eu não sei o que você fez ou como fez, mas você tem que me ensinar, porque obviamente funcionou direitinho. – Respondi provocando-a.

– Camila, eu quero mais é que você se foda! – Um tapa acertou meu braço em cheio.

– Ugh, Mani... Que rude da sua parte. – Ajeitei meu corpo sobre a madeira da varanda do Posto abrindo espaço para que a morena se juntasse à mim. Ela me olhava hesitante e com uma sobrancelha arqueada e claramente desconfiada das minhas intenções. – Oh, vamos lá. Sente-se aqui comigo. – Chamei e ela enfim resolveu se juntar à mim. – Sabe... Ela tem um corpo de dar inveja.

– Camila, caralho! Cala essa sua boca! – Normani ralhou tentando me jogar da varanda. Soltei um grito de surpresa e agarrei suas mãos tentando recobrar o equilíbrio, mas não conseguia parar de rir e Mani se aproveitou disso para se desvencilhar do meu aperto. Rápido demais senti meu corpo escorregando pela madeira do deck e por fim o impacto da minha bunda contra a areia quente da praia.

– Porra, isso machucou, Mani! – Disse olhando para minha amiga alguns metros acima de mim e esfregando minha bunda com uma das mãos. – Isso vai deixar uma marca, merda. – Olhei ao meu redor e alguns banhistas me olhavam e riam da cena vergonhosa. O calor nas minhas bochechas me dizia o quão vermelha eu deveria estar e quando resolvi me levantar senti um par de braços me puxarem para cima com firmeza.

– Hey, você está bem? – O tom era divertido e tranqüilo.

– Oh, olá Dinah. – Me afastei da mais alta para tentar retirar o excesso de areia no meu short e notei que Ally também estava ali. Deus, que vergonha. – Obrigada pela ajuda. E olá para você também Ally. – Acenei e procurei por Normani, que já não estava a vista no Posto.

– Sorte sua ter essa bunda enorme, porque foi uma queda e tanto. – Dinah disse e cerrei o cenho me fingindo de ofendida. – Nem faça essa cara, você sabe que é verdade.

– Minha bunda e eu estamos realmente ofendidas com o seu comentário. – Respondi a primeira coisa que me veio à cabeça fazendo Ally gargalhar. – Se vocês me dão licença eu tenho que voltar ao trabalho agora. O dever me chama. – Pisquei para as duas amigas que voltaram para cima da toalha vermelha e lentamente caminhei de volta para o Posto.

Subindo a pequena rampa íngreme notei que agora a porta estava aberta e uma Normani muito séria se escondia sentada em uma cadeira, observando o mar ao longe. Seus dedos brincavam com tecido do seu short e seus lábios assoviavam a mesma melodia de antes. Essa era uma canção que eu só ouvia quando a morena não andava muito bem com seus próprios pensamentos.

Guarda VidasWhere stories live. Discover now