"...culpa é algo relativo..."

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Twitter: ISBB5H


Narração: Lauren

Miami – Condomínio Solar – Apartamento 12B

– Merda! – A de cabelos encaracolados ralhou atrás de mim e empurrou-me se aproximando da menor ainda tão frágil. – Quando Mila? Quando eles vieram?

Quem diabos eram "eles"? E o que fizeram com a minha pequenina? Fitei-a esperando alguma resposta para a pergunta da morena que de uma forma muito estranha parecia compreender o que se passava ali sem precisar das palavras de Camila. Meus dedos inquietos tamborilavam contra minhas coxas desejosos do calor da mais jovem. Desejando que fossem eles a confortá-la e não Normani.

– Lauren! Traga um copo de água. Agora!

Corri até a cozinha sem tirar os olhos da dupla. Normani se aproximou de Camila, enxugando as lágrimas que insistiam em brotar e sussurrando palavras que não pude ouvir enquanto a menor apenas assentia. Seus lábios vermelhos e carnudos mal se moviam, mas estava claro para mim que elas estavam se comunicando de maneira muito íntima e não pude deixar de me sentir mal, diminuída. Normani tinha acesso ilimitado ao coração e a alma de Camila e isso era tudo o que eu desejava ter para mim.

– Shh... Eu não vou deixar que isso aconteça de novo. Não vou deixar que entrem na nossa casa. Não vou deixar! – Mani dizia baixinho, ao pé do seu ouvido e isso parecia funcionar.

Alguns longos minutos se passaram até que a menor se acalmasse por completo e quando finalmente julguei ser propício limpei minha garganta chamando a atenção das duas mulheres.

– Camz... – Os castanhos embaçados ainda vacilavam tentando me dar a atenção devida. – O que está acontecendo?

Com algum custo Camila sinalizou para que eu me aproximasse e finalmente pude fazer o que tanto quis desde que a encontrei nesse estado tão lamentável, tê-la só para mim. Entregue e segura em meus braços. Onde ninguém a machucaria.

– Quem são "eles", Camz? Quem esteve aqui? – Perguntei tendo dois rostos em mente, porém dois rostos vazios de uma história que somente ela poderia me contar. Logo que voltei para o condomínio de Camila notei que o mesmo casal de alguns dias atrás saía pela portaria principal e apressei meus passos para ver se algo havia acontecido. Meu coração dizia que sim. Infelizmente eles foram mais rápidos que eu na hora de partir e percebendo que já não poderia alcançá-los sem o carro tentei interfonar para a pequena que eu sabia que me esperava em casa, mas não fui atendida. Após longos minutos Normani chegou e usou sua chave para entrarmos e para nossa total surpresa encontramos minha doce latina nesse estado.

– Lolo, eu...

– Por favor, Camila. Por favor, dessa vez seja honesta e responda-me. Quem esteve aqui? – Implorei sem medo de sua reação. Eu precisava de algumas respostas e não suportaria mais nenhum mistério além daqueles que já assombravam o nosso relacionamento. – Por favor, Camz. Eu preciso saber.

A pequena trocou olhares significativos com Normani antes de arrumar sua postura e voltar a falar. – Lauren.

– Diga a verdade, Camila. – Normani pediu para a nossa surpresa. – Eles estiveram batendo na nossa porta, pelo amor de Deus. Estavam aqui, em Miami, na nossa casa! Diga à Lauren quem são de uma vez por todas e acabe com isso.

– Eu... – As lágrimas tornaram a brotar nos lindos castanhos e seus lábios tremeram. – Por favor, ouça-me com atenção. É tudo o que eu te peço. – Suspirou e eu concordei. – Você se lembra da foto que tiramos da caixa no início da semana?

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