"...eles estavam aqui..."

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Twitter: ISBB5H


Narração: Camila

Miami – Condomínio Solar – Apartamento 12B

Não sei exatamente como foi que cheguei a esse ponto da minha vida, mas aqui estava eu agora, feliz novamente. Não tranquila, despreocupada ou satisfeita (adjetivos que me descreviam antes), mas feliz. Minhas contas estavam pagas, minha dispensa estava cheia e a água do meu chuveiro era quente. Normani estava bem e eu, bom, namorando.

Lauren.

Lauren...

A morena que chegou arreganhando as portas da frente da minha vida. De uma maneira nada ortodoxa ela caiu em meus braços naquele dia terrível na praia e desde então não deixou mais meus pensamentos. Minha culpa e o meu medo, porém, sempre tentaram afastá-la do meu coração e embora eu tenha prometido a Normani que estava distante dessa realidade, como eu continuaria negando essa terna verdade? Eu estava apaixonada. Irrevogavelmente apaixonada pela bela dona dos olhos verdes.

Umedeci meus lábios antes de cantarolar. – When things are moving so fast...

You don't have to take them in... – A doce voz melodiosa de Normani murmurando a estrofe seguinte da canção fez brotar um sorriso em meus lábios. Pisquei para tentar clarear minha visão já turva pela presença de algumas lágrimas indesejadas e continuei a fitar o teto do meu quarto quando senti meu colchão balançar suavemente. Os braços firmes e quentes me envolveram, protetores como sempre, e um beijo demorado foi depositado em minha cabeça.

– Não me dei conta de que estava cantando tão alto... Desculpe-me se te acordei.

– Ouvi-la cantando logo pela manhã é sempre uma coisa muito boa. Geralmente significa um dia de muito bom humor. – Mani confessou e estava coberta de razão. – Além disso, eu já estava acordada. Não que eu não goste da sua cama ou da sua companhia, mas eu realmente não durmo tão bem aqui quanto o faço no meu próprio quarto.

– Foi você que não quis dividir a cama com a Dinah. – Retruquei sem perder a chance de tocar no assunto.

– Ah Camila! Não vamos começar com isso de novo, não é? – Normani me soltou e afastou seu corpo do meu, encolhendo-se no outro extremo do colchão. – Você não estava em casa, seu quarto estava livre e liberado, Dinah e eu voltamos tarde e bêbadas da boate e eu não poderia deixá-la dormir naquele sofá, quero dizer, você sabe como aquele sofá é tenebroso.

– Gata, vamos jogar limpo aqui. Essa história de vocês saírem juntas para conhecerem homens... Você não caiu nessa, não é?

– Claro que não, bonita! Dinah pensa que me engana, mas eu sei que ela está tramando alguma coisa... Eu só quero dar corda até ela se enforcar. – Normani parecia bem entretida em seus planos. – Agora deixe isso para lá. Esse assunto é comigo!

– Tudo bem, não vou mais tocar no assunto. Você já é bem grandinha para saber o que faz e com quem faz.

Juntas voltamos a fitar o teto branco do meu quarto. Ali ainda estavam coladas um par de dezenas de estrelas adesivas fluorescentes. Logo que nos mudamos para esse apartamento Normani comprou os adesivos e os colou no teto para que todas as noites quando as luzes se apagassem eu pudesse ter as estrelas acima de mim. Mani sempre soube da minha fascinação por elas e que quando ainda morava com meus pais eu costumava fugir de casa quase todas as noites para me deitar sobre o céu estrelado. Aqueles eram os únicos momentos em que eu conseguia ter paz e me esquecer de... – E como foi à festa ontem?

Guarda VidasWhere stories live. Discover now