Lembranças do Futuro

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Era dia de Retiro espiritual na colina atrás do convento e a escolha do lugar era por motivos óbvios. A colina era cheia de arvores frutíferas e roseiras, porém não chegava ser uma floresta, afinal tinha que ser aberta o suficiente para que as freiras e os padres pudessem caminhar e serem vistos do monastério. Mesmo assim, era o lugar ideal para um retiro, independente de qual tipo ele fosse.

Eu estava caminhando próximo à mata mais densa, quando ouvi uma voz de uma mulher. Segui o som da voz e a achei. Era Sor Maria.

- Era uma vez um rapaz e uma moça de classes diferentes, mas que se amavam incondicionalmente. O pai da menina estava prestes a obrigá-la a se casar com um velho horrendo. Então um dia antes de seu casamento, o rapaz apareceu em sua casa, montado em um lindo cavalo branco. Beijou-lhe a testa, a mirou nos olhos e prometeu que iria ama-la e protegê-la, para o resto de sua vida. Ela o abraça, ganha um beijo nos lábios e os dois fogem para viverem... Felizes Para Sempre! - Empolgada, deu uma volta, fazendo seu habito rodar o máximo que podia, talvez para que se sentisse como uma princesa, de algum desses contos.

- Bonita história, Sor Maria! - Apareci de braços cruzados, controlando uma risada e a surpreendendo.

- Oh, céus! Como ousa me assustar desta maneira? Por muito pouco não terás de me levar inconsciente a enfermaria. - Disse irritada e com a mão no peito.

- Me desculpe essa não foi minha intenção. - Fiquei sério, me sentindo culpado. - Eu estava passando quando te ouvi e resolvi ver quem era a dona do conto...

- Não devia estar em seu retiro...? - Ela ainda tentava se acalmar.

- Você também... - Não a estava julgando, apenas tentando me explicar.

- Ok. Me desculpe se agi com ignorância.... Aliás, é bom que esteja aqui, quero lhe pedir perdão pela forma como venho agindo. Ba sabe quando uma pessoa tem más intenções e você parece não ter... - Dei uma pequena risada, era bom saber que não era o único que desconfiava de todos naquele lugar.

- Vejo que confia bastante em Ba... - ela confirmou com a cabeça. - Bem, não tenho o que perdoar, talvez eu agisse do mesmo modo, em seu lugar.

- Talvez... - deu de ombros.

- Então por que não recomeçamos? - Me aproximei e estendi o braço, para um aperto de mãos. - Muito Prazer em conhecê-la, sou Padre Aurélio. - Fiz uma reverencia, o que a fez rir e me deu a mão, onde dei um rápido beijo.

- Prazer, sou Sor Maria. - Me fez outra reverencia e rimos juntos. - Que coisa mais.... Desnecessária.

- Oh, é claro que é necessário. A primeira impressão é a que fica. - Expliquei.

- Você realmente tem resposta para tudo, não é? - Fiz careta.

- Não.... Se eu soubesse, minha vida seria bem melhor. - Pelo menos eu saberia como voltar para meu mundo. Me virei para sentar-se em uma pedra que estava próxima, enquanto tudo ficava em silencio,

- E então? Não vai me repreender por estar contando histórias de romance? - Questionou e a mirei novamente.

- Por que eu a repreenderia? Você pararia de pensar em romances se eu a proibisse ou castigasse?

- De maneira alguma! - Disse como se estivesse pedindo o impossível e sorri.

- Então só não deixe que ninguém mais descubra no que anda pensando, após entrar no convento. - Andou até a pedra onde eu estava e sentou-se ao meu lado, olhando o céu.

Sor Maria - O Espelho I (Sem Revisão)Where stories live. Discover now