A fuga

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- Lamento não poder leva-los a saída... - Sor Madalena se desculpou tristemente, na porta da enfermaria, comigo e com Anahí. Alfonso estava terminando de se vestir ainda. - Sei que foi apenas uma semana, mas neste tempo vocês me encheram de alegria e trouxeram mudanças consideráveis para esta velha enfermaria. Eu sentirei falta de tê-las por aqui.

- Eu também sentirei sua falta, Sor Madalena. - A abracei com sinceridade. - Obrigada por tudo, pelos conselhos, por todas as vezes que a fiz mentir para me encobrir e desculpe-me por tudo isso também. - Apesar da risadinha que dei, eu estava segurando as lágrimas.

- Não se preocupe criança, sua alegria sempre foi minha recompensa. - respondeu e rapidamente, fugiu os olhos para Anahí. - E você menina dos olhos tristes. Sei que a vida foi cruel com você, mas não deixe que isso a faça infeliz para o resto da vida. Tenha força e não perca a fé.

- Eu farei o meu melhor, Sor Madalena. - Anahí a abraçou forte, tão emocionada quanto. Assim que se separaram, Alfonso apareceu, ainda com sua aparência forçada de doente, mas que não deixava desconfiança.

- Padre Aurélio, aproxime-se. - Alfonso assim o fez. - Estou me despedindo das meninas, mas do senhor, desejo que seja apenas um até logo. Quero que continue se cuidando, tomando seus remédios e se esforçando para se curar o mais rápido possível.

- Eu farei o melhor que puder, Sor Madalena. - Ela lhe estendeu a mão e Alfonso a cumprimentou. - Cuide-se.

- Com toda certeza... E antes que eu me esqueça... - Sor Madalena se voltou a nós novamente. - Seria muito bom se vocês continuassem cuidando de pessoas que precisam de cuidados. Ambas levam jeito para cuidar do próximo.

- Levaremos isso em conta, Sor Madalena. - Anahí respondeu por nós, sabendo que por enquanto teríamos que cuidar apenas uns dos outros.

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- Ba! - a encontrei na saída do monastério, fui ao seu encontro e a abracei. Padre Pedro e alguns homens que preparavam a carruagem estavam mais afastados.

- Até parece que não esperava me ver aqui... - riu sarcástica.

- Eu não tinha certeza, afinal vamos nos ver logo... - cochichei, mas sua expressão foi de temor.

- Não é bem assim menina, se tudo correr bem, todos estarão atrás de vocês e eu serei o meio mais fácil de encontra-los. Se eu for até vocês, poderei não estar sozinha, mesmo com todo cuidado...

- Então não irei mais te ver? Por quanto tempo? - questionei apavorada. Ba sempre esteve por perto, na minha vida toda. Eu não sabia como ficaria sem ela. Meu peito estava apertado e o choro que não saiu com Sor Madalena, começava a querer sair a todo custo neste momento.

- Até que as coisas acalmem... - sua expressão angustiada mostrava que isso levaria um bom tempo. A abracei novamente e chorei em seus braços. Um verdadeiro abraço de despedida. - Não chore, Dulce... É hora de se concentrar. Não faça nenhuma loucura, faça tudo como combinamos e tudo dará certo. Não se arrisque por bobagens. Alfonso não é o único que depende de você. - essa ultima parte ela falou ainda mais baixa.

- Eu prometo que me cuidarei.

- Nós também cuidaremos dela, Ba. - Anahí afirmou me recordando que ela e Alfonso também estavam ali.

- Obrigada, querida, quero que uma cuide da outra. - Ba me deixou para abraça-la. - Cuidem para que ambas estejam longe de perigo e sempre o mais perto da felicidade que puderem.

Sor Maria - O Espelho I (Sem Revisão)Where stories live. Discover now