Recaída

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Acordei pronto para começar a seguir com o plano de Ba. Eu passaria os próximos dias na enfermaria, até que decidissem por minha transferência.

- Bom dia, Sor Madalena. - disse entrando em sua sala. Trazia os olhos baixos, tentando parecer o mais enfermo possível.

- Bom dia, Padre. O que você tem? - disse observando-me cuidadosamente.

- Minhas dores de cabeça voltaram e estou meio nauseado.

- Oh, Deus! Venha... - me dirigiu até a enfermaria. - Eu sabia que não era uma boa ideia você parar de tomar seu remédio. Fique aqui que volto rapidamente... - deixou-me sentado numa cama alta, típica de enfermarias e foi atrás do remédio.

O único paciente da enfermaria dormia neste momento, do outro lado do amplo salão. Ouvi barulhos de risadinhas e deitei rapidamente fechando os olhos.

- Como darei o remédio se o paciente dormiu? - era a voz de Dulce. Abri os olhos rapidamente e lá estava ela na beira da cama sorrindo.

- Dul... Sor Maria? - me corrigi rapidamente.

- Acho melhor você melhorar essa encenação, Padre Aurélio, não está convencendo... - Olhei para o outro lado e lá estava Anahí com a bandeja dos remédios.

- O que é isso? Um complô? - questionei surpreso e feliz de encontra-las.

- Bom dia pra você também amor... - Dulce se fez de ofendida.

- Bom dia, meu Anjo. - segurei seu rosto e lhe beijei a testa. Constrangida e preocupada, se afastou rapidamente.

- Aqui não...

- Vocês são ótimos atores... - Anahí revirou os olhos e puxou o biombo que rodeava a cama e tapava a visão de quem entrava no quarto. - Assim fica melhor... Vou ficar aqui fingindo preparar o xarope. Sor Madalena não demora a voltar. - Anahí ficou do outro lado da cortina.

- Não precisava, Anahí... - Dulce tentou convence-la de que não atrapalharia.

- Imaginei que só iria vê-la no almoço, ou pelos corredores. - continuei o assunto quando Anahí não respondeu.

- Falei com Sor Madalena ontem à noite e sou a nova ajudante dela. Como às vezes mandam Anahí para ajudá-la, acabamos nos encontrando aqui.

- Tudo isso para cuidar de mim? - conclui e ela sorriu.

- Para cuidar de todos os doentes... - fez careta, sem querer assumir.

- Não... - mordisquei seu lábio. - quero tratamento exclusivo e diferenciado.

- Vou pensar... - pensou rápido o suficiente para responder-me com um bom beijo, que não durou muito.

- Sor Madalena... - Anahí voltou para avisar. Dulce foi para perto dela e voltei a deitar-me rapidamente. Anahí disfarçou, mas percebi que estava rindo de nossa tentativa de namoro escondido.

- Vejo que minhas ajudantes já o estão atendendo. - Sor Madalena se aproximou e encostou a mão em minha testa, verificando se estava com febre.

- Sim... Sor Madalena, não quero ter uma recaída, quero continuar com meu cotidiano no monastério. Não quero entupir-me de remédios. - expliquei temendo dormir pelo resto da tarde.

- Acalme-se. Se, ao menos hoje, não tomar seu remédio, as coisas podem se complicar. - Sor Madalena decretou e eu não sabia o que fazer. - Apenas uma colher Anahí.

Sor Maria - O Espelho I (Sem Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora