Toda a verdade

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Eu estava tão ansiosa para saber toda a verdade, que fui uma das primeiras a subir a colina para o retiro e fiquei impaciente a espera de Alfonso. Alguns minutos que duraram uma eternidade.

- Demorei? - questionou assim que chegou.

- Não sei exatamente. - levantei da pedra onde costumava sentar-me, pronta para ir. - Só quero chegar logo e ouvir tudo o que você e Ba tem para contar.

- Ok... - beijou-me a testa e seguimos pela trilha da floresta. Andamos em silêncio até metade do caminho, quando ele quebrou o silêncio. - Dulce, espere! - me fez parar. - Eu... Não sei exatamente porque, mas preciso te contar que não é a única que esta indo atrás de respostas. Desconheço uma parte da minha história que apenas Ba pode esclarecer e creio que isso acontecerá hoje. - Seu olhar pareceu confuso, triste... Aproximei-me e lhe acariciei o rosto, relembrando o que toda essa história costumava me fazer esquecer em momentos de tensão: que ele era o homem da minha vida. Neste momento ele parecia precisar de mim tanto quanto eu necessitava dele.

- Desculpe-me, eu não sabia... Aliás, sei que não tenho sido a mesma com você, mas estou sabendo ainda menos do que sabes sobre si mesmo, pode compreender-me?

- Sim, Anjo. Eu só queria que soubesse. - abriu um pequeno sorriso.

- Desculpe-me se tenho parecido fria, ou invencível, só quero esclarecer tudo de uma vez, para que tudo volte ao normal... - me abraçou e continuei mirando em seus olhos. - Mas sei que está sempre ao meu lado e eu estarei ao seu hoje e sempre.

- Eu sei que sim, Vida. - lhe beijei os lábios delicadamente, sentindo todo aquele misto de sentimentos novamente.

- Posso te perguntar uma coisa? – questionei decidida a tirar uma duvida de minha cabeça.

- Claro, que comece o interrogatório. – deu de ombros e fiz careta.

- Ainda não... Só queria saber se você é bruxo ou feiticeiro, como Ba...? – senti um pouco de vergonha de perguntar, mas eu precisava. Ele deu risada antes de responder.

- Não, meu anjo. Estou mais para vitima de algum tipo de feitiçaria... – ele ainda sorria, mas seu olhar ficou triste novamente. Pelo menos essa duvida não me atormentaria mais. Logo voltamos a andar, aparentemente menos ansiosos e mais juntos. Caminhamos de mãos dadas lado a lado.

Ontem Alfonso havia deixado claro o quanto me amava, chicoteou suas próprias costas por mim e deixou-me chicoteá-lo, em um ato insano de ambos... O que me deixa extremamente constrangida... Não sei como pude chegar a tal ponto, nem mesmo posso entender como Alfonso pode continuar ao meu lado depois de tudo.

Ouvimos um rugido e logo Lia apareceu desfilando toda sua beleza perigosa.

- Ola Lucy! - Alfonso parou e fui até ela.

- Ola, garota! - Lucy aproximou-se dengosa, lhe cocei as orelhas e a abracei brevemente. - Não posso ficar muito, Ba me espera. - a soltei e Lucy saiu na frente, para sua posição deitada a frente da casa. Logo a alcançamos.

- Ba...! - a chamei assim que entramos.

- Só um segundo! - respondeu de seu quarto secreto e mirei Alfonso por um segundo.

- Nem imagino o que esta fazendo... - deu de ombros. Não que eu aceitasse realmente que ele sabia.

- Pronto...! - Ba apareceu na porta do quarto, forçando claramente um sorriso. - Sei que quer que eu vá direto ao ponto, filha. Então, antes de contar qualquer coisa, quero que veja algo que será a prova para tudo que conversaremos... Por favor venham até aqui... - Alfonso e eu nos entreolhamos, mas logo me influenciou a seguir e fui. Ba entrou nos aguardando, mas paramos na porta. Era um quarto com pouca luz e com uma estante enorme em uma das paredes, mas o que impressionava eram os papéis escritos e colados no restante delas, por todos os lados.

Sor Maria - O Espelho I (Sem Revisão)Where stories live. Discover now