Aliada?

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Mal consegui dormir esta noite e quando finalmente entrei no mundo dos sonhos, encontrei com o principal responsável de minha insônia: Alfonso. Perdi o horário e Anahí ficou um bom tempo em minha porta apressando-me. Quando sai, me contou que havia ouvido uma conversa onde Padre Pedro pedia a Padre Aurélio para que arrumasse a capelinha desativada ao lado da enfermaria, pois lhe faria bem estar mais rodeado pelo ambiente sagrado da igreja, que talvez lhe ajudasse a voltar a celebrar missas e suas funções de antigamente. Padre Pedro disse que lhe enviaria Anahí para ajuda-lo e Padre Aurélio pediu que também enviasse a mim.

- A mim? Mas ele deu algum motivo? – questionei com medo da resposta, a caminho do pátio.

- Disse que te acha muito esperta e muito consciente de toda a rotina do convento. Para ser sincera, achei estranho..., eu sei que eres realmente esperta e sabe a rotina, mas sabemos que não é por vontade, nem por gosto... – Ela me fez parar e mira-la. – Há algo que esteja acontecendo e queira contar-me? – senti minhas pernas tremerem.

- Ora, não sejas tonta! – quase gaguejei, desviei o olhar e voltei a caminhar. – O que poderia estar acontecendo de diferente neste lugar?

- Você chegar de um retiro feliz e sorridente, como se houvesse encontrado seu príncipe azul? – era obvio que ela desconfiava.

- Isso só seria possível se houvessem príncipes azuis, ainda mais em um monastério. – Havia. O meu! Mas ela não precisava saber disso. Também não havia tempo para resposta, Padre Pedro e Madre Pacifica estavam vindo em nossa direção.

- Bom dia, Sor Maria, Sor Guadalupe...! - Cumprimentamos Padre Pedro beijando-lhe a mão. - Que bom encontra-las juntas, quero que ajudem Padre Aurélio a arrumar a capela ao lado da enfermaria. Vamos reativa-la e acredito que isso fará bem a cabeça de Padre Aurélio.

- Acho que posso contar com o bom comportamento de vocês, ou estou errada? – Madre Pacifica questionou mirando-me... Acho que não era a noviça mais confiável deste lugar.

- Sim Madre! – respondemos juntas.

- Ótimo! Padre Aurélio esta ciente que, a qualquer problema, devera me comunicar. – Madre Pacifica alertou novamente.

- Não creio que teremos problemas Madre. – Padre Pedro disse confiante. – Agora podem ir.

- Com licença. – pedimos e seguimos para capela.

- Tenho certeza que Madre Pacifica também não engoliu esta história de Padre Aurélio quanto a você. – Anahí insistiu.

- Ela só deve achar estranho um padre gostar de mim. – eu também achei, no começo... Viramos e entramos na capela, mas ela parecia estar vazia.

- Padre Aurélio? – lhe chamei.

- Acho que ele não esta. – Anahí procurou com a cabeça e entrei mais um pouco o procurando.

- Bom dia! – sua voz veio de trás de nós e meu coração disparou de imediato. Virei rapidamente, tentando controlar um sorriso, que ele também tinha em seu rosto. Estava chegando com caixas de madeira.

- Bom dia Padre Aurélio. – Anahí, que havia tomado um belo susto, o cumprimentou primeiro. Ele segurou sua mão e a beijou. Não é algo normal, para um padre, beijar a mão de freiras, o certo é acontecer o inverso e assumo que vê-lo beijando a mão de outra mulher me incomodou. Mas logo ele se dirigiu a mim, sorridente e mirando-me fixamente, a ponto de me deixar sem ar.

Sor Maria - O Espelho I (Sem Revisão)Where stories live. Discover now