Vida Nova

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A sensação de estar livre se intensificou ainda mais quando subimos nos cavalos que Jonas trouxe para nos levar até nossa nova casa. Alfonso me surpreendeu ao cavalgar tão bem quanto um homem normal desta terra. Eu me segurava em sua cintura, sentindo o vento em minha pele, enquanto admirava os campos verdes por onde cavalgávamos.

Carmem e Anahí iam a nossa frente mostrando o caminho. Leonardo ia entre os dois cavalos, numa cavalgada solitária após demonstrar toda sua coragem e bravura tentando impressionar Anahí, que neste momento, apesar de parecer feliz, ainda estava desconfortável com o mundo externo ao Monastério.

Jonas não veio conosco, continuou seguindo os cavaleiros. Ele queria se certificar que, caso fossemos descobertos, teríamos tempo de chegar à segurança da nossa nova casa.

- Vejam... – Carmem diminuiu a velocidade por um instante... – Ali esta a casa onde irão morar e ao lado esta minha casa. – Apontou para o horizonte e Alfonso como um garoto que acaba de ver um brinquedo, disparou em direção a casa, deixando todos para trás.

- Tenha cuidado, Alfonso! – pedi, mas sorri entendendo a felicidade que surgia dentro dele.

Enquanto corríamos, eu avaliava nosso novo endereço. Nossa casa era muito charmosa, feita de madeira firme, não parecia ser grande, mas parecia ser tudo o que precisávamos. Ba havia deixado vasinhos de flores decorando a pequena varanda da frente e a paisagem do pequeno povoado em meio ao campo, atrás da casa, me deixava com a sensação de estar em um quadro de algum pintor famoso.

A casa de Carmem não era exatamente ao lado, havia um bom espaço entre as casas e havia uma distancia maior ainda entre nossas casas e as casas dos nossos vizinhos mais próximos. É compreensível que a casa de Ba seja mais isolada, mas só havia um motivo para casa de Carmem e Jonas serem tão próxima e tão isolada das demais, quanto a de Ba: eles compartilhavam segredos parecidos. Talvez Carmem fosse uma velha amiga de Ba e soubesse que ela era uma bruxa... Ou talvez a própria Carmem, ou Jonas, também sejam bruxos... Mas isso não importa, se Ba confia neles, nós também podemos confiar.

- Chegamos! – Alfonso parou o cavalo e desceu rapidamente.

- Sabe que ao entrar comigo por aquela porta estará se comprometendo a viver para sempre ao meu lado, não sabe? – Escondi meu sorriso e o mirei seria.

- Não tenho muitas escolhas... – fez pouco caso enquanto me ajudava a descer do cavalo e lhe dei umas boas tapas, que no lugar de dor o fez rir e me prender em seus braços. – Não seja boba, o que mais quero é começar de uma vez essa vida ao seu lado. – beijou meu nariz, me fazendo rir.

- Nós já começamos. – ele me pôs no chão e buscou meus lábios, mas não deixei passar de um pequeno beijo. – Não me sinto confortável te beijando na frente de pessoas que a pouco nos viu como Padre e Freira... – apontei para Carmem e Leonardo se aproximando e ele riu.

- Acostume-se, eles são nossos novos vizinhos. – deu de ombros e se afastou para ir ajudar Carmem e Anahí a descer do cavalo.

- Obrigada, Alfonso! – Anahí agradeceu sorridente e veio até mim com os olhos fixados na casa. – Então é aqui que iremos morar?

- Sim! Esta é nossa nova casa irmãzinha. – a abracei tão feliz quanto.

- Nem posso acreditar que finalmente conseguimos... – disse com os olhos marejados.

- Oh, Any, não chore! Estamos livres, não há mais motivo para tristeza. – a repreendi e ela sorriu.

- Sua amiga tem razão Anahí, imagino que não deva ser fácil viver aprisionada contra a sua vontade, mas veja ao seu redor. – Carmem disse ao se aproximar. - Não é uma casa enorme, cheia de empregados ao seu dispor, mas é o suficiente para recomeçar.

Sor Maria - O Espelho I (Sem Revisão)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora