Cap. 6 - Good bye, school

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"O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada. O tempo só tira o incurável do centro das atenções."

(Autor desconhecido)

Antes que eu sequer notasse, já era sábado. O dia da tão esperada formatura havia chegado e eu não estava nem um pouco preparada. Depois do evento ainda teríamos algumas semanas de aula e em janeiro faríamos uma viagem com toda a turma para comemorar. Eu não estava muito no clima para tudo isso, mas decidi ir mesmo assim porque queria dar um tempo aos meus pais. Eu não aguentava mais ouvir minha mãe chorar e sabia que ela sentia o mesmo em relação a mim.

Quando alguém que você ama morre, é impossível saber o que fazer. Todos te dizem, e você sabe, que deve continuar, mas não é tão fácil quanto parece.

- Olá! – Laís entrou no meu quarto e tirou meus cobertores. – Temos que começar a nos preparar!

- Laís.

- Sim?

- Cadê a minha amiga? – Pronunciei as palavras com uma voz arrastada devido ao sono e escondi meu rosto com o travesseiro. - Eu quero de volta aquela pessoa preguiçosa.

- Ela está extremamente contente por se formar finalmente!

- Ok – encarei-a. – Essa rima foi estranha e desnecessária.

Ela riu.

- Estou sentindo um odor daqui!

- Toma banho que passa – falei lentamente.

- Ahãaa – fui chacoalhada. - Vai lavar esse cabelo agora!

- São – olhei no meu celular que estava debaixo do travesseiro – nove horas da manhã! Você tem noção do que isso é? É definitivamente um horário para dormir!

- E-MA-NU-EL-LE – ela sentou em cima de mim e ficou pulando.

- Ok – me levantei, com dificuldade para empurrá-la. - Já estou indo, mamãe.

Lavei meu cabelo enquanto Laís conversava com meus pais sobre alguma coisa que não me interessou. Depois disso (e do café da manhã), nós fomos a um salão.

Minhas unhas foram feitas por uma mulher que não parava de falar sobre como óleo de coco faz bem para o cabelo. Outra mulher terminou de secar meu cabelo e o preparou, dizendo que eu amaria o resultado. Enquanto isso, senti uma moça depilando as minhas pernas sob o comando de Bia. Sim, Bia chegou algum tempo depois.

Minha axila também foi depilada e eu senti o local arder por alguns minutos. Fazia um tempo que eu apenas raspava.

Mais algumas horas de sofrimento e finalmente ouvi alguém dizer que havia acabado.

Analisei meu reflexo no espelho e sorri. Meus cabelos estavam cacheados e presos numa cascata. Minha pele brilhava devido aos óleos que me pediram para passar após a depilação. As unhas estavam pintadas de preto.

- Vamos ficar tão lindas à noite! – Bia disse empolgada.

Eu concordei e reprimi todas as lágrimas que pediam para serem liberadas quando me lembrei de que meu avô sonhava em ir na minha formatura.

~~~~♥~~~~

- Filha – minha mãe entrou no meu quarto com os olhos cheios de água, – você está tão linda!

- Não chora mãe!

- Não consigo! – Ela me abraçou. – Seu avô ficaria orgulhoso.

- Ah não, mãe – falei – assim eu vou chorar também!

Corações EscondidosDonde viven las historias. Descúbrelo ahora