Cap. 36 - Two years later

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"Apenas viva bem. Apenas viva."

— Como Eu Era Antes de Você

Julho de 2018

Dois anos se passaram desde que vi Eduardo pela última vez. Eu passei no vestibular e não poderia estar mais feliz cursando jornalismo. Além da faculdade, eu procurava fazer cursos de escrita criativa, construção de personagens e coisas do tipo. Também comecei a escrever algumas histórias e poemas. Consegui um estágio num jornal famoso de Copélia, mesmo que isso não fosse algo muito grande.

Eu continuei indo à igreja, mas não mais a de Eduardo, é claro. Não conseguiria encará-lo sempre e permanecer com a minha escolha. Laís e Bia passaram a me acompanhar e entregaram suas vidas a Jesus também.

No início, foi muito difícil, mas eu consegui alcançar meus objetivos aos poucos. Desde que entrei na faculdade, decidi cumprir metas e desafios semanais. Toda semana eu aprendia algo novo ou me arriscava em alguma coisa. Podia ser algo pequeno, como fazer um cartão de crédito, ou algo grande, como tirar a minha carteira de motorista. Sentia que isso estava me ajudando a me tornar uma adulta mais independente, embora tivesse parado de trabalhar para me dedicar ao estágio e à faculdade.

O meu relacionamento com Deus também mudou muito. Eu lia a Bíblia todos os dias, falava com ele e procurava ouvir sua voz. Não me permiti ficar acomodada nessa área. Eu sempre buscava avançar, lia livros cristãos, ouvia mensagens, ia ao pequeno grupo da igreja e ajudava outras pessoas a conhecer Jesus também.

- Oláaaa – Laís falou toda empolgada enquanto me abraçava. Eu havia acabado de chegar em sua casa para uma noite de pijama. – Eu tenho tanta coisa para te contar! Você não vai acreditar no que aconteceu! Sabe com quem eu saí?

- Quem? – Perguntei curiosa, colocando as barras de chocolate e o pacote de M&M em cima da mesa.

- O Gustavo! – Ela abriu um sorriso enorme. – Ele foi tão fofo, me comprou flores e pagou tudo que nós comemos.

Nós fomos para a sala, onde os colchões já estavam preparados.

- E o Felipe? – Sorri maliciosamente e me sentei em um dos colchões.

Eu mantive o contato com Felipe ao longo do tempo. Nós não falávamos muito sobre Eduardo, mas ele me contava umas coisinhas e eu tinha certeza de que ele o atualizava sobre a minha vida também. Ele se encantou por Laís assim que a conheceu, um mês atrás, e a pediu em casamento no mesmo dia. Ela disse que não, é claro, mas ele não desistiu. Desde então, ela o evita a todo custo e ele faz de tudo para irritá-la. É uma relação estranha. Ele quer conquistá-la, mas os dois não param de brigar.

- Ah – ela suspirou e revirou os olhos. – Eu sabia que você iria falar dele. Você sabe que eu não suporto aquele jeito convencido dele! "Ui, eu faço Direito e blá blá blá". – Ela tentou imitar a voz dele enquanto fazia careta e eu ri.

- Você já sabe o que acho – respondi e liguei a TV. – No fundo, você gosta dele e todo esse amor reprimido de vocês dois um dia terá que ser liberado. E eu vou estar sentada na primeira fila para ver isso acontecer.

- Você é uma péssima amiga! Sempre fica do lado dele.

- Não – falei, convicta. – Eu estou do lado do amor.

- Mudando de assunto... você vai à festa da Paula?

- Acho que não – mordi o lábio, pensativa. – Preciso fazer um trabalho enorme da faculdade. E é em grupo, o que só dificulta tudo ainda mais.

- Entendi – ela prendeu os cabelos cinzas em um coque alto, subindo os óculos em seguida. – Vou mandar mensagem para ver se a Bia já está chegando.

Acordei me sentindo péssima. Já passava de onze da manhã e as meninas pareciam mortas. A perna de Bia estava em cima da cintura de Laís, que dormia abraçada a um pacote de chips. Ao me aproximar, percebi que – além de estar com a boca arreganhada – Laís tinha os olhos meio abertos. Tirei uma foto da cena e me vesti. Eu precisava começar a fazer minhas coisas o mais rápido possível. Além disso, meus pais estavam viajando e minha irmã havia ficado em casa com minha prima.

Entrei no carro que meu pai havia me emprestado e dirigi até minha casa. No caminho, passei a mão pelo colar de estrela mais vezes do que gostaria. Dirigir sempre me lembrava dele. Quando cheguei, percebi que estava chorando e não havia notado.

Minha irmã me abraçou assim que me viu entrar no quarto. Ela estava sozinha, então supus que minha prima já havia saído. Ficamos abraçadas enquanto a pequena passava a mão pela minha cabeça e repetia o que ela sempre me dizia.

- Vai ficar tudo bem. Vai passar. Vai doer menos com o tempo.

Antes, ela fazia isso todo dia. Mas já fazia mais de um ano que eu não chorava por ele.

- O que aconteceu? – Ela perguntou, parecendo entender muito mais do mundo do que eu.

- Hoje foi o dia que ele me pediu em namoro – balbuciei, ainda molhando seus braços com minhas lágrimas. – E eu estou na TPM.

Nesse tempo, entendi que é muito difícil seguir em frente depois de um relacionamento ruim, porém é ainda mais difícil seguir em frente depois de um relacionamento incrível. Deixar todas as possibilidades para trás doía muito. Saber que poderíamos estar felizes juntos doía muito. Mas eu tinha feito uma escolha e não me arrependia dela.

Acho que Carol também cresceu muito junto comigo. Ela foi tão forte. Às vezes, quando eu estava triste ou desanimada, ela colocava uma playlist de músicas agitadas e me obrigava a dançar até que eu esquecesse de tudo. É claro que eu também cuidei dela. Meu jeito de fazê-la rir era colocar um filme de comédia péssimo e fazer pipoca com queijo e bacon.

Dormi nos braços da minha irmã. Eu realmente não estava bem. Levantei me sentindo enjoada e vomitei tudo que comi na noite com as meninas. Não contei nada para meus pais, pois sabia que eles ficariam preocupados e não poderiam fazer nada.

Escutei a campainha tocar e gritei para que minha irmã atendesse enquanto eu terminava de vomitar minhas tripas.

- MANU! – Ela gritou. – Tem alguém aqui para te ver.

Lavei minha boca correndo e fui até a porta, vestindo uma roupa velha e manchada de tinta de cabelo. E eu esperava encontrar qualquer pessoa, exceto Eduardo ali. 

~~~~♥~~~~

Oláaa, pessoas da minha life!

Oláaa, pessoas da minha life!

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Espero que tenham gostado!

Pão de beijo,

Lari.

Corações EscondidosWhere stories live. Discover now