Cap. 26 - Birthday

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Eu estava fazendo brigadeiro e imaginando como seria o meu primeiro dia no cursinho. Coloquei o doce para esfriar e fui ver se Caio estava bem.

- Manu – Ele falou. – Eu vou fazer cocô. Sei que preciso ir porque eu peidei quinta e duas vezes hoje. Mas eu não quero ficar lá sozinho. Vem comigo?

- Mas você já sabe fazer sozinho – respondi. – Eu posso ficar na porta e cantar aquela música, o que acha?

- Tudo bem.

Ele entrou no banheiro e fechou a porta. Comecei a cantar a música que eu havia o ensinado.

"Cocô, cocô, cocô, você é meu amigo. Cocô, cocô, cocô, você é meu amigo! E no banheiro... a solidão é profundaaa. A bosta bate na águaaa... e a água bate na bundaaa! Mas você, cocô, cocô, cocô... você é meu amigo!"

- Acabeeeei – Caio abriu a porta e saiu correndo.

Eduardo se agachou para abraçá-lo. Ótimo. Ele ouviu a música do cocô.

- Oi – ele falou para mim.

- Oi.

- Sabe, talvez você tenha um dom para a música – ele disse sorrindo.

Fiz uma careta.

- Ela tem voz de bicho – Caio falou.

- Não dá para esconder, né Caio? – Falei, rindo.

- Bom... – Eduardo colocou suas coisas no sofá. – Como você disse que odeia segundas-feiras, eu decidi deixar suas segundas mais felizes.

Ele me entregou um copo daquelas lojas chiques de café. O líquido era amarronzado e tinha um cheirinho bom.

- É um frappuccino de chocolate – ele disse. – Espero que goste.

- Eu amo qualquer coisa de chocolate e qualquer coisa que esteja nesses copos legais de café – respondi. – É como se eu estivesse em um seriado de advogados.

- Espero que consiga resolver o nosso caso – ele arqueou uma sobrancelha.

- Eu também.

~~~~♥~~~~

Pesquisei o facebook de Eduardo e consegui descobrir sua data de aniversário. Era 18 de Fevereiro. Assim que fechei o aplicativo e guardei o celular, uma mulher baixinha entrou na sala. Era a professora de matemática.

Respirei fundo, preparando-me para enfrentar aquele ano. Um ano trabalhando e estudando, decidindo o que eu faria pelo resto da minha vida. Todas as pessoas passam por isso. Todos precisam enfrentar esses momentos. Todos precisam crescer. Aguentar a pressão. Aceitar. Seguir em frente. E essa foi a primeira vez que a frase da minha mãe fez todo sentido para mim: você não é todo mundo. Eu queria não ser, mãe.

PARTE II (EDUARDO) - 10 dias depois...

Embora eu amasse medicina, não aguentava mais ouvir o meu professor falar. Era meu aniversário e minha cabeça estava explodindo de dor. Tudo que eu queria era chegar em casa e deitar na minha cama. Implorei para os meus pais não fazerem nada, avisei todos os meus amigos que eu só queria descansar e adiantei todos os meus trabalhos e deveres. Precisava concluir a minha pesquisa sobre saúde mental e exame clínico urgentemente.

Minha família me recepcionou assim que botei os pés em casa. Fiquei surpreso ao ver que todos estavam ali para me parabenizar. Era difícil conciliar os nossos horários. Ganhei um novo celular de presente... meus pais sabiam que eu estava precisando. Caio me deu um desenho de nós dois. Prometi que colocaria na parede do meu quarto.

Corações EscondidosWo Geschichten leben. Entdecke jetzt