Cap. 25 - Take Risks

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A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.

- Desconhecido

Era 13:45 e eu estava em frente ao Hospital da Borboleta. Meu cabelo alto, inquestionavelmente bipolar, estava preso em um coque no topo da cabeça.

- Obrigada pela carona mãe – falei, enquanto saía do carro. – Espero poder dirigir em breve!

- Já disse que estou ajustando tudo para você poder fazer as aulas de direção! – Ela sorriu. – Paciência, gafanhoto!

Aquela sensação estranha de quando você está sozinha em um lugar aleatório me atacou. Várias pessoas estavam vestidas de palhaço ou bailarina, algumas pintavam os rostos e outras escreviam em cartazes. Todos estavam rindo e conversando em frente ao hospital. Eu não fazia ideia do que estava fazendo ali.

Eduardo me viu após alguns minutos e caminhou na minha direção.

- Que bom que você veio! – Ele sorriu e me beijou na bochecha. Tentei não reparar no fato de que era a primeira vez que ele fazia isso. – Venha, vou te apresentar para algumas pessoas.

Andamos até aquele grupo de pessoas animadas e ele me apresentou a uma garota chamada Alícia. Ela parecia indiana e tremia constantemente. Havia antenas de borboleta em sua cabeça e corações nas suas bochechas.

- Oi, prazer! – Ela falou e apertou minha mão. – Antes de tudo, eu tenho paralisia cerebral e é por isso que fico tremendo e, às vezes, tenho um pouco de dificuldade para falar ou fazer determinados movimentos. Por favor, não fique constrangida! Você não precisa falar nada sobre isso.

Ela falava como alguém que estava acostumada a repetir o pequeno discurso para as pessoas.

- É um prazer também, Alícia – respondi. – O que vocês vão fazer exatamente?

Eduardo pediu licença e saiu para fazer alguma coisa, falando para Alícia dar um jeito em mim.

- Nós somos da igreja de Eduardo – ela respondeu. – Uma vez por bimestre nós vamos a um hospital e trazemos um pouco de diversão e alegria para os pacientes. Mas também fazemos isso nas ruas e em diferentes lugares todo mês.

- Legal.

- É muito legal. E agora... vamos dar um jeito em você!

Fomos até uma mesa em que outras pessoas se arrumavam. Enquanto Júlia, uma garota pequena de cabelos crespos e volumosos, fazia uma borboleta na metade da minha cara, Alícia me enchia de pulseiras e colares coloridos. Reparei que Júlia tinha os braços cheios de tatuagens.

- Falta alguma coisa – Alícia me observava.

- Já sei! – Júlia pegou uma saia rosa enorme e me entregou.

Depois que a coloquei por cima da minha calça, as duas disseram em sincronia:

- Perfeito!

Júlia chamou Eduardo, que havia se vestido de palhaço.

- Ela não ficou linda? – Alícia o perguntou.

- Radiante – ele assentiu.

- Vocês precisam tirar uma foto juntos! – Júlia pegou o celular.

Eduardo colocou seu braço nas minhas costas enquanto Júlia sorria para o celular. Torci para que eu tivesse saído bem na foto.

- HORA DE COMEÇAR, PESSOAL! – Um cara gritou, abanando as mãos para chamar a atenção de todos.

Corações EscondidosOnde histórias criam vida. Descubra agora