"O problema das pessoas é que elas esquecem que na maior parte do tempo o que importa são as pequenas coisas."
(Por Lugares Incríveis, Jennifer Niven)
A segunda-feira chegou mais uma vez. Faltava uma semana para o início do curso, o que era bom porque me permitia adaptar ao trabalho primeiro. Acordei cedo e tentei me deixar apresentável, o que talvez seja eufemismo. Isso porque eu pranchei meu cabelo, passei rímel e escolhi uma das melhores roupas para... ver a Kátia. Ah sim, a Kátia era ótima. Sem contar que Caio tinha que querer ficar com sua babá e não fugir porque a cara dela de sono parece uma coruja morrendo.
O horário normal seria de oito da manhã até cinco da tarde, porém Kátia havia pedido que eu chegasse mais cedo naquele dia para que ela pudesse me passar as instruções.
- DU – ouvi uma voz feminina. – Abre a porta, por favor.
Tentei mandar estímulos para o meu bulbo, tentei ordenar que ele diminuísse minha frequência cardíaca. Mas ele não quis me obedecer e se rebelou ainda mais assim que pus os olhos em Eduardo.
- Oi, Emanuelle – ele sorriu. – Fique à vontade. Preciso correr porque estou atrasado.
E, simples assim, ele sumiu. Estranho. Estranho. Estranho.
- Querida – Kátia disse, sorrindo e deixando um pano na mesa -, tudo bem com você?
- Sim – não. – Estou ótima.
Ela começou a me dar milhares de instruções. Tentei criar notas mentais no início, mas depois percebi que era impossível e comecei a anotar no meu celular. Nada era muito complicado, mas queria ter certeza de que me sairia bem.
- Bom – ela disse, com a elegância casual -, agora só falta você conhecer o Caio.
Ela me guiou na direção de um quarto no qual eu não havia reparado. Era o cômodo mais colorido da casa. Um menino extremamente fofo brincava com seus brinquedos, que estavam uma bagunça. Caio era negro e tinha olhinhos adoráveis. Sua mãe me apresentou e ele fixou aqueles olhos em mim. Então, ele sorriu. E quando achei que ele não podia ser mais fofo, ouvi:
- Acho que gostei dela, mamãe.
~~~~♥~~~~
Comecei o serviço arrumando alguns dos brinquedos de Caio, mas logo percebi que minha maior função era estar ali para ele. Logo, fiz isso.
Brincamos de carrinho, fingimos ser super-heróis, comemos balas, assistimos Lazytown e a hora do almoço chegou. Aqueci a comida que já estava pronta e coloquei num prato do Homem Aranha.
- Caio – chamei-o -, vem almoçar!
Ele sentou-se na mesa e encarou a comida.
- Eu não goxto de comida – ele disse. – Minha mãe não te contou?
- Ah – respondi. – Ela me contou, mas disse que você come tudo se tiver aviãozinho.
Ele estreitou os olhos.
- Na vedade – ele continuou -, eu só como "pá" ela ficar feliz. Esse tuque do aviãozinho não me engana mais.
- Então – eu sorri, impressionada com a inteligência dele -, o que acha de comer para me deixar feliz?
- Tá booom – ele disse, dando um longo suspiro depois.
~~~~♥~~~~
O meu horário de trabalho estava quase acabando quando Eduardo chegou em casa. Eu estava assistindo Carros com Caio, que encarava a tela da televisão fixamente. Meu cabelo estava preso em um coque e eu estava esparramada pelo sofá.
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