Cap. 8 - The boy with the golden eyes

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"Será que é possível, de repente, descobrir o tipo de que você gosta, mesmo quando se acha que nem tem um tipo?"

(A probabilidade estatística do amor a primeira vista, Jennifer E. Smith)

Eu estava na praia e de repente meu biquíni foi levado pelas ondas do mar. Olhei desesperadamente ao meu redor enquanto procurava por Bia e Laís, mas o sol parecia me cegar e eu não conseguia achar nenhuma das duas. Ouvi risadas atrás de mim. Isso não podia acontecer! Comecei a chorar, porém minhas lágrimas pareciam mais pesadas que o normal. Senti meu corpo ser puxado por uma correnteza e dei um pulo, acordando-me.

Eu estava sonhando. Respirei profundamente para acalmar as batidas do meu coração. Eu suava e meu travesseiro tinha um pouco de baba. Fazia um bom tempo que eu não tinha pesadelos e me lembrei do quanto a sensação é terrível.

Por algum motivo até mesmo os pesadelos mais simples nos assustam como se fôssemos morrer. Sentimos na pele o sofrimento de passar pelas mais diversas situações. Eu, em especial, tenho os sonhos e pesadelos mais esquisitos do Universo. O de hoje? Não é nada comparado ao meu catálogo.

Pude perceber o meu medo bobo nesse pesadelo. Eu estava meio nervosa porque iríamos à praia. O motivo? Não, não é por causa de nenhum trauma relacionado ao mar. Eu até gosto de praias. Mas eu odeio usar roupas de banho! Isso devido à minha falta de corpo, já mencionada anteriormente.

- Bom dia flor do dia! - Bia levantou animada e chacoalhou Laís.

- Você tem dois minutos para se afastar ou você vai morrer - Laís falou preguiçosamente.

Laís é muito bipolar. Um dia ela está toda animada para sair, outro dia ameaça quem a acorda.

- Ok - Bia sorriu. - Vou acordar a Elisa primeiro.

- Boa sorte - falei rindo.

Elisa nunca acordaria desse modo. Ela só acorda com o relógio biológico dela. Como isso funciona? Não faço a mínima ideia. Só sei que ela nunca se atrasa para um compromisso sem ter plena noção disso. Parece que tem um relógio lá dentro e ela decide os seus horários de acordo com suas preferências.

Observei Bia tentar e desistir. Depois disso, ela foi se arrumar. Me levantei e me preparei também. Coloquei um biquíni roxo e prendi meus cabelos em um coque. Coloquei um short jeans que, de acordo com Bia, era uma bermuda e acrescentei uma blusa preta ao look.

Laís acordou algum tempo depois e colocou um biquíni azul maravilhoso em seu corpo maravilhoso. Sim, o corpo dela era invejável e isso fez com que eu me sentisse pior ainda. Ela também usava um vestido de praia branco super fofo. Bia escolheu um biquíni rosa e Elisa optou por um preto. Todas elas possuíam no mínimo cinco vezes mais corpo do que eu. Com corpo, me refiro a todas as curvas que caracterizam uma mulher bonita aos olhos da sociedade.

- Que cara é essa, Manu? - Laís se aproximou penteando os cabelos cinzas que batiam em sua cintura.

- Nada não.

- Você não tá com vergonha, né?

Ela me conhecia bem demais para que eu pudesse mentir. Ela sabia que eu ainda era insegura em relação a muitas coisas.

- Você é linda, Manu! Para com isso!

Embora estivéssemos quase sussurrando, Bia e Elisa nos observavam.

- Eu sei.

A questão é que eu não me acho feia! Sei que sou bonita e não tenho muita frescura. Também não fico reclamando da minha aparência, que é bem... normal. Nada extraordinário. Mas usar biquíni e mostrar para todos o quanto eu era seca, estava além da minha zona de conforto. Nunca fui o tipo de garota que chamava atenção e recebia elogios.

Corações EscondidosWhere stories live. Discover now