"Os livros podem ser divididos em dois grupos: aqueles do momento e aqueles de sempre."
(John Ruskin)
Uma semana se passou desde que pisamos em Belmo. Esses sete dias haviam sido recheados de idas à praia, festas de todos os tipos e compras em barracas. Todos ainda comentavam sobre o quase afogamento, mas não ligávamos muito. A história chegava aos nossos ouvidos cada vez mais incrementada.
"Fiquei sabendo que surgiu até helicóptero para salvar as meninas!", "É verdade que Laís desmaiou?", "Me disseram que elas vão processar a escola por não oferecer assistência!"
Só faltava dizer que Will Traynor me salvou e que ia me levar para conhecer o mundo.
Tomar sol diariamente me deixou vermelha e meus ombros estavam ardendo. Elisa estava deitada ao meu lado e nós comíamos salgados enquanto observávamos as pessoas.
Algumas pessoas riam ao redor da piscina do hotel e vi que um garoto ruivo tentava mostrar seus músculos para um grupo de meninas. Um homem barbudo lia um jornal enquanto balançava a cabeça negativamente, como se não acreditasse em alguma notícia. Bia e Rafael se beijavam. Paula e Laís conversavam sobre alguma coisa qualquer e riam despreocupadas. Enquanto isso, eu tentava ter ideias de como encontraria as cores.
- Elisa – ela olhou para mim, - eu vou lá no quarto e já volto, ok?
- Aham.
Comecei a caminhar na direção do meu quarto quando Roberto me parou.
- Olá Manu – ele me encarou com seus olhos azuis, - o que está fazendo sozinha por aí?
- Nada – respondi, - só indo para o meu quarto. Adeus.
Eu sei que fui grossa, mas Roberto era da minha sala há um bom tempo e... digamos que ele não é o tipo de pessoa com que eu me relaciono.
- Calma – ele segurou meu braço e beijou minha mão, - posso te acompanhar?
- Não – eu puxei minha mão, - licença.
Me recordei da última passagem que li do diário da minha avó. Como eu posso ser tão parecida com ela?
- Tudo bem – ele disse. - Deixa para a próxima.
Menino estranho. Nunca conversou comigo na vida e agora vem com "posso te acompanhar". Acelerei meus passos nervosa e me sentei na cama ligeiramente bagunçada ao chegar no quarto. Peguei o diário e ouvi batidas na porta antes que pudesse abri-lo.
- Oi - Falei séria e abri a porta para Eduardo.
- Oi Manu – seu sorriso diminuiu gradativamente quando ele notou minha expressão, - aconteceu alguma coisa?
- Não. Quer dizer, sim. Sei lá.
- Pode me falar – ele sentou na cama, - se quiser.
- Não... deixa para lá.
- Ok.
- Ok.
Nós rimos por causa do silêncio.
- Então, a que devo a honra dessa visita? - Perguntei.
- Bom... - ele começou – fiquei sabendo que você gosta de livros.
- Sim?
- E vim te trazer um dos meus favoritos.
Ele abriu a mochila que estava segurando, a qual eu nem havia reparado até o momento, e puxou um livro branco e preto com o título A Lista Negra.
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Corações Escondidos
RomanceManu tem 18 anos e nunca foi beijada. Mas esse não é seu maior problema. Para ela, todos estão perdidos, porém fingem não estar. Não é verdade? Estampamos sorrisos falsos e compartilhamos momentos inexistentes... como bonecos de plástico. Ela sempr...