CLOSED EYES | sope

[01] routine

Eram 7h15 da manhã de uma sexta-feira quando o despertador soou. O dia amanheceu diferente dos dias anteriores, estava frio e a chuva caía calmamente do lado de fora, fazendo seus respingos molharem a janela do quarto.

Ainda com a cabeça afundada em seu travesseiro, Hoseok tateou com a mão pela escrivaninha atrás de seu celular a fim de desativar seu despertador. Sem sucesso. Bufou e levantou sua cabeça vagarosamente, coçou seus olhos e olhou para o local onde seu celular deveria estar, mas não foi o que aconteceu.

Olhou para a sua esquerda e encontrou seu celular, com o despertador ainda tocando irritantemente, mas logo desligado pela sua esposa, que sorriu para o mesmo e apoiou a cabeça em seu ombro.

"Você demora quase 4 horas pra despertar e desligar isso.", Sohyun disse rindo nasalado e Hoseok revirou os olhos de um modo brincalhão.

"Exagerada.", respondeu e a loira riu e depositou um beijo em seu maxilar bem marcado. "Hoje é a sua vez de arrumar a Jiyoon."

"Estou muito bem aqui, obrigada. Ela é toda sua.", piscou se deitando novamente com as mãos atrás da cabeça. "E acho melhor ir rápido, a escola dela não vai esperar pela sua disposição."

O ruivo revirou seus olhos mais uma vez e se levantou, quase sem vontade nenhuma, e foi em direção ao banheiro.

Mais um dia começando e junto a ele, sua rotina contínua. Todos os dias era esse mesmo traço a ser seguido, e Hoseok já havia se acostumado com essa linha feita para ser traçada certamente.

Tomar seu banho. Se trocar. Arrumar sua pequena. Tomarem o café da manhã todos juntos. Levá-la para sua escola. Ir para seu trabalho.

Hoseok levava os dias normalmente até demais, mal via as semanas se passarem por serem todas sempre iguais. Não achava tão ruim, pois já estava acostumado, mas gostaria que fosse diferente. Diferente de seu cotidiano. Mas não fazia ser diferente, nunca tinha como mudar. Era mais uma família comum.

Mas estava enjoado de tudo.

Não culpava particularmente sua família, afinal não tinham culpa pelo seu pensamento repentino de querer mudar esse padrão. Levava isso como algo passageiro, sempre tinha a vontade, mas deixava esses pensamentos de lado e focava nas principais vantagens do agora.

Amava sua filha mais do que tudo nesse mundo, a protegia como se fosse a última pedra de diamante encontrada. Era seu bem mais precioso, e faria o possível e o impossível para vê-la bem e feliz. Sua pequena Jiyoon era seu ponto mais fraco, e conseguia mudar seu dia apenas com seu sorriso e sua voz manhosa. Ela o entendia e conseguia despertar e dar conta de seu lado mais brincalhão. Era como se ela o levasse para um mundinho em que somente seus dois habitantes eram permitidos. Hoseok sempre dizia a mesma que ele era uma tela branca de pintura e ela era a tinta que o coloria todos os dias.

Porém para toda pintura sair perfeita precisaria de um pincel, e era algo que Hoseok não conseguia enxergar ao seu redor.

Não se sentia completo.

Obviamente já houve um tempo em que foi apaixonado por Sohyun – e ainda gostava dela –, mas nunca chegou a ser amor. Estava totalmente confuso com seus sentimentos.

Seu casamento foi basicamente impulsionado pelos seus pais, já que o garoto estava há um tempo sem se relacionar com ninguém, e após começar a namorar com a loira aos seus 17 anos, estiveram juntos até os 19, até que a chave final para adicionar o casamento aos seus planos apareceu. Jung Jiyoon.

Assim como a pressão de seu casamento, seu pai sempre quis que o mesmo cursasse uma faculdade de Direito, e hoje ele é um advogado. Até gostava dessa área, porém não estava em primeira mão em seus planos de vida. Hoseok sempre foi uma pessoa que pensava primeiro em seus pais para depois pensar em si mesmo e foi com esse pensamento que levou o casamento adiante.