Capítulo 8 - Ele nem era tão idiota assim

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Tive alta no dia seguinte e Ian arrumou um jogo de tabuleiro para que o dia não fosse maçante.

Ele ganhou cinco vezes seguidas e, como eu não suportava perder, pedi revanche em todas as partidas e só sosseguei quando ganhei, embora eu tenha quase certeza de que ele tinha me deixado ganhar de propósito.

Por algum milagre ele conseguiu se livrar da minha mãe e acabou ficando comigo durante toda a minha estadia naquele lugar horroroso.

O tempo passou rápido e não entediante como eu temia, Ian sabia como entreter uma pessoa. Usou a desculpa do acordo para fazer perguntas um tanto pessoais ou ridículas demais para o meu gosto.

Ele tinha uma voz engraçada, meio grossa, mas que parecia que ele estava forçando ela, embora eu tenha quase certeza de que não estava.

Fiz alguns exames chatos e de fato eu precisaria parar de beber se quisesse manter o meu fígado, o que me deixou um tanto desesperado.

Tive uma conversa pessoal demais com o médico a respeito das fissuras assim que Ian se retirou. Era vergonhoso e custou para que eu dissesse aquilo em voz alta, mas era necessário, já que elas eram o real motivo para que eu não comesse, pois sempre que eu ia ao banheiro sentia dor e muitas vezes sangrava.

Ele me receitou uma pomada cicatrizante após analisar a gravidade da minha situação. Disse que estava um pouco infeccionado, mas que a pomada poderia ajudar contanto que eu não esquecesse de usá-la. Fiquei aliviado quando disse que eu não precisaria fazer cirurgia, pois ele levantou essa hipótese quando estava me examinando. Foi a coisa mais desconfortável e vergonhosa da minha vida.

Um velho usando dentadura examinando o meu ânus, era para morrer de vergonha e fiquei aliviado quando finalmente sai daquele hospital.

Não dei detalhes sobre como consegui as tais fissuras, embora ele tenha me perguntado até meus ouvidos doerem.

Quando cheguei em casa com Ian já estava anoitecendo, e pensei em dormir fora de casa naquele dia e só ter que aguentar o lamento da minha mãe pela manhã.

Mas no final das contas acabei dormindo com a porta trancada — mesmo sabendo que ela possuía uma cópia extra da chave — e as janelas também, duvidando de que ela fosse escalar até o meu andar só para abusar de mim.

Fiz questão de entrar em seu quarto escondido e colocar um remédio bem potente para dormir em seu copo de água, que ficava em sua mesinha de cabeceira. Me senti muito idiota por não ter feito isso antes, era a melhor forma de não lidar com isso.

Rezei em silêncio para que meu pai voltasse logo, já que os abusos raramente ocorriam quando ele estava em casa.

Não dormi bem — fiquei atento a qualquer barulho, por menor que fosse, e ficava olhando para a porta toda hora, com medo de que ela entrasse.

Feche a porta quando sair ✅Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang