Capítulo 9 - O que diabos ele estava fazendo?

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Como não consegui dormir direito, fui até o riacho da propriedade para ver o sol nascer. Não era nem de longe tão bonito quanto o sol no lugar favorito de Ian, mas resolvi ignorar esse fato.

Pouco tempo depois, ele apareceu atrás de mim, usando aquelas mesmas calças horrorosas de quando fizemos o nosso acordo.

— Está tão lindo — disse, sentando-se ao meu lado.

— Nem tanto — dei de ombros. — O sol mal aparece.

— Eu não estava falando do sol — declarou, me fazendo levantar a sobrancelha. Ele estava olhando para mim daquele jeito malicioso que sem dúvida me deixou envergonhado.

Foi o que bastou para que eu me afastasse um pouco dele, tentando esconder a vermelhidão de meu rosto na gola da camisa branca de botões que eu usava.

— Foi mal, esqueci que você se envergonha muito fácil com elogios — ele se arrastou para mais perto de mim, tanto que nossos braços se tocaram. — Mas isso não descarta o meu comentário, você está mesmo muito bonito.

Dei uma cotovelada nele e me encolhi, abraçando as pernas na esperança de que eu diminuísse. Elogios eram coisas com as quais eu não estava acostumado e Ian parecia saber muito bem disso. Era algo que ficava entalado na minha garganta por não saber como lidar.

Só voltei a olhar para ele quando começou a cantarolar uma música de Ícaro com a sua voz de taquara rachada. Chegava ser um crime ouvi-lo destruir a música com a sua voz terrível.

Estava apoiado nas mãos e balançando levemente os cachos, que caíam nos olhos fechados.

Ian parecia um anjo imperfeito. Era bonito e por incrível que pareça essas suas imperfeições que eram visíveis em cada traço seu, o deixavam mais real, mais humano e não o ser celestial perfeito que poderia ter sido.

Ele tinha uma falha na sobrancelha, uma cicatriz no queixo e embaixo de um dos olhos tinha algo parecido com um arranhão, um ou dois dentes lascados e tortos, além de uma marca estranha em um dos pulsos, da qual eu só conseguia ver um pedaço, já que ele usava uma camisa de mangas compridas, embora estivesse calor.

Para falar a verdade, eu nunca vi seus braços nus, ele sempre usava blusa com mangas não importava o tempo. Talvez ele tivesse uma tatuagem e não achasse apropriado deixá-la à mostra o que é totalmente compreensível, pois na minha humilde opinião tatuagens são coisas de vândalos e ladrões.

— Sei que sou bonito — disse sem abrir os olhos, como se soubesse que eu o encarava. — Mas isso já está ficando estranho.

Eu o empurrei, fazendo-o cair para o lado e rolar na grama. Ele soltou uma risada abafada e coçou a cabeça antes de balançar os cachos para tirá-los da vista e pular em mim, provavelmente para revidar o empurrão, mas me esquivei antes que conseguisse, correndo de forma exagerada pela propriedade como se estivesse fugindo de uma barata voadora.

Feche a porta quando sair ✅Where stories live. Discover now